segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eis tudo

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. Anga Mazle

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sem meias

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sem meias palavras à mão,

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sem fecho

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sem fecho éclair nos lábios.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Com força

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Com força de expressão certeira

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Do medo

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Do medo de acertar o erro:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O pouco que ainda és

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . No nada que te tornaste,

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O mínimo que me tornei

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . No tudo que podia ter sido.

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eis a sombra monstruosa que me segue

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Será a do teu corpo poderoso e indefeso?

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Será a da minha alma enrugada de ausência?

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eis esse corpo e essa alma indistintos

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Entrelaçados pelo desejo de seguir

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A passos de macabro minueto

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na celebração desmedida do fim

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Que não haverá, que não poderá haver

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Até que eu enfim te diga:

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eis o sonho de amor, eis o sexo

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eis o que queremos quando já não o temos

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eis o meu coração, eis o meu nariz, eis a dona deles

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Eis escancarada a porta de entrada

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Para duas novas vidas possíveis.

.

Imagem: a atriz Barbara Stanwyck, c. 1935.


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41 comentários:

Zélia Guardiano disse...

Lindíssimo, Anga!
Versos de uma profundidade extraordinária!
Grande abraço.

♪ Sil disse...

Uau,

Que tudo Anga!

Sou uma mulher sem meias tbm.

Mas meias verdades, palavras, vida.

O resto segue e vira consequência!!

Bjão!

Anônimo disse...

No meio de um tudo sempre deixo um sinal de fumaça!

Ana SSK disse...

Escancaremos as portas da vida!

Suzana Guimarães disse...

Anga,

BE-LÍS-SI-MO poema!

Que ótimo passar aqui hoje! Gostei da primeira até a última palavra. Feito para mim, na medida certa, tamanho exato. Encaixou de forma magnífica.

Um abraço!

Aloisio Trobinski disse...

Eis uma mulher diante de um homem, eis uma relação falida, eis a verdade: cai fora, cara, antes que ela perca de vez a paciência e acabe com a tua raça!

Ah, como vocês são doces e poderosas, Anga!

Beijos

Aleatoriamente disse...

Oi Anga.
Amei o texto, bem "tá tudo em ordem agora".

Beijo.
Fernanda.

JL Valdera disse...

M'agrada, m'encanta la teva poemes profundament Anga.

"Eis tudo" és tot!

Una abraçada

Aline Chaves disse...

Uau, você me mata, Anga!
Para me fazer renascer, lógico. Qual de nós já não viveu algo assim? Feliz de quem, como você, é capaz de fazer um desabafo tão intenso e profundo!

Beijos, linda!

Vera Andrade disse...

Demais, demais, minha querida!

Uma das coisas mais lindas que já li sobre esse tema. Sem exagero, com toda a verdade dos meus sentimentos que você tocou com tanta sensibilidade, Anga.

Beijos e beijos!

Vera Andrade disse...

Demais, demais, minha querida!

Uma das coisas mais lindas que já li sobre esse tema. Sem exagero, com toda a verdade dos meus sentimentos que você tocou com tanta sensibilidade, Anga.

Beijos e beijos!

Valéria lima disse...

Poesia que assanha
ou poeta que atiça?
O início do interlúdio
ou o fim
do telúrico?

BeijooO*

Ana' disse...

é bem verdade anga, podemos sempre cntar com um manobrista bem jeitoso para arrumar o carro em qualquer sitio ;)

Lufe disse...

Anga,
Vim retribuir a visita.
Ja mandei passar um paninho na mesa e trocar a toalha pra quando você voltar.A bebida por conta da casa, se mo contar a do japa.

Ah, quanto ao poema, ja separei uma garrafa de Absinto procê...rs

bjo

Rob Novak disse...

Muito bom o poema!
Sempre é bom ter uma porta escancarada à espera de nós.

Abraço!

Priscilla Marfori... disse...

Eis que dá prazer em ler belas coisas assim...

Ótimo blog, abraço.

Tita Nasc disse...

Lindo, lindíssimo, Anga!

Bjs

Antonio Alves disse...

Grande Anga, a maior poeta do Brasil!

Exagero? Tá bom... Média Anga, a maior poeta do Desinformação Seletiva!!!

