terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Versos cozidos no mar

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Cozido à portuguesa

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . Don Camilo.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Eu penso

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .logo

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .alguém está a pensar.

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Qual linha de pipa

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .branca e tensa

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .cruza o espaço cerebral

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .a implacável lógica lusitana.

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Das retas oceânicas

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .sobrou esta engenharia do pensamento.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Esta linguagem marítima sem saltos

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .acalma as tormentas e alisa oceanos.

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Simples e imediata

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .cozinha com água e sal

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .apenas água do mar

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . a luso-vidinha pacata.

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . Longe da sensualidade

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .dos flambados franceses

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . e da provocação muçulmana

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .dos refogados mouros.

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Distante

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .da crueldade do cru dos rosbifes

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .dos saqueadores ingleses

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .ficou o cozido lento

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . e a lógica empirista de verbos exatos

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .onde não se fecha o que não se abre

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .onde jogar tênis é voltar descalço.

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Cozinhar é preciso.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Navegar, não mais.

.,

. . . . . . . . . . .. . . . . . Poema extraído do livro. Folha de Gelatina Booklink, 2004

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24 comentários:

Ana SSK disse...

ótimo!
escrever é preciso
navegar não mais.

Márcia Luz disse...

A varanda alheia está maravilhosa! Adoro a forma "preciso" em que se mesclam exatidão e necessidade. Tão oceano isso!

Zélia Guardiano disse...

Simplesmente espetacular, Anga!
Don Camilo: Folha de Gelatina.
Não se pode esquecer...
Abraço, querida!

Marinha disse...

"Cozinhar é preciso.
Navegar, não mais."
Adorei tudo por aqui!
Bjo e paz, querida.

Thiago Thi disse...

A poesia de Don Camilo tem um humor finíssimo, Elza. Este poema tem a mesma força do primeiro que vocês postaram.
Beijos

Tania regina Contreiras disse...

Maravilha!!!!
Beijos,

Aline Chaves disse...

Gosto do estilo seco e ferino do Don Camilo.

Beijos, Elza!

Bípede Falante disse...

Elza Magna, não pude deixar de rir e bastante de tão bela panela a preparar um ensopado com o meu mar. Eu sempre achei que ele daria um eficiente fogão, só não o imaginava assim tão temperado de palavras :)
beijo.
BF

Vera Andrade disse...

Sensacional, Elza.

Parabéns ao Don Camilo.

Beijos

Marcel Zaner disse...

Demais!

Por onde anda o Don Camilo, você sabe?

Beijos

Americo Gentil disse...

Excelente poema, Elza. Admiro muito quem escreve a partir da reflexão e com senso de humor.

Um abraço

SANDRA disse...

Obrigada pela visita no meu blog e por estares presente na minha lista de seguidores!
O que aconteceu comigo foi algo sem previsão, simplesmente o blog evaporou do ar!
Seja sempre super bem vindo lá no DA JANELA DO GARDEN PLACE!
Obrigada, muito obrigada por me prestigiar e ajudar a reerguer meu tão querido blog-bebê!
Também seria sua seguidora a partir de hoje e sempre estarei por aqui!

Um grande abraço!

Aleatoriamente disse...

Eu vim navegar por aqui.
Nos dedos trouxe carinho, e amizade.
Deixo aqui minha admiração por vocês.

Beijos queridos.
Fernanda

Luah disse...

Olá, Elza.

Depois de tanto tempo sem postar nada no blog, estou de volta!
Eu pensava que o blog tinha sido deletado, mas descobri que ele ainda existe. Hoje é um dia feliz, meu blog tá vivo! ;D

Abraço

D'Esther disse...

excelente o poema.
o blog todo é muito criativo e interessante.

abraços

Deco disse...

Eu já tinha lido o outro poema do Don Camilo que vocês postaram. Ele é mesmo um poeta muito original.

Beijo, Elza!

Tuca Zamagna disse...

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QUERIDA BÍPEDE,

Fui eu quem roubou o seu mar feliniano. Pretendia usá-lo em outra postagem, mas como Elza ia postar este poema do Don Camilo, amigo queridíssimo, cedi a foto roubada. Ladrões também têm momentos de generosidade...

Beijos

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Celinha H disse...

Saborosíssimo este cozido do Don Camilo, Elza.
Beijos

Cris de Souza disse...

salve, salve!

um banquete e tanto, lambuzei-me.

como vovó já dizia: o melhor tempero é a fome.

agradecida, agraciada por suas visitas e aqui voltarei com prazer.

aquele abraço, tuca.

(se meu vizinho de baixo se apaixonasse por chico buarque, eu seria beatriz. óh, doce ilusão!)

Wilden Barreiro disse...

Você andava meio sumida, Elza. Muiro trabalho ou preguiça de escrever?

Gostei muito do poema do Don Camilo, mas estou querendo ver também aqui algum texto seu.

Beijos

Si Fernandes disse...

Concordo e compartilho da decepção. Gullar se tornou boçal com o tempo... sei lá o que deu nele...Mas,Não HÁ Vagas traduz essa minha fase cansada. Ainda bem que o post coruja fez voce ficar. Tem mais coisas bacaninhas no Balaio,viu...
Obrigada pela visita.
Estarei mais vezes por aqui também.

Clara Belisario disse...

Grande mestre cuca o Don Camilo. Sua sopa de letrinhas deve ser uma iguaria rara, Elza.

Beijos

Bípede Falante disse...

Tuca, você é um peste adorável :)
beijos

Érica Araújo disse...

belíssimo!
mas infelizmente navegar é pra pouquíssimos...
um belo espinho em meio a tanta flor.

obrigada pela visita, pelas positivas considerações de meus escritos e volte sempre!

te sigo...

blog muito bom!