segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Na revista Senhor, há 50 anos



Perspicazes historiadores espanhóis situam a origem da tourada na Idade da Pedra, quando o homem matava o bizonte na base da ignorância e enquanto o digeria pintava o seu retrato no teto da caverna, para documentar a vitória. Na Espanha, a tourada apareceu no começo da Idade Média. Era esporte de nobres, que combatiam a cavalo e com enormes lanças. Lá por volta de mil setecentos e pouco o povo começou a interessar-se pelo esporte. Animado com a platéia, o toureiro apeou do cavalo. O pessoal gostou muito. E foi aí que o esporte passou ao domínio popular, pois o cavalo bom custava muito caro e o touro sempre o "estropiava" bastante. Sem cavalo, o toureiro entrava apenas com a cara e a coragem. A coisa democratizou-se.
Foi no começo do século XX que a arte de tourear, nos moldes em que é hoje conhecida, alcançou o seu cume, por intermédio de dois papas da escola moderna: Joselito e Belmonte. Entretanto, na Galeria dos Matadores Ilustres, figura em primeiro lugar o nome de Pedro Romeiro, nascido em 1754 e falecido em 1839. Esses números, por si, demonstram que ele era de fato um toureiro muito vivo: morreu com 85 anos. Outros nomes igualmente conhecidos de qualquer aficionado: Costillanes, Cuchares, Carmona, Frascuelo, Lagartijo, Juan Redondo, Guerrita e Manolete, este último, como o senhor deve ter visto naquele filme do Tyrone Power, morto com uma chifrada pelas costas quando participava à namorada que ia matar o touro em sua homenagem. Isso foi em 1947, e Manolete continua sendo considerado como o maior toureiro do nosso tempo.
Poucas profissões dão tanta glória e dinheiro a um sujeito em tão pouco tempo. Mas não basta apenas sobressair-se, entre milhares de concorrentes. O mais difícil é aguentar-se no cume, pois qualquer escorregão pode significar a morte. Porque se o senhor não sabe, diariamente o jornal publica que o toureiro tal levou uma cornada feia, morreu, coitado, era uma grande promessa. A maior parte dos grandes toureiros morreu na arena. Uma pequena minoria consegue chegar ao cume, nele conservar-se por algum tempo e depois comprar uma ganaderia para fornecer aos coleguinhas, de preferência, touros mais bravos que as suas vítimas. Quase todos os toureiros, quando têm boa pinta e despontam como bom matador, arranjam imediatamente um bico no cinema patrício. Mas com fama ou sem fama, com dinheiro ou sem dinheiro, enquanto não se aposenta o toureiro é, na intimidade, um sujeito macambúzio, preocupado, que durante a temporada das touradas (de março a outubro) vive sob a sombra do fracasso e da morte. Por isso são também, além de profundamente religiosos, bastante supersticiosos.
Como tem em suas andanças, em cada cidade, o seu hotel com o seu quarto preferido, o toureiro tem também a sua capela preferida, com a santa de sua devoção. Não há pior presságio que a perda de um amuleto, antes de entrar na arena.
Com exceção dos novos, é raríssimo o toureiro que ainda não levou uma chifrada. E não é mole não: são três centenas de quilos, avançando a trinta quilômetros por hora, concentradas em uma ponta aguda e dura. É fogo, meu senhor!
Mas o toureiro que leva uma chifrada e não morre, quase sempre volta à arena. E só não morre muito mais porque o socorro médico é o mais rápido e eficiente possível. Para começar, o toureiro já entra na arena em estado pré-operatório, ou seja, em jejum. Depois os médicos estão sempre na boca de espera, com uma sala de operações toda armadinha bem na boca do túnel. Diz que Manolete só morreu porque no lugarejo em que o touro o pegou — Linares — não havia nada disso. E o médico que o socorreu ficou com medo de cortar a sua perna (uma perna tão famosa!), o que, segundo muitos, o teria salvo.
