Perspicazes
historiadores espanhóis situam a origem da tourada na Idade da Pedra, quando o
homem matava o bizonte na base da ignorância e enquanto o digeria pintava o seu
retrato no teto da caverna, para documentar a vitória. Na Espanha, a tourada
apareceu no começo da Idade Média. Era esporte de nobres, que combatiam a
cavalo e com enormes lanças. Lá por volta de mil setecentos e pouco o povo
começou a interessar-se pelo esporte. Animado com a platéia, o toureiro apeou
do cavalo. O pessoal
gostou muito. E foi aí que o esporte passou ao
domínio popular, pois o cavalo bom custava muito caro e o touro sempre o "estropiava" bastante. Sem
cavalo, o toureiro entrava apenas com a cara e a coragem. A coisa democratizou-se.
Foi no começo do século XX que a arte de tourear, nos moldes em que é
hoje conhecida, alcançou o seu cume, por intermédio de dois papas da escola
moderna: Joselito e Belmonte. Entretanto, na Galeria dos Matadores Ilustres, figura em primeiro lugar o nome de
Pedro Romeiro, nascido em 1754 e falecido em 1839. Esses números, por si, demonstram que ele era de fato um
toureiro muito vivo: morreu com 85 anos. Outros nomes igualmente conhecidos de qualquer aficionado: Costillanes,
Cuchares, Carmona, Frascuelo, Lagartijo, Juan Redondo, Guerrita e
Manolete, este último, como o senhor deve ter visto naquele filme do Tyrone
Power, morto com uma chifrada pelas costas quando participava à namorada que ia
matar o touro em sua homenagem. Isso foi em 1947, e Manolete continua sendo
considerado como o maior toureiro do nosso tempo.
Poucas profissões dão
tanta glória e dinheiro a um sujeito em tão pouco tempo. Mas não basta apenas
sobressair-se, entre milhares de concorrentes. O mais difícil é aguentar-se no
cume, pois qualquer escorregão pode significar a morte. Porque se o senhor não
sabe, diariamente o jornal publica que o toureiro tal levou uma cornada feia,
morreu, coitado, era uma grande promessa. A maior parte dos grandes toureiros
morreu na arena. Uma pequena minoria consegue chegar ao cume, nele conservar-se
por algum tempo e depois comprar uma ganaderia para fornecer aos
coleguinhas, de preferência, touros mais bravos que as suas vítimas. Quase
todos os toureiros, quando têm boa pinta e despontam como bom matador,
arranjam imediatamente um bico no cinema patrício. Mas com fama ou sem fama,
com dinheiro ou sem dinheiro, enquanto não se aposenta o toureiro é, na
intimidade, um sujeito macambúzio, preocupado, que durante a temporada das
touradas (de março a outubro) vive sob a sombra do fracasso e da morte. Por
isso são também, além de profundamente religiosos, bastante supersticiosos.
Como
tem em suas andanças, em cada cidade, o seu hotel com o seu quarto
preferido, o toureiro tem também a sua capela preferida, com a santa de sua
devoção. Não há pior presságio que a perda de um amuleto, antes de entrar na
arena.
Com exceção dos novos, é raríssimo o toureiro que ainda não levou uma chifrada. E não é mole não: são três
centenas de quilos, avançando a trinta quilômetros por hora, concentradas em
uma ponta aguda e dura. É fogo, meu senhor!
Mas o toureiro que leva
uma chifrada e não morre, quase sempre
volta à arena. E só não morre muito
mais porque o socorro médico é o mais rápido e eficiente possível. Para
começar, o toureiro já entra na arena em estado pré-operatório, ou seja, em jejum. Depois os médicos estão sempre na boca de
espera, com uma sala de operações toda armadinha bem na boca do túnel. Diz que
Manolete só morreu porque no lugarejo em
que o touro o pegou — Linares — não havia nada disso. E o médico que o
socorreu ficou com medo de cortar a sua perna (uma perna tão famosa!), o que,
segundo muitos, o teria salvo.
O toureiro começa como novillero.
