sábado, 9 de março de 2013

O Grande Desfile de Pin-ups - Especial Su Guimarães



Rio de Janeiro, 9 de março de 3013   .
Querida Suzana,

Não estou bem certo se tenho o direito de escrever a você para externar sentimentos que dizem respeito ao momento atual – o meu, o seu e, antes de tudo, o nosso. Esse receio é das pouquíssimas coisas que mudaram na minha nova vida. A morte não tem o poder, como a maioria das pessoas acredita, de mudar tudo. E tanto faz que seja a morte definitiva ou, como no meu caso, a morte com direito a vale-ressurreição.

Parece contraditório eu fazer esse preâmbulo tão delicado, tão íntimo, e tornar pública esta carta, em vez de enviá-la pelo correio com a rubrica top secret no envelope. Acontece que não faz parte do meu receio o julgamento de qualquer pessoa além de você. Não me atinge o que os outros venham a pensar, nem me preocupa que você possa se sentir exposta. Sem chance. Quem lê os seus blogs – e eu os leio desde a primeira postagem! – sabe que ninguém tem a necessária competência para lhe expor mais do que você mesma. Essa sinceridade radical e a capacidade de bem expressá-la são o que mais cativam a todos que a leem. A todos, sim, mesmo àqueles que supostamente não dão valor ao que você escreve, mesmo àqueles que aparentam, demonstram ou dizem não gostar de você. Nos quatro casos o que pesa, posso lhe garantir, é a frivolidade, o despeito, a inveja e... o medo... O MEDO DE SUZANA! Cristo, Ghandi, Luther King, Lennon... não morreram em decorrência dos eventuais defeitos que alguns viam neles, e sim porque eram amados. O amor, querida, é a pior das afrontas ao estofo estéril dos infelizes por vocação

Alguém escreveu:

Meu tio morreu de amor. Eu não quero morrer de amor, mas quero morrer amando. Amo mais o amor que o amado. Amados são vários, passam. O amor é que me faz leve, tranquila ou sobressaltada. É ele que justifica eu tão abstraída,  parada num trânsito caótico, esperando ser atendida pelo médico, numa viagem longa que não termina nunca. O amor me faz permanecer na fila de um banco o tempo que for, sem nem perceber. É ele que me distrai quando estou no supermercado, fazendo compras, lavando o carro, limpando a casa. É ele que me faz aturar aquela festa chata, aquela gente chata. O amor tira os meus pés do chão. Há quem tenha medo dele, eu não. Nem um pouco. Há quem diga que amar faz ferida, deixa cicatriz, mágoas, mágoas... pode até ser. Mas há tanta coisa nesta vida que faz o mesmo em nós e nem por isso ficamos nos esquivando delas, pois se esquivar do amor é dar as costas para a existência.(...)

O mesmo alguém escreveu também:

por ter acreditado, colhi todas as maçãs
amorosamente fatiadas
por ti
a mim ofertadas com votos de bem amada

e assim, caminho
pelas manhãs...

[não são tantas as alegrias
mas tenho sempre a ti
a velar na chama ardida
curar minhas feridas
das paixões mais vãs]

em amanhãs

Até amanhãs, querida. Todos, sempre!

Com amor em beijos,

Teopha

 P.S.: Não há erro de digitação na data desta carta. Posso perfeitamente lhe escrever daqui, de mil anos à frente do seu dia de hoje. O tempo não conta para nós, somos atemporais enquanto os nossos sentimentos assim o determinarem.

Blog da Suzana: O medo de Suzana

                        ------------------   Imagens fontes -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------                  .      .      .      .     .     .                   .      .      .      .     .     . 


21 comentários:

Bípede Falante disse...

está belíssima :)

Joelma B. disse...

Eu e minha insônia estamos encantadas!!

Beijo!!

Tania regina Contreiras disse...

Coisa mais linda isso! :-)

Franck disse...

Sem comentários!

Unknown disse...

de torar,


saudações maravilhado

Clara Belisario disse...

Que linda! E que carta comovente, Tuca. Você subiu mais um ponto no meu conceito, que já é altíssimo!
Beijos

Raquel Consorte disse...

Linda a carta e o poema ao final.

Teophanio Lambroso disse...

O poema, assim como a outra citação são da própria Suzana, Raquel. Ela escreve uma barbaridade, não?

Regina Lemos disse...

Linda a pin-up Suzana, amorosos e comoventes a carta e o poema final!
Beijos

Anônimo disse...

Este post me llega VERDADERO. Amor ( y su eròtica), Vida y Muerte desde siempre la trilogìa madre de la especie humana.
Saludos fraternos!

Márcia Luz disse...

Belíssima carta, belíssima homenagem! Bárbaros os três: Suzana, Tuca e a postagem.
Um grande abraço!

Blue disse...

Êta nóis! Como queria ser assim tão talentoso como estes dois. Que beleza de confete. Isto sim é Língua Portuguesa que tanto os meus pais me falaram a respeito.

Eleonora Marino Duarte disse...

sabe que eu chorei lendo aqui?

sem mais comentários! um post para guardar.

Unknown disse...

Uma brilhante e comovente homenagem à bela Suzana, Tuca.

Abraço

Suzana Guimarães disse...


Irei responder à tua carta, com outra, só assim, só assim para eu conseguir dizer o que sinto quando a leio.

Obrigada, Tuca, eu te adoro!

Suzana Guimarães

Suzana Guimarães disse...


Tuca,

Comentei aqui!

Nina Blue disse...

Olá, eu adorei esta carta, 1,2,3 X mais. Suzana, parabéns!

Clara Belisario disse...

Pela emoção do texto, Teopha, tenho certeza que essa moça linda merece essa carta!
Beijo

Pólen Radioativo disse...

Ter a oportunidade de conhecer este blog, ler os risos e sentimentos aqui escritos e poder sentir que de algum modo estou fazendo parte disso tudo é um privilégio muito grande.

Amei a carta e os textos!

Beijo pra Suzana e pra você.

silvia maria camargo rocha disse...

Emocionante, intenso e belo!!!
bjs,
Silvia Camargo

Suzana Guimarães disse...


Teopha,

Há uma carta para você na minha página do FB e em Contos de Lily.

Beijos,

Suzana Guimarães, a Lily.