O toureiro começa como novillero. Só toureia com novilhos de menos de quatro anos de idade. Os toros propriamente ditos são os que têm mais de quatro anos. Para tornar-se um verdadeiro matador, o novillero, após afirmar a sua bossa e coragem, passa por uma cerimônia chamada alternativa. Nesse dia o matador mais antigo da rodada, após trabalhar o seu primeiro touro, oferece ao novillero a sua capa e espada para que ele termine o serviço. Para afirmar-se como um toureiro de primeira, o novillero tem que passar pela alternativa na praça de touros de Madrid — ou ali repeti-la, se for o caso. O touro reservado para o matador tem de quatro a seis anos de idade. Mais do que isso já é considerado como malandro velho, ninguém aceita.
Todos os aficionados são unânimes em considerar o touro como o elemento fundamental de uma cor­rida. Um touro que não quer nada avacalha qualquer tourada. Antigamente, quando aparecia um Ferdinando, o pessoal metia nele umas banderilhas que tinham uma "cabeça-de-negro" na ponta, explodia lá dentro. Depois desconfiaram que isso era covardia, hoje em dia as bombas foram substituídas por ban­derilhas negras — suprema degradação para o touro e considerável prejuízo para o proprietário da respectiva ganaderia. Quando o touro é muito pequeno é devolvido logo que entra na arena. Os touros mais perigosos, por estranho que pareça, são os zarolhos. Quem é que pode com um touro que olha para um lado e chifra para o outro? Em 1958, no dia do "Corpus Christi", apareceu numa tourada em Toledo um touro zarolho. Foi o diabo. Para retirá-lo puseram na arena um cabestro, que é um boi ensinado com uma campainha dependurada no pescoço e que atrai o touro atrás dele. Pois nesse dia não. O zaro­lho não deu a menor bola pro cabestro. Tentaram espantá-lo de todo jeito, mas com o devido cuidado. Mas no fim de duas horas o zarolho estava lá, firme, desafiando matadores, peões, picadores, cavalos e platéia. Foi quando entra na arena o caminhão que eles usam para jogar água na areia. Suspense geral. O zarolho investiu... e o caminhão também. Encontraram-se no centro da arena, e esse zarolho foi um dos raríssimos "toros de lídia" que não teve a sua cabeça empalhada para turista inglês.
Outro perigoso também é o burriciego, que é o que enxerga melhor de longe do que de perto. Perigoso porque ele vê o toureiro de longe e investe. Quando o toureiro oferece a capa ele não está vendo mais. O mais famoso burriciego foi um chamado Bailador, pertencente à viúva do Ortega. Foi ele que matou o Joselito, em 1920, com uma chi­frada na barriga.
Quando o touro é muito valente o pessoal aplaude muito e, no fim, exige que ele dê uma volta olímpica pela arena. Depois de morto, é claro, e puxado por três briosas mulas.
O touro deve ser criado em total isolamento de qualquer contato humano que possa fazer-lhe des­confiar dos macetes dos toureiros. Em suma: deve ser um ignorante completo. Do contrário soltá-lo num recinto fechado junto com um homem armado de um pedaço de pano equivaleria a um assassinato, pura e simplesmente. Um dos grandes perigos para as grandes ganaderias são os rapazes que, desejosos de iniciar-se na arte, entram de noite onde está o novilho ou o bezerro para exercitar-se um pouco. O bichinho manja o pulo do gato e anos depois, quando entra na arena, mata o matador.
Uma injustiça muito grande que se faz com o touro de lida é não deixar que ele veja vaca durante toda sua vida. O reprodutor é escolhido pelo físico e ascendência. Trabalha por todos os touros que morrem nas arenas de Espanha: alguns chegam a ser papais de 80 robustos bezerrinhos, por temporada. E o que é mais, esse sultão nunca entra numa arena. Ser escolhido para reprodutor, esse o ideal de todo bezerro.
Quando o bezerro tem algum defeito físico ou tara, é levado, com a idade de dois anos, para as charlotadas, espetáculos cômicos que equivalem mais ou menos a uma tourada no interior do Brasil. Se não é um animal praticamente perfeito, é destinado as novilladas, com a idade de dois a quatro anos. Os que sobram — olé! — esses são cevados durante mais uns tempos, especialmente para o Grande Dia.
