quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Lembranças não são pensamentos

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Alguém ainda sabe a diferença
entre um avestruz e um colibri?


Meu mano caçula escreve bem como o quê. Mas, despretensioso e pachorrento como sempre foi, raramente investe na ficção. Há tempos meu alçapão para aves silvestres bem nutridas e saborosas estava armado na pequena mas densa mata do quintal de seu blog mineiro (Rindo de nervoso... ainda), na esperança de pegar um macuco, uma jacutinga, um mutum ou mesmo um modesto chororó (divorciado do xitãozinho, naturalmente!)... Hoje, enfim, pude ouvir o pleft! da tampa do alçapão se fechando. E era só uma pequena saíra. Mas de uma espécie surreal, que alguns especialistas consideram extinta há séculos, enquanto outros asseguram que ela sequer existiu! Notem o misterioso fulgor de suas 17 cores em tons claríssimos, quase transparentes... em sintonia com os matizes das lembranças por ela cantadas seguindo o mote:
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Lembranças não são pensamentos
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Pois lembrar é quase só o que me resta. Era uma noite particularmente triste e lenta, a cabeça tão moída por dores e queixas que o corpo decidiu – já tentara antes! – abandoná-la.
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Levou consigo a mulher amada, isenta de pudores.
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Faz tempo.
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Mas, quando chegam as algaravias dos finais de ano, a lembrança dói. Embora cada vez menos.

Paulim Saturnino Figueiredo Zamagna ¨

3 comentários:

Rindo de nervoso... ainda disse...

Ô, velho Tuca, obrigado. Visto daqui, até parece alguma coisa. Beijão.

Regina Lemos disse...

Paulim é um amigo ou mais um de seus pseudônimos, Tuca? Eu o adoro, pelo lirismo, pela intensidade, pelo modo doce de se expressar.

Tuca Zamagna disse...

Nem uma coisa nem outra, Regina. É só um velho personagem metido a escritor. Tão velho que chego a pensar que não é um personagem, mas o escritor que me inventou.