Só toureia com novilhos de menos de
quatro anos de idade. Os toros propriamente ditos são os que têm
mais de quatro anos. Para tornar-se um
verdadeiro matador, o novillero, após afirmar a sua bossa
e coragem, passa por uma cerimônia chamada alternativa.
Nesse dia o matador mais antigo da rodada, após trabalhar o seu primeiro touro, oferece ao novillero
a sua capa e espada para que ele termine o serviço. Para afirmar-se
como um toureiro de primeira, o novillero tem que passar pela alternativa
na praça de touros de Madrid — ou ali
repeti-la, se for o caso. O touro reservado para o matador tem de quatro
a seis anos de idade. Mais do que isso já é
considerado como malandro velho,
ninguém aceita.
Todos os aficionados são unânimes em considerar o
touro como o elemento fundamental de uma corrida. Um touro que não quer nada avacalha qualquer tourada.
Antigamente, quando aparecia um Ferdinando, o pessoal metia nele umas
banderilhas que tinham uma "cabeça-de-negro" na ponta, explodia lá dentro. Depois desconfiaram que isso era
covardia, hoje em dia as bombas foram substituídas por banderilhas negras — suprema degradação para o touro
e considerável prejuízo para o proprietário da respectiva ganaderia. Quando o touro é muito
pequeno é devolvido logo que entra na
arena. Os touros mais perigosos, por estranho que pareça, são os zarolhos. Quem é que pode com um touro que olha para um lado e chifra para o outro? Em 1958,
no dia do "Corpus Christi",
apareceu numa tourada em Toledo um touro zarolho. Foi o diabo. Para
retirá-lo puseram na arena um cabestro, que é um boi ensinado com uma campainha dependurada no pescoço e que atrai o touro atrás dele. Pois nesse dia não. O
zarolho não deu a menor bola pro cabestro. Tentaram espantá-lo de todo jeito, mas com o devido
cuidado. Mas no fim de duas horas o
zarolho estava lá, firme, desafiando
matadores, peões, picadores, cavalos e platéia. Foi quando entra na
arena o caminhão que eles
usam para jogar água na areia. Suspense geral. O zarolho investiu... e o
caminhão também. Encontraram-se no centro da arena, e esse zarolho foi um dos
raríssimos "toros de lídia" que não teve a sua cabeça empalhada para turista inglês.
Outro
perigoso também é o burriciego, que é o que enxerga melhor de longe do
que de perto. Perigoso porque ele vê o toureiro de longe e investe. Quando o
toureiro oferece a capa ele não está vendo
mais. O mais famoso burriciego foi um chamado Bailador, pertencente à viúva do Ortega. Foi ele
que matou o Joselito, em 1920, com uma chifrada na barriga.
Quando o touro é muito valente o pessoal aplaude muito e, no fim, exige que ele dê uma volta olímpica pela arena. Depois
de morto, é claro, e puxado por três briosas mulas.
O touro deve ser criado em total isolamento de qualquer contato humano que possa fazer-lhe desconfiar dos macetes dos toureiros. Em suma: deve
ser um ignorante completo. Do contrário soltá-lo num recinto fechado junto com um homem armado de um pedaço
de pano equivaleria a um assassinato, pura e
simplesmente. Um dos grandes perigos para as grandes ganaderias são os rapazes que, desejosos de
iniciar-se na arte, entram de noite onde está o novilho ou o bezerro para exercitar-se um pouco. O bichinho manja o pulo do gato e anos depois,
quando entra na arena, mata o matador.
Uma
injustiça muito grande que se faz com o touro
de lida é não deixar que ele veja vaca durante toda sua vida. O
reprodutor é escolhido pelo físico e ascendência. Trabalha por todos os touros
que morrem nas arenas de Espanha: alguns chegam a ser papais de 80 robustos bezerrinhos, por temporada. E o que é
mais, esse sultão nunca entra numa arena.
Ser escolhido para reprodutor, esse o ideal de todo bezerro.
Quando
o bezerro tem algum defeito físico ou tara, é levado, com a idade de dois anos,
para as charlotadas, espetáculos cômicos que equivalem mais ou
menos a uma tourada no interior do Brasil. Se não
é um animal praticamente perfeito, é destinado as novilladas, com a idade de dois a quatro anos. Os que
sobram — olé! — esses são cevados durante mais
uns tempos, especialmente para o Grande Dia.