Na manhã do Grande Dia os touros são metidos em pequenas jaulas escuras onde ficarão até a hora da tourada. Na hora marcada — nunca um minuto a mais, tradição religiosamente mantida — já estarão repletas as arquibancadas sobre os seus cornos. Os aficionados que têm mais dinheiro sentam-se do lado da sombra, que é mais caro, e nas primeiras filas. Em um balcão lá no alto, do lado da sombra, surge o presidente. É o juiz da tourada, quase sempre uma autoridade governamental. É ele quem dirige o espetáculo, valendo-se de um código de lenços de cores diferentes.
Ao primeiro aceno do lenço branco, soam os clarins. Surgem na arena os aguaciles, vestidos de negro, a cavalo. Vêm em seguida os matadores, com seus vistosos trajes dourados; os seus peões e os seus picadores.  Descrever as roupas desse pessoal aqui ia adiantar muito pouco, é melhor o senhor, se estiver interessado, dar uma espiada em retratos ou pinturas, que não é difícil de encontrar. Mas como eu ia dizendo, por último entram os tiros de mulas, que no fim arrastam o cadáver do touro morto.
Quando acaba o paseillo saem todos da arena. Lá de cima o presidente joga a chave da porta da jaula do touro para um dos aguaciles, que está aparando lá embaixo com um chapéu. O pessoal presta muita atenção nessa coisa. Se a chave cai dentro do chapéu ouve-se o primeiro "olé!" da tarde: é um bom presságio.
Ao segundo aceno do lenço branco, faz-se um silêncio de suspense na praça. A porta da jaula se abre e o touro, que nem mariposa, investe contra a luz ofuscante. A multidão solta um murmúrio: são os comentários dos entendidos, que sabem ou acham saber manjar de cara se o bicho é valente, tarado, covarde, zarolho, etc. Mas quem espia mais interes­sado, lá de baixo, é o toureiro. O momento é vital para ele. Tem que descobrir se o touro investe olhando reto ou de cabeça baixa; se chifra para cima ou para a esquerda ou para a direita. Essas observações serão para ele, um pouco depois, de importância capital.
O touro já entra sangrando. Momentos antes, na hora de entrar na arena, para enfezá-lo ainda mais, um sujeito abriu uma tampa no alto da jaula e, com um pau comprido, enfiou-lhe no lombo a divisa da respectiva ganaderia. A florzinha de pano colorido destaca-se no seu pelo negro e lustroso.
Depois de rodar de lá para cá, bufando, perplexo com aquele monte de gente que grita muito, mas que está fora do seu alcance, tonto pelo jejum de alimento, luz e som, irritado com a ferroada da divisa, o touro enxerga, finalmente, uma possível vítima. É o peão, que entra com uma capa grande e violeta, de percal. A sua missão é a de propiciar ao toureiro uma maior observação das particularidades do adversário. Segura a capa com uma só mão, em lances poucos artísticos, e não hesita em dar no pé e pular a paliçada quando o considere conveniente. De vez em quando o touro também salta e cai do lado de dentro do callejon, que é o corredor circular onde estão toureiros, ajudantes, repórteres, autoridades e amarra-cachorros. Aí vale a pena ver o pessoal debandando e pulando vice-versa, ou seja, para dentro da arena.
Quando o matador acha que o touro já está devidamente estudado faz um sinalzinho para os peões e entra na arena, também com uma capa de percal. O touro é recebido com os passes mais famosos das touradas, as chamadas verônicas, que o se­nhor deve conhecer pelo menos de nome. São passes simples, mas difíceis de executar com perfeição. O toureiro segura a capa com as duas mãos, baixas, e faz um elegante semigiro à passagem do touro. Parece uma reverência irreverente. Mais difícil é o câmbio de rodillas, que é receber o bicho de joelhos. Um amigo meu conta que um toureiro amigo dele teve o seu momento de maior glória ao receber um touro perigosíssimo com três sucessivos câmbios de rodillas. Depois confessou ao meu amigo que, ao ver o touro investir pela primeira vez, sentiu tamanho pavor que não conseguiu mais levantar.
