. . . . . . . . . . . O meu coração nasceu nu,
. . . . . . . . . . . logo em fraldas embalado.
. . . . . . . . . . . Só mais tarde usou
. . . . . . . . . . . poemas como roupas.
. . . . . . . . . . . Tal como a camisa que punha
. . . . . . . . . . . levava sobre o corpo
. . . . . . . . . . . a poesia que lera.
.
. . . . . . . . . . . Vivi meio século assim
. . . . . . . . . . . até que, sem uma palavra, nos encontramos.
.
. . . . . . . . . . . A minha camisa nas costas da cadeira
. . . . . . . . . . . diz-me que hoje percebi
. . . . . . . . . . . quantos anos
. . . . . . . . . . . a decorar poemas
. . . . . . . . . . . esperei por ti.
.
& ...... & ...... & . ... . .. .. . . . . . .
.
. . . . . . . . . . . Sonho
.
. . . . . . . . . . . Numa cova de terra
. . . . . . . . . . . sepultei o sotaque
. . . . . . . . . . . da minha língua materna
.
. . . . . . . . . . . ali ficaram as palavras
. . . . . . . . . . . como agulhas de pinheiros
. . . . . . . . . . . juntas pelas formigas
.
. . . . . . . . . . . um dia o grito de outro vagabundo
. . . . . . . . . . . caminhando por ali
. . . . . . . . . . . talvez as traga de volta à vida
.
. . . . . . . . . . . e então sem frio e consolado
. . . . . . . . . . . ouvirá toda a noite
. . . . . . . . . . . a verdade numa canção de embalar
.
& ...... & ...... & . .. .. . . . . .
.
. . . . . . . . . . . Talvez no princípio
. . . . . . . . . . . o tempo e o visível,
. . . . . . . . . . . irmãos gêmeos da distância,
. . . . . . . . . . . tenham chegado juntos,
. . . . . . . . . . . embriagados,
. . . . . . . . . . . batendo à porta de casa
. . . . . . . . . . . antes do despontar da manhã.
.
. . . . . . . . . . . A primeira luz pô-los sóbrios
. . . . . . . . . . . e eles, examinando o dia,
. . . . . . . . . . . puseram-se a falar
. . . . . . . . . . . da distância, do passado, do não-visível.
. . . . . . . . . . . Falaram dos horizontes
. . . . . . . . . . . que cercavam tudo
. . . . . . . . . . . o que não tinha desaparecido ainda.
.
& ...... & ...... & . . . . . . .
.
Apenas nove dos cerca de 30 livros do escritor, poeta, pintor e crítico de arte inglês John Berger foram publicados no Brasil, e entre eles não está “And Our Faces...”. Quem quiser conhecer mais da poesia de Berger, corra ao blog do António Cabrita, aqui.
(.Muito obrigado, caro Cabrita, pela cópia dos originais da tradução, pelo PDF do teu livro de contos e, principalmente, pela consulta a 2 reais que para mim intermediaste com Obamobidê da Mafalala, poderoso pai-de-santo aí de Moçambique. O hômi é danado mesmo: curou-me daquela demoníaca ciática com a tal reza braba a distância e as três baforadas de cachimbo que enviaste-me, engarrafadas, por mar.)
36 comentários:
Já fui lá conferir o bloger...já ri aqui com seu adendo...(adendo é ótimo! :-))...e me impressiona sempre seu inteligente senso de humor. Tomara seja assim quase sempre, pelo menos os que estão em volta sentem-se tão leves, pensativos e agradecem. Adoro vir por aqui. A passagem, às vezes apressada, se demora mais do que o previsto...
Beijos,
Tuca,
Então, eu nunca ouvi falar no cara, e assumo isso sem nenhum rubor.
Mas como aqui, eu aprendooo pra caramba, além do seu post, fui pesquisar um pouco dele no site editoras.com.
Confesso que gostei, e agradeço por mais este "conhecimento".
No mais, queria te pedir um favor, e nem adianta xiar, que nem vai te custar nada:
- Me manda pelo sedex a baforada do cachimbo desse tal Obamobidê da Mafalala, que minha coluna tá impossivel.
Pega um vidrinho desses de massa de tomate mesmo (Com tampa que é pra não sair a baforada), e embrulha num papel de seda pra não perder as vibrações.
Manda o sedex a cobrar que eu pago (sei bem que vc tem um escorpião no bolso).
Sem mais, no aguardo.
hehehehehehe, um beijoooo meu mequetréfi preferido!
*•¨* ♥¨• ♥¨* •¨ ♥* ¨•¨♥¨•* ¨♥¨*.¨♥¨.*¨. ♥¨*
Vim desejar um fim de semana de bençãos.
Filipenses, 4:6 - Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
Deixo um abraço de paz e alegria.
*•¨* ♥¨• ♥¨* •¨ ♥* ¨•¨♥¨•* ¨♥¨*.¨♥¨.*¨. ♥¨*
Que achado precioso!, hein Tuca?
Não conhecia esse poeta, tão original...
Ah, acho que vou querer também "umas baforadas" daquele cachimbo a distância...rrss:)
beijos
Vizinho!
Venha com sua rasteira que eu te dou um IA! E boto em pedaços d’ovos tua xícara! Sou faixa preta, mano! (faixas pretas, pretinhas básicas de censurar os óvulos, se é que me entende...hehehe...).
Quanto ao Obama, querido, ao invés de me dedurar, o senhô podia é ter se anelado à nossa causa-cloaca EGGS WE CAN. juntando uns fritos e mexidos!
Heim?
Beijos estalados!