Na manhã do Grande Dia os touros são metidos em pequenas jaulas escuras onde
ficarão até a hora da tourada. Na hora marcada — nunca um
minuto a mais, tradição religiosamente mantida — já estarão repletas as arquibancadas sobre os seus cornos. Os aficionados que têm mais dinheiro sentam-se do lado da sombra, que é mais caro, e
nas primeiras filas. Em um balcão lá no alto, do lado da
sombra, surge o presidente. É o juiz da
tourada, quase sempre uma autoridade governamental. É ele quem dirige o espetáculo, valendo-se de um código de lenços de
cores diferentes.
Ao
primeiro aceno do lenço branco, soam os clarins. Surgem na arena os aguaciles,
vestidos de negro, a cavalo. Vêm em
seguida os matadores, com seus
vistosos trajes dourados; os seus peões e os seus picadores. Descrever as roupas desse pessoal aqui ia adiantar
muito pouco, é melhor o senhor, se estiver interessado, dar uma espiada em
retratos ou pinturas, que não é difícil de encontrar. Mas como eu ia dizendo,
por último entram os tiros de mulas, que no fim arrastam o cadáver do
touro morto.
Quando acaba o paseillo saem
todos da arena. Lá de cima o presidente joga a chave da porta da jaula do touro
para um dos aguaciles, que está aparando
lá embaixo com um chapéu. O pessoal presta muita atenção nessa coisa. Se
a chave cai dentro do chapéu ouve-se o primeiro "olé!" da tarde: é um
bom presságio.
Ao segundo aceno do lenço
branco, faz-se um silêncio de suspense na praça. A porta da jaula se abre e o
touro, que nem mariposa, investe contra a luz ofuscante. A multidão solta um
murmúrio: são os comentários dos entendidos,
que sabem ou acham saber manjar de cara se o bicho é valente, tarado, covarde, zarolho, etc. Mas quem espia mais
interessado, lá de baixo, é o toureiro. O momento é vital para ele. Tem que descobrir se o touro investe
olhando reto ou de cabeça baixa; se chifra para cima ou para a esquerda ou para a direita. Essas observações
serão para ele, um pouco depois, de
importância capital.
O touro já entra
sangrando. Momentos antes, na hora de entrar na arena, para enfezá-lo ainda
mais, um sujeito abriu uma tampa no alto da jaula e, com um pau comprido, enfiou-lhe no lombo a divisa da respectiva ganaderia.
A florzinha de pano colorido destaca-se
no seu pelo negro e lustroso.
Depois
de rodar de lá para cá, bufando, perplexo com aquele monte de gente que grita
muito, mas que está fora do seu alcance, tonto pelo jejum
de alimento, luz e som, irritado com a ferroada da divisa, o touro
enxerga, finalmente, uma possível vítima. É o
peão, que entra com uma capa grande e violeta, de percal. A sua missão é
a de propiciar ao toureiro uma maior
observação das particularidades do adversário. Segura a capa com uma só
mão, em lances poucos artísticos, e não hesita em dar no pé e pular a paliçada quando o considere conveniente. De vez
em quando o touro também salta e cai do lado de dentro do callejon, que
é o corredor circular onde estão toureiros, ajudantes, repórteres, autoridades
e amarra-cachorros. Aí vale a pena ver o pessoal debandando e pulando vice-versa, ou seja, para dentro da arena.
Quando o matador acha que o touro já
está devidamente estudado faz um sinalzinho
para os peões e entra na arena, também com uma capa de percal. O touro é recebido com os passes mais famosos das touradas, as chamadas verônicas, que
o senhor deve conhecer pelo menos de
nome. São passes simples, mas difíceis de executar com perfeição. O
toureiro segura a capa com as duas mãos, baixas, e faz um elegante semigiro à passagem do touro. Parece uma reverência
irreverente. Mais difícil é o câmbio de rodillas, que é receber o bicho de joelhos. Um amigo meu conta que um
toureiro amigo dele teve o seu momento de
maior glória ao receber um touro perigosíssimo com três sucessivos câmbios
de rodillas. Depois confessou ao
meu amigo que, ao ver o touro investir
pela primeira vez, sentiu tamanho pavor que não conseguiu mais levantar.