Beijos

Pérola Anjos disse...

Adorei o jogo com as palavras, palavras bem intensas e profundas, diga-se de passagem e de beleza ímpar.

Obrigada por soltar linhas tão bonitas pelos meus ares!

Volte sempre!

Beijos!

Anga Mazle disse...

Obrigada, Zélia. Daqui a pouco vou dar uma passadinha no Ad litteram.
Beijos

Tudo é você, Sil, com meias ou descalça, com ou sem óculos!
Beijos

Eu também deixo sinais de fumaça em tudo, Michelle. Fumo desbragadamente... rsrs
Beijos

Escancaremos, Ana! E as janelas, basculantes e clarabóias também, combinado?
Beijoss

Anga Mazle disse...

Obrigadíssima, Lily!
Você sabe que vindo de você qualquer palavra é de ouro, não sabe?
Gosto cada dia mais dos seus textos e de você - eu e toda a torcida do flamengo (no bom sentido) aqui do blog!
Beijos

Exatamente, Aloisio.
Doces? Poderosas?... As outras mulheres podem ser, que eu sou fraquinha, fraquinha. E mais azeda que acerola com TPM!
Beijos

Tudo bem, sempre está pra mim, Fernanda. Mas em ordem... é ruim, hem! Sou uma desordenada profissional!!!
Beijos

Obrigada, JL!
Una abraçada e una bezada!
(Não leve a mal a minha ignorância do catalão!)

Obrigada, Aline. Mas, na verdade (que ninguém nos ouça), eu mesma nunca vivi essa situação do poema!
Beijos

Anga Mazle disse...

Valeu, Vera. Fico feliz por isso, sei bem o que você passou. Na verdade, este poema é inspirado muito mais na convivência com os amigos do que na minha própria vivência.
Beijos

Belas perguntas, Valéria!
Só não espere que eu as responda logo hoje que clareei mais o cabelo...
Beijos

Dou uma sorte tremenda em sorteios, Tatiana. Então, se eu engordar, a culpa será toda sua!
Beijos

Psss... não espalhe, Ana! Se a mulherada toda ficar sabendo, acaba a nossa mordomia com o manobrista!
Beijos

Oba!!! Se eu deduzi bem, Lufe,o absinto será por conta da casa, é isso?
Se for, vá separando várias garrafas, que vou aparecer com um estoque de anedotas de japa!
Beijos

Obrigada, Rob. Já já, darei um pulinho virtual em Curitiba.
Beijos

Carla Vertter disse...

Amo esse seu lirismo carregado de ironia, Anga.
Quando vi o título e essa foto da meiga Barbara Stanwyck com luvas de boxe, já antevi coisa boa.

Beijo

Anônimo disse...

O mundo gira e não nos cabe a menor participação nessa ciranda avassaladora.

Malu Machado disse...

Oi Aga, retribuindo a visita e te convidando para mais um delírio em Abbsinto. Aliás, delirante o seu poema. Tenho a maior dificuldade de fazer poemas rimados. Então, admiro muito quem os faz com tanta beleza.

Beijo grande

Zélia Gadelha disse...

Olá Anga! Obrigada pela visita e já estou amando tudo que encontrei por aqui... Harmonia perfeita, tudo muito profundo e poético... Voltarei concerteza!

Bjusss

Anga Mazle disse...

Que delícia ouvir isso, Priscilla!
Beijos

Obrigada, Tita querida!

Sacaneia, Antonio, vá sacaneando... Se eu contar aqui aquele seu mico no restaurante, você vai adorar, né? kkkkkkk
Beijos, queridão!

Você é mesmo preciosa, Pérola!
Linha, muita linha e bons ventos para todas as suas pipas encantadas!!!
Beijos

Puxa, Carla, tô ficando previsível... Mas obrigada, linda!
Beijos

Anga Mazle disse...

Pode até ser, Fred. Mas eu vou me metendo e participando, não quero nem saber. Se a ciranda não me aceitar, danço a cirandinha com as pessoas queridas!
Beijos

Delírio no Absinto é comigo mesma, Malu!
Rimas??? Se tem alguma ou algumas no poema, foi por acaso.
Mas qualquer hora arrisco um poema rimado e dedico a você.
Beijos

Maravilha, Zélia. Damos sorte com as Zélias. Agora temos você, Gadelha, além da dulcíssima Guardiano, que abre os comentários desta postagem.
Beijos

RECANTO DA POESIA disse...