(e quanto à proposta propostada no e mail? Chocou?)
la brevedad de la existencia, nos muestra el poeta en sus poemas...
muy bellos, estimado Tuca, dejo mi saludo de amistad para ti
que poemas fantásticos, Tuca.
o último me fez cair o queixo!
beijo
"A primeira luz pô-los sóbrios
e eles, examinando o dia,
puseram-se a falar
da distância, do passado, do não-visível.
Falaram dos horizontes
que cercavam tudo
o que não tinha desaparecido ainda."
Mágicos!
Fui lendo e sendo levada, conduzida pela palavra e o encantamento aconteceu.Anotar o nome e pesquisar. Os seus leitores trouxeram outros prazeres e alegrias. Você e os seus pares me fazem rir. E rir é maravilhoso! beijos!
Poemas belíssimos, Tuca, carregados de nostalgia... Obrigada por partilhar conosco!
Quanto às infalíveis baforadas...faiz siguinte, tenta enviar pra mim uns dois cigarim da erva que o hômi usa no cachimbo que eu mesma fumo... rsrs
Beijos e um ótimo final de semana!
luzes em meio as trevas do subconsciente.
Que poeta!
Adorei, Tuca.
E a foto é muito especial também.
Beijo
Inacreditável como não se dá aqui o devido destaque a poetas dessa grandeza. Passei no blog do Antonio Cabrita e me encantei mais ainda com as maravilhas do John Berger que ele postou.
Abraços
Belos versos traduzidos pelo gajo!!
obrigada por compartilhar..
quanto ao complemento do Tuca, impagável! como não poderia deixar de ser!!
Abraço grande!
Simplesmente mágica a poesia do John Berger, Tuca.
Beijos
PS. Não costumo criar jacarés na minha cristaleira, seu boateiro sem escrúpulos. Nem tenho cristaleira. Crio hipopótamos, mas numa gaveta da cômoda!
Tuca, meu amigo...
Que maravilha o Berger!!! Obrigada por proporcionar esses encontros poéticos e sonoros fantásticos.
Perdoe minha ausência, viu!!! Ainda bem que não tive que lhe dar o trabalho de me enviar o XT movido a carvão (risos).
Beijo bem grandão, querido!
John Berger é um dos nomes mais importantes da literatura inglesa contemporânea.
Parabéns ao Helder Moura Pereira pelas ótimas traduções e a você, Tuca, pela divulgação.
Um poeta da pesada, Tuca. Valeu mesmo!
Tuca, meu queridão, que maravilha de poeta! Não conhecia, mas to na cola dele. Amei!
Agora fala aqui. Eu com fibromialgia, Sil com 7 pinos na coluna e pelo que li, alguns dos seus leitores tb tão encrencados. Aí vc me posta as três baforadas curadoras de cachimbo. To com a leve desconfiança que vc ta pretendendo fazer comércio com a mandinga do tal pai de santo. Na dúvida, me manda tb um vidrinho.
Bjocas e linda semana.
Tuca,
Sobrou um cadim da minha peste vertebral ai?
Preciso enviar ao Wilden!
Ele agora tbm é o kirido da Silzinha.
Um beijo!
(Morrendo de rir aqui)
Quero pitá fedegosa não, Tuca! Afinal as coisas não andam tão mal assim pro meu ladinho...nada que um bom banho quente e uma boa noite de sono não resolvam... rsrs
Beijo, sabor hortelã! rsrs
Passei...gostei do que li e tomei a liberdade de seguir, para poder voltar mais vezes, beber desta bela poesia.
Um abraço
Sonhadora
caro tuco,
é a primeira vez que me aventuro pelo teu cosmos poético e logo acenas com três poemas de finíssimo recorte...
é espantoso como as editoras que investem em poesia fecham portas ou procuram novos nichos de valência mais-que-duvidosa... restam as edições próprias aos poetas.
um abraço!
Meu querido amigo blogueiro,
A poesia faz a curva lá onde o rio faz a curva e ninguém sabe o que virá depois...BeijooO*
Excelente semana para vc, amigo blogueiro!!
Bjs!!
Impressionante esse Berger. Achei os três poemas fortíssimos, assim como os outros postados no Raposas a Sul.
Abração
Ô Tuca, tudo joia? Rapaz, vivo eu estou, já lépido e fagueiro é outra história, sacumé, sou aquele "inimigo de ieu mesmo, sô!"
Rapaz, eu já ouvira falar de Berger através de algumas citações do professor e poeta Afonso Romano de Sant´Anna. Ele, Berger, tem uns ensaios sobre o modo como vemos (enxergamos) a arte que são fantásticos. Não por acaso o Sant´anna chegou a escrever algo sobre a visão, arte e o mundo.
Mas poesia é novidade pra mim. Por isso, valeu mesmo pela informação que encontrei aqui. Bom mesmo!
Um abraço procê e boa semana!
Meu coração ainda está nu,
está off.
Tuca, queridão.
Vim deixar uma beijoka!
E suas vértebras, como estão?
Que Blog legaaaaall parabéns!
O dia que tiver um tempinho da uma olhada no meu??
www.desenhadinho.com
já te seguindo!
Adorei teu espaço...Grande abraço.
que lindinho...
Com muita técnica
Tuca,
Vim conhecer o seu blog e vou aceitar a sugestão de visitar o Antonio Cabrita.
Gostei do que li. Obrigada!
Oi, Tuca
Só hoje vim aqui e sua postagem é de 25 de março! Tem faltado dia para as minhas horas.
Que lindos os poemas e o título da obra!
Beijos.
nasceu nu e não foi vestido que não se acertou nas roupas não gostou das cores incomodaram os tecidos caíram os botões rasgaram-se os panos
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