terça-feira, 7 de junho de 2011

Diálogo

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Agora, sim

A palavra da mulher nunca fez parte do cotidiano do casal. Mas desde que enviuvou, ele ouve tudo o que ela tinha a dizer.

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Esforço

Os dois bem que se esforçavam para entender o que o silêncio do outro queria dizer. Em vão: ambos os silêncios eram mudos.




Consolo

Perdeu a fala num AVC, coitada. Por sorte, tinha o cão, que sempre ouviu o que ela pensa.



Crescente

De repente, parou de falar com os amigos. Depois, parou de falar com a mulher e os filhos. Hoje, não fala nem com seus botões.

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Ilustrações: Hélio Jesuíno (extraídas de seu blog, aqui).

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44 comentários:

Artes e escritas disse...

Mas ainda assim sorri para o neto. Yayá.

Paulo Francisco disse...

Gostei!!!!
Um abraço

Unknown disse...

Na vida tudo acaba.
Transforma a conversa de silêncios mudos em um monólogo disparatado.

António Conceição disse...

Também gostei. Só no último ("Crescente") é que acho que primeiro se pára de falar com a mulher e só depois com os amigos.

Tuca Zamagna disse...

Yayá,

Quem sorri para o neto???

O viúvo ou a falecida? O do silêncio mudo ou a do silêncio mudo? A mulher do AVC ou o cão? O do silêncio crescente ou os seus botões?...

Abraço (e sorriso para o neto!)

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Paulo Francisco,

Valeu!

Abraço

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Luís,

Sim, tudo acaba. Até o silêncio absoluto pode acabar. Talvez, num grito redentor.


Abraço

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Funes,

Você está falando do comportamento padrão, do silêncio dos que arrastam um relacionamento por conveniência. Meu personagem talvez seja mais "saudavelmente" doentio. Acho que o desgaste dele não é com as pessoas, é com a vida em si. Mas... é problema dele, eu não tenho nada com isso.

Abraço

Ives disse...

Graaaandes pensamentos, abraços

Anônimo disse...

Lindo!!!
Parabéns!
NOTA: não aceita o meu perfil google, vai como anónimo!
PauloJ.Coelho

Unknown disse...

taí um diálogo de surdos,


abraço

Izabel Lisboa disse...

Agora sim
- será que depois de tanto silêncio élatinha, ainda, algo para dizer?! Enfim, vozes do além são tão insistentes... Apesar do padre Quevedo afirmar que “istononexiste”.
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Esforço
- nunca me deparei com um silêncio mudo! Todos eles sempre dizem algo, nem que seja um diminuto “tchau” ou um “fwdew”, traduzindo para o português: “agora é que a porca torce o rabo se ela não for cotó”!
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Consolo
- a borracha de que é feito o consolo, digo, o cão, é ante alérgica?! Se for, ela tá no lucro!
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Crescente
Botões são ótimos ouvintes! Descobri isso in loco! O grande problema deles é que não dão “retorno”; o que já não acontece com o consolo, digo, com o cão!
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PS. As ilustrações de Hélio Jesuíno são fantásticas!
Amei esse trem! Beijos, silenciosamente barulhentos!

Marcantonio disse...

A palavra diálogo me parece a mais esperançosa da língua, como se nela a própria língua expressasse o seu sentido utópico, anti-babélico, como um instrumento que espera ainda por sua função.

Diálogos impossíveis com a alteridade. O meu preferido é o triste e de múltiplos sentidos "Agora, sim". Fala da ausência do outro de duas formas.

Abraço.

Bípede Falante disse...

Tuca, mas que guarde os botões nem que seja para colocar no lugar dos olhos quando eles saírem também em fuga!!
beijosss
ps. Eu queria tanto falar algo assim do estilo tipo categoria bacana aqui no seu blog. Mas você provoca os meus instintos desatinados e não há jeito que eu consiga vencê-los.

José Carlos Brandão disse...

A vida é um diálogo de surdos - já não disseram isso? E os surdos escutam. Mas muito interessante seu Diálogo, Tuca. Eu escutei.
Abraços.

Cris de Souza disse...

ouvi tudinho... estou de orelha em pé!

beijos, grande tuca.

(consolinho: ainda há as paredes)

Tatuagem disse...

Solidão, silêncio...é tudo que resta...

Beijos

Andreza Salvio disse...

que legal. triste, mas muito interessante. ;*

João Maria Ludugero disse...

ADOREI!!!!!

Olá, boa tarde!
Venho aqui te convidar a visitar meu blog de poesias.

Se gostar e quiser me adicionar, vou gostar de ter por lá seus coments. Eu já te sigo, tô dentro.
Abraço iluminado.

João, poeta.
www.ludugero.blogspot.com
Até mais!

cirandeira disse...

Há o que escuta, mas não vê e vice-versa. E há também aquele que só escuta o que lhe convém; nessa multiplicidade sentidos acaba restando mesmo é a solidão, que às vezes dá sonoras gargalhadas com seus botões :(

beijos saudosos!!!