"O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!

Cecília Meireles

Noite de amor e Paz....M@ria

Americo Gentil disse...

Ótimo poema, Anga. Inspiradíssimo!

Um beijo

Anga Mazle disse...

Cecília é sempre bem-vinda aqui no DS. E você também, Maria!
Noite de amor e paz pra você também, querida.
Beijos

Obrigada, Americo!
Beijos

Juliana disse...

Anga,

Em primeiro lugar: muito obrigada pelos comentários no meu blog. Espero que, sempre que possível, você continue me visitando!

Agora, sobre o (também) SEU blog: que maravilha! Acabei de conhecê-lo e já me perdi por um bom tempo nele. Dei boas risadas e tb refleti um bocado. Parabéns! Já estou seguindo!

Grande beijo.

lua Nova disse...

Muito sofrido quando a gente percebe que o amor acabou, a relação agoniza e não há mais nada a fazer senão recomeçar sozinho.

Uma separação serena de pessoas amadurecidas pela vida...
hã?...espero que não sejam necessárias as luvas de boxe.
Beijokas

Ives disse...

Olá, lindo e interessante td, abraços

Ira Buscacio disse...

Anga,

Uma porta escancarada pra vida... tudo é possível, até duas velhas novas vidas pra viver.

É sempre bom, quando podemos deixar as portas abertas, se bem que em algumas temos até que colocar tranca.

Bjs

Anga Mazle disse...

Pode contar comigo lá, Juliana. Gosto de trocar figurinhas com quem também gosta.
Que delícia saber que você gostou daqui. Mais uma razão para a gente se aproximar.
Beijão

As luvas de boxe são metafóricas, Lua. Jamais eu a usaria contra um homem, Ia é apanhar muito. Em homem só se bate com soco inglês... rsrs
Brijocas

Obrigada, Ives.
Beijo

Cada um tem sua receita, Ira. Mas a porta escancarada, no caso, é... Bem, não gosto de explicar o que escrevo. Quem sou eu pra dizer que o que escrevi é realmente o que eu penso ter escrito, né?
Beijos

Elaine Berti. disse...

Anga, que perfeito, adorei!! Lindo! Lindo! Lindo! Eu não gosto de " meias verdades" .... Ah, minha amiga desculpa eu estar tão preguiçosa? Não respondi ainda seu comentário no meu " Um pouco de tudo..." Mas fiquei tão feliz com a sua visita. Aqui ó, não fiquem com ciúme da Dilma, eu também amo vocês, tá? Kkkkkkkkkkkk. Realmente ando muito preguiçosa, é que bateu o meu lado Taurina, preguiça e comilança é só o que eu quero agora.... Grande beijo, e parabéns pelo seu belo post!!! ^__^

Elaine Berti. disse...

Anga, que perfeito, adorei!! Lindo! Lindo! Lindo! Eu não gosto de " meias verdades" .... Ah, minha amiga desculpa eu estar tão preguiçosa? Não respondi ainda seu comentário no meu " Um pouco de tudo..." Mas fiquei tão feliz com a sua visita. Aqui ó, não fiquem com ciúme da Dilma, eu também amo vocês, tá? Kkkkkkkkkkkk. Realmente ando muito preguiçosa, é que bateu o meu lado Taurina, preguiça e comilança é só o que eu quero agora.... Grande beijo, e parabéns pelo seu belo post!!! ^__^

Anga Mazle disse...

Imperdoável, Elaine, essa desculpa esfarrapada da preguiça. Você está mesmo é trocando - a nós todos aqui, não só a mim - pelo Dilmão.

Mas se ela ganhar - e vai, né? - eu te perdôo, queridona.

Obrigado, mais uma vez, pela força que você me dá!

Beijos pra você e pra Dilma

Ester disse...

Surpreendente jogo de palavras!
Viajei fundo nesse poema de beleza rústica,

Bj.~

Anga Mazle disse...

Obrigada, Ester.
Palavras de polimento especial para a minha poética rústica!
Logo voltarei a viajar em seus Uni ver sos.
Beijos