Após terminar esses lances, o toureiro dá as costas ao touro e faz um solene sinal de agradecimento aos aplausos da platéia. É também um sinal para a entrada dos picadores, cuja missão consiste em receber o touro, a cavalo, e dar nele umas espetadelas no lombo para diminuir-lhe a força. Parece fácil, mas é um serviço ingrato. O picador trabalha para o tou­reiro, e, portanto, deve enfraquecer bem o touro. Mas isso sob as vistas inclementes da torcida, que quer ver o touro o mais fresquinho possível, e que vaia quando acha que o picador está se excedendo. E o que é pior, de vez em quando o touro derruba o cavalo do picador, com picador e tudo.
Façamos aqui uma pausa, meu senhor, para uma revelação importante. Embora todas as críticas às touradas refiram-se aos maus tratos que são infringidos ao touro, a maior vítima desse ameno esporte não é ele. Nem o toureiro. É o cavalo do picador. O infeliz entra de olhos vendados, e cutucado daqui e dali até ficar com a banda direita virada para o touro, e de repente, sem nenhum aviso — zap! — o impacto terrível. Ele nem sabe o que está acontecendo, acho que nem reclama, deve pensar apenas: "Puxa vida!"
Antigamente era raríssimo o cavalo que escapava de uma, pois entrava desprotegido. De uns anos para cá, meio por pena e meio por economia, passaram a pendurar um colchão do seu lado direito, para protegê-lo melhor. Mesmo assim, por vezes o touro o apanha por baixo do colchão, ou o derruba e enfia-lhe um chifre no pescoço, ou pisa-lhe no nariz. Uma coisa é certa: mais cedo ou mais tarde o cavalo do picador morre ali, de olhos vendados, na luta. Uma luta da qual não participa e da qual não compreende bulhufas. O touro ainda pode, frequentemente, conquistar a glória póstuma e — supremo consolo — ter a sua cabeça embalsamada e pendurada no Museu Taurino. O cavalo do picador morre anônimo, sem vaias nem aplausos, a atenção de todos presa no valoroso touro que o matou. Os próprios aficionados reconhecem, entretanto, o papel ingrato do cavalo do picador, como prova o Décimo Mandamento da Tourada:
papel ingra"O touro defende a vida com alento.
papel ingraO matador, sua glória e seu dinheiro.
papel ingraO cavalo do picador, nada:
papel ingraFeche os olhos por um momento." 
. . . . . Quando o presidente acha que já basta de picadas no touro, acena outra vez com o lenço branco. Saem os picadores, entram os banderilleros. Como o senhor pode sutilmente deduziros banderilleros são os homens encarregados de meter as  banderillas no touro. As banderillas são um pedaço de pau com menos de um metro de comprimento, enfeitado com papel colorido picadinho, terminando com uma fisga igual ponta de anzol. O banderillero sai correndo de um lado, encontra-se com o touro em plena carreira e, pulando elegantemente de banda, espeta-lhe com os braços erguidos as banderillasQuando uma delas cai no chão, o pessoal vaia. Muitos “olés” quando ficam as duas oscilando em V. O touro deve receber três pares de banderillas.
Lá está pela quarta vez o lencinho branco balançando: chegou a hora suprema da tourada, a hora da faena de muleta, que terminará com a morte do touro, assim espera o toureiro. Silenciam os clarins, silêncio total, só quebrado, algumas vezes, pelo grito:
   — Coca-cola!
É um momento solene. O toureiro dedica a morte do touro ao presidente, ou a alguma outra pessoa, ou ainda a quantas pessoas queira. O grande matador Cuchares, por exemplo, assim brindou a Napoleão III, textualmente:
— "J'offre la mort de ce brave taureau a Vous, L'Empereur, a la femme de Vous et a tous les Vous de France!"
 Os Vous ficaram tão satisfeitos com a oferta que explodiram em imensa gargalhada.
