Caio Julius Caesar* . .
Todo osso
me interessa à beça.
Todo osso
é duro, no duro
de roer... roer...
até lascar e provar
que é pouco osso;
no fundo, nenhum
vazio, só o macio
recheio meio
marrom bom-bom.
Todo osso
que se rói não dói:
é pura aventura,
ócio do negócio
de farejá-lo, caçá-lo
através dos séculos
com as presas acesas
para o saque
no qual o au-au,
latino, é latido
em trêfego grego:
“Os-te!... O-oooste!...”
E ele vindo, lindo,
impávido... grávido
de sua alma que me salva.
. . . . . . . . . *Também conhecido como Cesinha, é um vira-lata, autor do livro Poemas de um cão sem dono.
GLOSSÁRIO
Trêfego - Manhoso, ardiloso; Oste - Osso, em grego; Impávido - Destemido, sem medo;
Glossário
- Vocabulário em que se explicam palavras mortas ou
agonizantes.
.
13 comentários:
Show, Tuca!!!
Cachorro da hora, o Caio Julius Caesar!
Gostei demais...
Abraço apertado, amigo!
Glossário? Hehehe! Uma alternativa para as bulas?
Por acaso foi esse poeta que disse: "No alto dessas pirâmides milhões de ossos nos sustentam"?
A ilustração me lembra o filme "2001, Uma Odisséia no Espaço" aquele lançamento dum osso-nave...
Abração.
Valeu, Zélia!
Abraço
¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬ ¬
Tu é foda, Marco!
Sim, sim e sim!
O glossário eu fiz na época em que escrevi o livro, há seis anos, porque é uma obra infanto-juvenil.Ou seja, para cães de até um ano e pouco. Apenas dei agora, à definição (irônica, é claro) da própria palavra glossário, essa roupagem mórbida.
O osso tem, de fato, esse duplo sentido de sustentação em todo o livro. É tratado por Cesinha como um tema primordial da filosofia. Afinal, a psiquê -- e até a tal da alma -- também tem ossos, embora a ciência humana não o admita, pra não chatear o Dráusio Varela.
E, em função dessa dimensão filosófica do osso, obviamente na ilustração eu o comparei à pedra filosofal, como Stanley Kubric faz no filme.
Abração
pra que tanto osso meu deus, pergunta meu coração, porém meus olhos não perguntam nada, e uma osteoporose me consome (com licença poética de drummond),
abraço
Gosto da carne perto do osso, mas gosto mais do osso, que me rói e que não roo. Existe eu roo,tu roes, eles roem? Sei lá. Existe osso. Osso de gado, de galinha, ossos e ossos até a gente perder o gosto.
beijoss
Mais uma vez deixei um comentário aqui que não entrou. Eu acho que me engasgo com essa sopa de letrinhas. Não me lembro exatamente o que escrevi. Mas havia muitos latidos de aprovação ao osso bem recheado e cósmico do Cesinha. Deu uma fome danada...Canina e sideral!
Beijos
Demais mesmo, e genial a ideia de por o glossário no glossário!
Que bom que você sacou o detalhe do glossário, Fred.
Abraço
Esse osso eu venho roendo com prazer há anos. Deus me dê dentes para roê-lo até o fim!
Abração
Sinceramente, não conhecia esse autor.
Varias formas de se interpretar o texto.
Para eu humano uma, mas lhe digo, confirme ia lendo, meus pequenos vieram a minha cabeça, claro!!!!
É como se eles estivessem roendo um osso e me falando o que estavam acatando rs
Abracos
Pego esse osso, ponho na sopa e deixo andar!
Bjs
Sábio Cesinha, que não tem dono e saber latir o que sente. Bom pra cachorro! Abraço
isso sim é um cão dos diabos!
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