Após
terminar esses lances, o toureiro dá as costas
ao touro e faz um solene sinal de agradecimento aos aplausos da platéia. É também um sinal para a entrada dos picadores, cuja missão consiste em receber o
touro, a cavalo, e dar nele umas espetadelas no lombo para diminuir-lhe a força. Parece fácil, mas é um serviço
ingrato. O picador trabalha para o toureiro,
e, portanto, deve enfraquecer bem o touro. Mas isso sob as vistas
inclementes da torcida, que quer ver o touro o mais fresquinho possível, e que
vaia quando acha que o picador está se excedendo. E o que é pior, de vez em
quando o touro derruba o cavalo do picador,
com picador e tudo.
Façamos aqui uma pausa,
meu senhor, para uma revelação importante. Embora
todas as críticas às touradas refiram-se aos maus tratos que são infringidos
ao touro, a maior vítima desse ameno esporte não é ele. Nem o toureiro. É o
cavalo do picador. O infeliz entra de olhos vendados, e cutucado daqui e dali
até ficar com a banda direita virada para o touro, e de repente, sem nenhum
aviso — zap! — o impacto terrível. Ele nem
sabe o que está acontecendo, acho que
nem reclama, deve pensar apenas: "Puxa vida!"
Antigamente era raríssimo
o cavalo que escapava de uma, pois entrava
desprotegido. De uns anos para cá, meio por pena e meio por economia,
passaram a pendurar um colchão do seu lado direito, para protegê-lo melhor.
Mesmo assim, por vezes o touro o apanha por
baixo do colchão, ou o derruba e enfia-lhe
um chifre no pescoço, ou pisa-lhe no nariz. Uma coisa é certa: mais cedo ou mais tarde o cavalo do picador
morre ali, de olhos vendados, na luta. Uma luta da qual não participa e da qual
não compreende bulhufas. O touro ainda pode,
frequentemente, conquistar a glória
póstuma e — supremo consolo — ter a sua cabeça embalsamada e pendurada
no Museu Taurino. O cavalo do picador morre
anônimo, sem vaias nem aplausos, a atenção de todos presa no valoroso touro que o matou. Os próprios aficionados
reconhecem, entretanto, o papel ingrato do cavalo
do picador, como prova o Décimo Mandamento da Tourada:
papel ingra"O touro defende a vida com alento.
papel ingraO matador, sua glória e
seu dinheiro.
papel ingraO cavalo do picador, nada:
papel ingraFeche
os olhos por um momento."
. . . . . Quando o presidente acha que já basta de picadas
no touro, acena outra vez com o lenço branco. Saem os picadores, entram os banderilleros. Como o senhor pode sutilmente
deduzir, os banderilleros são os homens
encarregados de meter as banderillas no touro. As banderillas são um pedaço de
pau com menos de um metro de comprimento, enfeitado com papel colorido picadinho,
terminando com uma fisga igual ponta de anzol. O banderillero sai
correndo de um lado, encontra-se com o touro em plena carreira e, pulando
elegantemente de banda, espeta-lhe com os braços erguidos as banderillas. Quando
uma delas cai no chão, o pessoal vaia. Muitos “olés” quando ficam as duas oscilando em V.
O touro deve receber três pares de banderillas.
Lá está pela quarta vez o lencinho branco balançando: chegou a hora suprema da tourada, a hora da faena de muleta, que terminará com a morte do touro, assim espera o toureiro. Silenciam os clarins, silêncio total, só quebrado, algumas vezes, pelo grito:
— Coca-cola!
É um momento solene. O toureiro dedica a morte do touro ao presidente, ou a alguma outra pessoa, ou ainda a quantas pessoas queira. O grande
matador Cuchares, por exemplo, assim
brindou a Napoleão III, textualmente:
—
"J'offre la mort de ce brave taureau a Vous, L'Empereur, a la femme de
Vous et a tous les Vous de France!"
Os Vous
ficaram tão satisfeitos com a oferta que explodiram em imensa gargalhada.