Mas a hora não é de brincadeira. O touro já está enjoado de levar ferroada, quer decidir de uma vez a parada. O toureiro alisa o fio de sua espada, como que a tentar esticá-la. Ajeita a muleta, que é uma capa vermelha bem menorzinha que a outra, pendurada num pau de menos de um metro de comprimento. Apruma-se bem, encosta o queixo no pescoço, olhando enviesado de baixo para cima, e dá no chão com um dos pés uma batidinha de Flamenco:
— "Êh, toro! Eeeeeh, toôro!"
O touro olha de longe, intrigado, sem saber o que é que eles estão querendo fazer com ele dessa vez. Depois cava o chão com as patas dianteiras, bufa e investe.
É a hora do "olé!" unânime e emocionante, cla­mor de glória só comparável — embora mais sintético — ao brado heróico retumbante de cem mil brasileiros entoando a marchinha "Tourada em Ma­drid": foi em 1950, no Maracanã, no jogo contra a Espanha. Um livrinho que eu comprei de um tal de Jacques Leonard descreve bonito esse "olé". Olha só:
"Nenhum espetáculo chega a despertar um entusiasmo tão profundo, tão unânime, como o expressado nesse clamor marcado pelo ritmo das investidas do touro, o "olé" das multidões delirantes de gozo e de emoção."
Com a espada na mão direita e a muleta na esquerda, o matador despeja o seu repertório: o passe natural, o de peito, o ajudado, o ajudado por baixo, o de molinete, o afarolado, a manoletina, a arrucina, olé! O touro vai e vem, os aplausos aumentando à medida em que os seus chifres passam mais próximo ao toureiro. Numa de suas paradas o toureiro dá por terminada a faena de muleta, agradece aos aplausos enquanto oferece-se completamente desprotegido ao touro, de costas. Estranhamente, o touro não mais investe. O senhor vendo chega a pensar que houve combinação, o touro parar na hora que o toureiro pára. Mas o negócio é o contrário. En­quanto o touro pára com uma das patas adiantadas o toureiro sabe que ele investirá novamente. Quando pára com as quatro patas paralelas é porque está igualado, ali permanecerá. A posição fundamental em linguagem de touro quer dizer mais ou menos "biribiribá que eu não quero mais brincar".
Agora é que é o momento culminante. O tourei­ro, arriscando-se mais do que nunca, enterrará a es­pada em um lugarzinho certo que tem no pescoço do touro. Tem que acertar ali, empurrar no ângulo certo, para que a espada atinja o coração. E o passe pelo qual se conhece o bom ou o mau matador, pelo qual será cotado o seu desempenho.
Há duas maneiras de atacar: recebendo, que é quando o touro investe, ou atacando, quando o touro está parado, igualado. A segunda, mais comum hoje em dia e menos perigosa, e conhecida como volapié. Quando o matador acha que a estocada foi perfeita, faz um sinal para os peões não intervirem, o touro bobeia um pouco em pé, e depois ajoelha-se, para em seguida tombar de banda. Quando o tourei­ro falha, repete até aprender, sob apupos da platéia. O golpe de misericórdia é dado pelo puntillero, um sujeito que enterra bem atrás dos chifres, entre as primeiras vértebras, uma espécie de furador de gelo, de 30 centímetros e uma ponta de lança, conhecido pelos íntimos como puntilla.
De acordo com os aplausos do público, o presi­dente determina os troféus que medem o desempenho do toureiro. Um aceno de lenço branco, ele tem direito de cortar para ele uma orelha, ali mesmo, no ato. Dois lenços brancos, duas orelhas; três, duas orelhas e o rabo. Pode parar por aí, com direito a volta olímpica, ou pode ainda cortar patas. A su­prema glória é sair com esses troféus todos e carregado no ombro.
Entram as mulas, saem arrastando o cadáver do touro, sob apupos ou aplausos, segundo a valentia demonstrada. Depois joga-se areia sobre o sangue, entra aquele caminhão de água ao qual me referi na história do zarolho.
Daí a pouco soam as trombetas, anunciando o segundo touro. São seis. O senhor me desculpe, mas se quer a descrição completa do espetáculo leia isso tudo mais cinco vezes. Eu fico por aqui.