Mendonça disse...

É essa a tagarelice dos tempos pós-modernos, Tuca. Ótimos como sempre os seus contos de réis.

Abraço

Aline Chaves disse...

Show, Tuca! Nos textos e nas telas do Jesuíno.

Beijos

Lucia Alfaya disse...

Frases impactantes. Ilustrações maravilhosas. Casamento perfeito. Parabéns.

Tania regina Contreiras disse...

Ah, eu já falei lá no FB...Justamente do "A palavra da mulher nunca fez parte do cotidiano do casal. Mas desde que enviuvou, ele ouve tudo o que ela tinha a dizer." Isso me lembra meu livro de quase-cabeceira...
Mas isso aqui é muito bão, isso aqui é bão demais!
Ei: eu volto, heim?
Bjos

♪ Sil disse...

Tuca queridão!

Os dois bem que se esforçavam para entender o que o silêncio do outro queria dizer. Em vão: ambos os silêncios eram mudos.

(Que isso nunca aconteça entre nós dois - AMÉM)

hehehhe, inimaginável não gostar do que você posta!

Um beijo e um abração, nada silenciosos!!!

Anônimo disse...

Os monólogos silenciam...

(Que "diálogo" entre texto e imagens!)

Parabéns ao escritor e ao artista.

antonio cabrita disse...

excelente e na mouche, como sempre tuca. eis-me regressado de um longo abismo medieval, depois de um mes sem net em casa. abraçao cabrita

Emilia Vaz disse...

Verdade verdadeira curta e certa.É assim a maioria dos relacionamentos.
Bom fds,bjka

Katinha disse...

Tuca, lindos textos e ilustrações! Será que não tá na hora de apresentá-los também na versão papel?

MARILENE disse...

Amei!!!!!!!
E as ilustrações são ótimas!

Bjs.

Zélia Guardiano disse...

Show, Tuca!
Show!
Fui ao blog indicado: outro show à parte...
Abraço da
Zélia

Ira Buscacio disse...

Tuca queridíssimo, um diálogo de mudos que os surdos entendem bem.
Espécialíssimas frases e imagens, com grifo em Crescente.
Saudade!
Bj grande e bom sábado

Patrícia Gonçalves disse...

foram se as palavras, ficaram os dentes, por último, esses se foram também, um a um no ralo da pia, em seus lugares, botões, que reluzem afoitos com medo do cão da viúva e do silêncio mudo do casal sem dentes.

beijo

Tita Nasc disse...

seus contos de réis são sur-reais... além do real, no conteúdo, e bem mais valorizados que o real, como moeda!

beijos, querido

Marcel Zaner disse...

Tudo a ver com meu momento atual, Tuca. Sofri um nocaute do silêncio, o pior de todos, o camuflado em palavras...

Abraço

John Lester disse...

Parabéns pelo blog.

Americo Gentil disse...

Faz tempo que o Helio Jesuino não aparecia, hein. E voltou com força total, em três trabalhos primorosos!

Já os contos de réis, densos e certeiros como sempre.

Abraços

Frederica disse...

Amei os textos e as imagens, Tuquinha!
Bjs

Rita Santana disse...

Adorei as ilustrações; são quentes, fortes, abertas. A incomunicabilidade é tão séria, tão frequente nos meus contos; e foi tão divertido observá-la aqui, na leveza da exposição. Saudades de vocês. Virei mais vezes!

Jey Cassidy disse...

coisa mais genuína esse jesuíno.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
nunca tinha visto ele por aqui,ia amar uns diálogos desses estampados pela minha parede,mas não diálogos mudos fanfarrões no meu ser.porque até o meu silêncio fala pelos cotovelos.kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
bjos,tuca,querido!

Márcia Luz disse...

Silêncios e diálogos são assunto que muito me atrai! E essas ilustrações são lindíssimas!

Juan Antonio Torron Castro disse...

Unas composiciones muy interesantes.

Saludos.

heliojesuino disse...
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Hélio Jesuíno disse...

Que bom me ver de novo por aqui!
Me surpreendo sempre com teu olhar sobre os meus trabalhos, sugerindo leituras pra mim sempre insuspeitadas. Criando-os, não penso em significado; restrinjo-me ao 'fato plástico' que, sabe-se lá, já deve chegar cheio de más intensões... mas, repito, gosto de saber que comportam outras transcendências.
E é engraçado como o mesmo processo acontece com os seus leitores em relação aos seus textos...

Enfim, são os outros...

Abração

RosaDora disse...

consolo es genial!!!!

Gavine Rubro disse...

Muito bom.
Parabéns.

Estou seguindo o blog.

Um cabeçalho muito original e Poesia da interessante aqui expressa.

Abraço

Gavine Rubro
www.celularubra.blogspot.com

will-Art disse...

Very beautiful works!