quarta-feira, 17 de março de 2010

O livro de cabeceira dos moribundos

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Os pesados encargos que venho acumulando neste blog não só me vergam as costas até os tornozelos como consomem todas as 28 horas do meu expediente diário durante nove dias por semana. Com isso, meus projetos pessoais acabam ficando de lado, como é o caso da divulgação que só agora faço do meu livro que deveria ter sido badalado em dezembro, para aproveitar o clima propício que o espírito natalino oferecia a este Catálogo Lambroso de Epitáfios do Caralho!

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Aqui lhes sirvo uma pequena talagada dos 150 epitáfios que compõem este projeto literário de profunda e, sobretudo (ou sob tudo), subterrânea relevância. Além de reunir todos os ingredientes indispensáveis para se tornar o livro predileto de onze entre dez pessoas que estão pela bola sete, minha obra contempla a perspectiva cultural mais ampla de, uma vez adotados os inéditos epitáfios que sugere, estimular a leitura e o aprimoramento humano dos funcionários, freqüentadores e, principalmente, dos moradores eternos dos cemitérios.

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Aqui jaz

O amigo dos reis,

Um que sempre fez

O mesmo que agora faz!

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Sai pra lá, olhar repelente,

Que a vida é que é doida, não eu,

Pois anda morrendo gente

Que antes nunca morreu!

+ + +

O que é a vida???

Não tô nem aí!!!

+ + +

Esta exígua morada é infinita

Como a paz de quem nela mora:

Não cabe a mulher que me irrita

Nem filho nem sogra nem nora.

+ + +

A vida é uma caixinha de surpresas

que vai crescendo... vai crescendo...

até se tornar um caixão de obviedades.

+ + +

DA VIDA NADA SE LEVA!

(Tratei de morrer rapidinho, enquanto

a Receita Federal ainda cai nessa!)

+ + +

Enquanto tive forças e prazer

Dei para tudo que era curiboca.

Agora, meu negócio é com você,

seja verme, tatu ou minhoca!

+ + +

Sei que homem nenhum

vai acreditar, mas eu juro:

é a minha primeira vez!

+ + +

Bebi, pelas minhas contas, dezoito

Mil litros de pinga, dia após dia.

Graças a isso, fui para o Céu, pois,

Se fosse para o Inferno, ele explodia!

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Mais sublimes obras-primas do lírico Teopha aqui, aqui e aqui.

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4 comentários:

Aline Chaves disse...

A Clara Belisário me falou do seu blog e hoje vim dar uma olhada. Ri muito, o máximo! De que planeta é você Teophanio?

Rindo de nervoso... ainda disse...

Sem querer ofuscar o brilho cinzento de seu texto, talvez sugerindo epígrafe, lembro aqui o Epitáfio do Vinicius de Moraes:

Aqui jaz o Sol
Que criou a aurora
E deu luz ao dia
E apascentou a tarde

O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou.

Aqui jaz o Sol
O andrógino meigo
E violento, que

Possuiu a forma
De todas as mulheres
E morreu no mar.

Teophanio Lambroso disse...

Seja bem-vinda, lady. A casa é sua - e o meu quartinho é lá nos fundos...
Sou de Urano, com ascendente em Piacatuba, Minas.

Sou, sempre fui um epigrafista, Paulinho. Se às vezes meus textos lembram contos, poemas, crônicas, novelas, romances e outros desses gêneros menores é por pura falta de saco de enxugá-los bem.

Vínicius não escrevia coisas ruins, nem mesmo quando tentava, meu chapa. Mas esse poema, embora ótimo, é longo demais para ser usado de fato como epitáfio. O Sr. Epitáfio é o pai do garoto Twitter.

Aloisio Trobinski disse...

Bem que eu gostaria de comprar o seu Catálogo, Teophanio, mas infelizmente não tenho nenhum inimigo que esteja pela bola sete...