16 comentários:

marlene edir severino disse...

Já nem me alimento da carne dele, imagina essa covardia tanta.

Tadinho do touro.

Beijão, Tuca!

Tania regina Contreiras disse...


Bem, como curiosidade histórica, é interessante. Mas que morro de dó do touro, isso morro.

Beijos, Tuquinha!

Dario B. disse...

Excelente texto do Edson, que consegue descrever com leveza aquilo que repudio como um dos mais bárbaros e covardes costumes que ainda existem. Para ser perfeito, ao texto faltou apenas a resposta a pergunta que persiste: Quantos lenços usava Domingín?

Maria Eu disse...

Portugal não mata na arena mas torna o touro imprestável e mata-o de seguida, no matadouro..
Sober esta temática, há um maravilhoso conto de Miguel Torga do qual deixo um extrato e o respetivo link.

"Fez um esforço. Embora ardesse numa chama de fúria, tentou refrear os nervos e medir com a calma possível a situação.Estava, pois, encurralado, impedido de dar um passo, à espera de que lhe chegasse a vez! Um ser livre e natural, um toiro nado e criado na lezíria ribatejana, de gaiola como um passarinho, condenado a divertir a multidão!
Irreprimível, uma onda de calor tapou-lhe o entendimento por um segundo. O corpo, inchado de raiva, empurrou as paredes do cubículo, num desespero de Sansão.
Nada. Os muros eram resistentes, à prova de quanta força e quanta justa indignação pudesse haver. Os homens, só assim: ou montados em cavalos velozes e defendidos por arame farpado, ou com sebes de cimento armado entre eles e a razão dos mais…
Palmas e música lá fora. O Malhado dava gozo às senhorias…
Um frémito de revolta arrepiou-lhe o pêlo. Dali a nada, ele. Ele Miura, o rei da campina!(...)"

http://centros.edu.xunta.es/iesollosgrandes/blogs/portugues/?page_id=67

Beijinhos Marianos! :)

cath disse...

Very attractive comment!
have a nice day!

Anônimo disse...

Nossa é um texto muito interessante!
Gostei de ler,parabéns,é sempre bom saber das coisas do mundo !!Na verdade dos homens.
Boa noite.

Algodão Tão Doce disse...

Feliz Natal!!! Que a manjedoura do seu coração esteja pronta para receber o Menino Jesus que irá nascer!!!
Um ano novo repleto das bençãos de Deus!!!
Doce abraço, Marie!

Arte & Emoções disse...

Olá Tuca! Passando para apreciar este belo texto do Edson Braga, fruto das tuas acertadas escolhas e, especialmente, para te desejar um excelente Natal e um magnífico 2014, repleto de muito amor, paz, saúde, felicidades e realizações, extensivo a todos os teus familiares.

Abraços e fiques com Deus.

Furtado.

Lola disse...

Buenos tardes¡¡ no me gusta la corrida de toros, el maltrato a los animales no me gusta nada

Pido disculpa por no poder acceder tanto como quisiera a tu espacio, no que es lo que pasa en mi espacio, pues me cuesta entra en la configuración y demás, la página se me pone en blanco y no lo consigo. Las entradas las hago a través de Live\Writer

Te deseo una FELIZ NAVIDAD

Que tengas un feliz día

Un abrazo en la distancia pero cercanía de los corazones.

- “Celebrar la Navidad nos convierte en mejores personas pues nos demuestra que al compartir con los demás recibimos mucha felicidad.”

Pistacjowy Kosmita disse...

Merry Christmas ( one day later) and very Happy New Year! Best regards from Warsaw in Poland :)

Isabel Bertero disse...

Aborrezco las corridas de todo, será que no entiendo esa cultura, será que amo a los animales y no entiendo cómo un ser humano puede arriesgar así su vida, matar o morir

MAR disse...

Aunque hablemos distintos idiomas sentimos lo mismo.
Yo estoy en contra de todo tipo de crueldad.
Un abrazo grande y mi cariño.
mar

Anônimo disse...

Thanks for sharing such a fastidious thinking, piece of writing is fastidious, thats why i have read it fully

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JOTA ENE ✔ disse...

Adoro touros, mas não bandarilhas !

BETTIANA VÁZQUEZ disse...

Muy interesante!!!
http://casadoresdesensaciones.blogspot.com

Un abrazo!!

VELOSO disse...

Sou totalmente contra as touradas!