Mas a hora não é
de brincadeira. O touro já está enjoado de levar ferroada, quer decidir de uma
vez a parada. O toureiro alisa o fio de sua espada, como que a tentar esticá-la.
Ajeita a muleta, que é uma capa vermelha bem menorzinha que a outra,
pendurada num pau de menos de um metro de
comprimento. Apruma-se bem, encosta o queixo no pescoço, olhando
enviesado de baixo para cima, e dá no chão com um dos pés uma batidinha de
Flamenco:
— "Êh, toro! Eeeeeh, toôro!"
O touro olha de
longe, intrigado, sem saber o que é que eles estão querendo fazer com ele dessa
vez. Depois cava o chão com as patas dianteiras, bufa e investe.
É a hora do
"olé!" unânime e emocionante, clamor de glória só comparável —
embora mais sintético — ao brado heróico retumbante de cem mil brasileiros
entoando a marchinha "Tourada em Madrid": foi em 1950, no Maracanã,
no jogo contra a Espanha. Um livrinho que eu comprei de um tal de Jacques
Leonard descreve bonito esse "olé". Olha só:
"Nenhum
espetáculo chega a despertar um entusiasmo
tão profundo, tão unânime, como o expressado nesse clamor marcado pelo ritmo
das investidas do touro, o "olé" das multidões delirantes de
gozo e de emoção."
Com a espada na
mão direita e a muleta na esquerda, o matador despeja o seu repertório: o
passe natural, o de peito, o ajudado, o ajudado por baixo, o de molinete, o
afarolado, a manoletina, a arrucina, olé! O touro vai e vem, os aplausos
aumentando à medida em que os seus chifres passam mais próximo
ao toureiro. Numa de suas paradas o toureiro dá por terminada a faena de
muleta, agradece aos aplausos enquanto oferece-se completamente
desprotegido ao touro, de costas. Estranhamente, o touro não mais investe. O
senhor vendo chega a pensar que houve combinação, o touro parar na hora que o toureiro
pára. Mas o negócio é o contrário. Enquanto o touro pára com uma das patas
adiantadas o toureiro sabe que ele investirá novamente. Quando pára com as
quatro patas paralelas é porque está igualado, ali permanecerá. A posição
fundamental em linguagem de touro quer dizer mais ou menos "biribiribá que
eu não quero mais brincar".
Agora
é que é o momento culminante. O toureiro, arriscando-se mais
do que nunca, enterrará a espada em um lugarzinho certo que tem no pescoço do
touro. Tem que acertar ali, empurrar no ângulo certo, para que a espada atinja
o coração. E o passe pelo qual se conhece o bom ou o mau matador,
pelo qual será cotado o seu desempenho.
Há duas maneiras de
atacar: recebendo, que é quando o touro investe, ou atacando, quando o touro
está parado, igualado. A segunda, mais comum hoje em dia e menos
perigosa, e conhecida como volapié. Quando o matador acha que a estocada
foi perfeita, faz um sinal para os peões não intervirem, o touro bobeia um
pouco em pé, e depois ajoelha-se, para em seguida tombar de banda. Quando o
toureiro falha, repete até aprender, sob apupos da platéia. O golpe de misericórdia
é dado pelo puntillero, um sujeito que enterra bem atrás dos chifres, entre as
primeiras vértebras, uma espécie de furador de gelo, de 30 centímetros e uma
ponta de lança, conhecido pelos íntimos como puntilla.
De acordo com os
aplausos do público, o presidente determina os troféus que medem o desempenho
do toureiro. Um aceno de lenço branco, ele tem direito de cortar para ele uma
orelha, ali mesmo, no ato. Dois lenços brancos, duas orelhas; três, duas
orelhas e o rabo. Pode parar por aí, com direito a volta olímpica, ou pode
ainda cortar patas. A suprema glória é sair com esses troféus todos e
carregado no ombro.
Entram as mulas, saem
arrastando o cadáver do touro, sob apupos ou aplausos, segundo a valentia
demonstrada. Depois joga-se areia sobre o sangue, entra aquele caminhão de água
ao qual me referi na história do zarolho.
