sexta-feira, 24 de junho de 2011

Gol de poeta

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Bissolcleta
A onze. poetas rubro-negros
Raul defende com o pé, de verso,
e serve a Domingos da Guia
que passa, de letra, para
Carlos Alberto Torres, que toca
bola bem redondilha
para Leandro inverter o jogo,
em passe alexandrino para Júnior,
que dispara em velocidade
e rima com Andrade,
que faz uma trova chistosa,
com caneta, num rival
e passa para Geraldo assoviar
um soneto, antes de lançar
para Zico, que aplica
um hacai que derruba
dois adversários e encontra,
em verso livre, Dida, que centra,
alto como uma elegia, na área.
Leônidas da Silva tenta uma
bicicleta, metrificada nas nuvens,
e não alcança a bola, mas
Marcantonio não perde o mote:
chuta o sol para o fundo da rede.
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Este poema e a ilustração eu fiz para uma postagem coletiva, no blog da Cris de Souza, em homenagem ao aniversário do poeta Marco Antonio Costa. Como a Cris me pediu para inserir na imagem fotinhas dos participantes, precisei fazer outra ilustração (e outro texto), guardando a Bissolcleta para o DS.
Parabéns, Marcantonio! Parabéns, Cris! E parabéns, também, Tânia Contreiras, que organizou uma excelente entrevista com o poeta.
Abaixo, as ilustraçoes que fiz para a entrevista e para a postagem coletiva, mais os links dos três:




A postagem coletiva, no Trem da Lira
A entrevista, no Roxo-violeta
Blogs do Marcantonio: Azul temporário e Diário extrovertido.
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terça-feira, 14 de junho de 2011

Parabéns, Fernandinho! – 2

O Hermé, com seu traço enxuto que contraria a moda da caricatura tridimensional e segue a trilha dos maiores craques do desenho de humor, postou no Facebook três charges em comemoração aos 123 anos de Fernando Pessoa. Esta é uma delas, gentilmente cedida para publicação no desinformação seletiva. Obrigado, Hermé; obrigado, Pessoa!

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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Parabéns, Fernandinho!

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Fernando António Nogueira Pessoa . .

13 de junho de 1888 . .. . .. . .

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Sou, em grande parte, a mesma pessoa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos.

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Bernardo Soares Livro do Desassossego

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Teopha. .

Obs.: .O Tuca sugeriu que eu citasse um texto de cada heterônimo. Argumentei – e ele concordou – que, se estou citando um trecho da Bíblia, não preciso citar mais nada.

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terça-feira, 7 de junho de 2011

Diálogo

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Agora, sim

A palavra da mulher nunca fez parte do cotidiano do casal. Mas desde que enviuvou, ele ouve tudo o que ela tinha a dizer.

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Esforço

Os dois bem que se esforçavam para entender o que o silêncio do outro queria dizer. Em vão: ambos os silêncios eram mudos.




Consolo

Perdeu a fala num AVC, coitada. Por sorte, tinha o cão, que sempre ouviu o que ela pensa.



Crescente

De repente, parou de falar com os amigos. Depois, parou de falar com a mulher e os filhos. Hoje, não fala nem com seus botões.

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Ilustrações: Hélio Jesuíno (extraídas de seu blog, aqui).

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domingo, 5 de junho de 2011

A Beleza, enfim!

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Anga Mazle . .

procurava a Beleza

nas ruas

nas lojas

no horizonte

na noite interminável

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procurava a beleza

colorida

luminosa

extasiante

infinita de felicidades

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encontrou-a por acaso

murcha

desbotada

triste porém plena

na ária que um livro assobiava

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o . . . . o . . . . o

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Imagem: cena do filme Morte em Veneza, de Luchino Visconti, baseado na novela homônima de Thomas Mann e que tem como música tema o Adagietto da 5ª Sinfonia de Gustav Mahler.

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