Daí a pouco soam as trombetas,
anunciando o segundo touro. São seis. O senhor me desculpe, mas se quer a
descrição completa do espetáculo leia isso tudo mais cinco vezes. Eu fico por
aqui.
16 comentários:
Já nem me alimento da carne dele, imagina essa covardia tanta.
Tadinho do touro.
Beijão, Tuca!
Bem, como curiosidade histórica, é interessante. Mas que morro de dó do touro, isso morro.
Beijos, Tuquinha!
Excelente texto do Edson, que consegue descrever com leveza aquilo que repudio como um dos mais bárbaros e covardes costumes que ainda existem. Para ser perfeito, ao texto faltou apenas a resposta a pergunta que persiste: Quantos lenços usava Domingín?
Portugal não mata na arena mas torna o touro imprestável e mata-o de seguida, no matadouro..
Sober esta temática, há um maravilhoso conto de Miguel Torga do qual deixo um extrato e o respetivo link.
"Fez um esforço. Embora ardesse numa chama de fúria, tentou refrear os nervos e medir com a calma possível a situação.Estava, pois, encurralado, impedido de dar um passo, à espera de que lhe chegasse a vez! Um ser livre e natural, um toiro nado e criado na lezíria ribatejana, de gaiola como um passarinho, condenado a divertir a multidão!
Irreprimível, uma onda de calor tapou-lhe o entendimento por um segundo. O corpo, inchado de raiva, empurrou as paredes do cubículo, num desespero de Sansão.
Nada. Os muros eram resistentes, à prova de quanta força e quanta justa indignação pudesse haver. Os homens, só assim: ou montados em cavalos velozes e defendidos por arame farpado, ou com sebes de cimento armado entre eles e a razão dos mais…
Palmas e música lá fora. O Malhado dava gozo às senhorias…
Um frémito de revolta arrepiou-lhe o pêlo. Dali a nada, ele. Ele Miura, o rei da campina!(...)"
http://centros.edu.xunta.es/iesollosgrandes/blogs/portugues/?page_id=67
Beijinhos Marianos! :)
Very attractive comment!
have a nice day!
Nossa é um texto muito interessante!
Gostei de ler,parabéns,é sempre bom saber das coisas do mundo !!Na verdade dos homens.
Boa noite.
Feliz Natal!!! Que a manjedoura do seu coração esteja pronta para receber o Menino Jesus que irá nascer!!!
Um ano novo repleto das bençãos de Deus!!!
Doce abraço, Marie!
Olá Tuca! Passando para apreciar este belo texto do Edson Braga, fruto das tuas acertadas escolhas e, especialmente, para te desejar um excelente Natal e um magnífico 2014, repleto de muito amor, paz, saúde, felicidades e realizações, extensivo a todos os teus familiares.
Abraços e fiques com Deus.
Furtado.
Buenos tardes¡¡ no me gusta la corrida de toros, el maltrato a los animales no me gusta nada
Pido disculpa por no poder acceder tanto como quisiera a tu espacio, no que es lo que pasa en mi espacio, pues me cuesta entra en la configuración y demás, la página se me pone en blanco y no lo consigo. Las entradas las hago a través de Live\Writer
Te deseo una FELIZ NAVIDAD
Que tengas un feliz día
Un abrazo en la distancia pero cercanía de los corazones.
- “Celebrar la Navidad nos convierte en mejores personas pues nos demuestra que al compartir con los demás recibimos mucha felicidad.”
Merry Christmas ( one day later) and very Happy New Year! Best regards from Warsaw in Poland :)
Aborrezco las corridas de todo, será que no entiendo esa cultura, será que amo a los animales y no entiendo cómo un ser humano puede arriesgar así su vida, matar o morir
Aunque hablemos distintos idiomas sentimos lo mismo.
Yo estoy en contra de todo tipo de crueldad.
Un abrazo grande y mi cariño.
mar
Thanks for sharing such a fastidious thinking, piece of writing is fastidious, thats why i have read it fully
Here is my webpage: 3Ds Emulator
Adoro touros, mas não bandarilhas !
Muy interesante!!!
http://casadoresdesensaciones.blogspot.com
Un abrazo!!
Sou totalmente contra as touradas!
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