quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Pimba!


.
.

Anga Mazle . . . . ... . .

Cuidava de seus passos. Chão, não era com ela, não.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . – O que você vai ser quando crescer?

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . Velha, .

­Recuperou tudo que perdera na vida exceto a alma.

Fala pelos cotovelos. Se é fofoca, pelos tornozelos.

Medo da palavra barbatana. Lembra tubarão. Pior: guarda-chuva.Sabia desde menina: os espelhos nos vigiam.

Noite chuvosa. Aqui dentro, um sol escandaloso.

Largou as malas, o dinheiro e o marido. Viajou.

Cismou que só aprende o que esqueceu.

– O que há com este seu dedo? Nada em mim é buzina!
Estuda levitação. A fundo. Só os outros levitam.

Solteiro, era tarja vermelha. Casado, preta – mas vendido sem receita.

Levantou tão rápido que a cama foi junto, no vácuo.

Pedia licença até para entrar em depressão.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . – Auxílio à lista telefônica.!

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . – Me vê o número do homem certo.!

.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Do feminino à flor da pele

.

Feminino
Num passe de mágica, tornara-se mulher. A mulher mais linda do mundo. Mas logo o encanto se quebrou, estilhaçado pelo olhar impiedoso do espelho.

O olho
É cega de um olho, mas isso não me incomoda nem um pouco. O problema é o outro, que enxerga demais.

.
Quatro letras
Duas pombas aos arrulhos, namorando no cocuruto da estátua. A garota correndo e arrastando pela coleira sua cadela no cio, seguidas por todos os vira-latas da praça. E a velha, sentada no banco, quebrando a cabeça numa palavras cruzadas: “prática à qual a libido induz... quatro letras...”

Sereia
Conheceu uma sereia. Se apaixonou, no ato, pela metade boa de cama. E comeu, frita, a metade que não tinha espinhas e falava demais.

À mercê dos ventos
Cansada de tanto sonhar, parou no meio do caminho, à mercê dos ventos que, pouco a pouco, a levariam de volta ao nada de onde partira.

Quebra-cabeça
Ela ruiu por completo, mas aos poucos foi se remontando, como num quebra-cabeça. No fim, faltava uma peça: justo a que a levara à ruína.
..
Silêncio injusto
Ela justificou-se, chorando; caiu de joelhos, suplicando perdão. Mas ele se foi, sem dizer nada, sem sequer aplaudir o seu ótimo desempenho.

Irretocável
Quando jovem, o seu problema era achar o batom na bolsa. Hoje, é achar os lábios.

Queira Deus
Na casa dos espelhos, ela já não sabia qual das mil imagens do filho era ele. Catou quantas pôde e saiu. “Queira Deus que uma dessas seja ele.”

Água-viva
Miúda e tímida, chegava e nem era percebida. Que a molestassem, porém, por intento ou por descuido, para ver o quanto ardia tanta transparência.

O terço final
Um terço da vida a juntar retalhos; mais um terço, a emendá-los. Com a colcha pronta, cobriu-se toda, emendando o terço final na eternidade.


À flor da pele
Podia vestir-se dos pés à cabeça que, ao sair à rua, todos a viam completamente nua. Preferia correr pelas matas, em dias assim – de alma à flor da pele.

* * * . . . . . . . * * * * * . . . . . . . * * * .
Silêncio injusto: imagem extraída do excelente blog de Helena Castelli

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O time de mulheres que eu descarto

.

Teophanio Lambroso . . .

1 A mulher que não fala. Antes da que fala demais. Mas depois da que fala, moderadamente, só frivolidades e mentiras.

(Eu sei, eu sei: há mulheres que fazem as três coisas. Algumas, até ao mesmo tempo! Mas aqui só estou tratando do descarte de mulheres que, no máximo, sofrem de pequenas patologias insuportáveis. Quanto a tais malabaristas psicopatas, quero mais é que o diabo as carregue pro inferno dos manicômios, dos desertos ou do Cirque du Soleil.)

2 A que acredita que só existe uma maneira de fazer ou de arrumar todas as coisas da casa: a dela. Ou, pior: a da mãe dela!

3 A que consegue entender o que é o impedimento no futebol. É a mais perigosa de todas, capaz das maiores atrocidades. Como, por exemplo, convencer o infeliz apaixonado por ela de que o futebol americano é bem mais simples e interessante que o nosso.

4 A que não sabe abrir um vidro de geléia, trocar uma lâmpada, tirar um parafuso – e, no entanto, sempre se mete a fazê-lo, apertando ainda mais a rosca. A essa não adianta tentar explicar que tudo que é rosqueado abre no sentido anti-horário, porque ela tem uma rosca mental apertadíssima. Sem nenhum e em todos os sentidos!

5 A que interrompe as preliminares – e às vezes a própria transa! – para perguntar: “Você me ama?”

(Se ela perguntar só uma vez, eu finjo que não ouvi, tento concluir a missão e depois a dispenso elegantemente. Se perguntar uma segunda vez, eu imediatamente procuro o pino de ar, esvazio-a, enrolo e envio por sedex pro meu pior desafeto!)

6 A que estica aqui, remenda ali, estofa acolá... plantando por todo o corpo silicone, botox, tatuagens, piercings, unhas postiças, lentes de contato coloridas, tubos e conexões Tigre... dentre outras agressões ecológicas cujo único sentido é comprovar aquilo que todo mundo já sabe: que ela tem mais lixo não reciclável na alma que miolo na cabeça.

7 A que na hora de botar o filhinho para fazer pipi, arria-lhe o calção. Ora, caríssima mamãe... basta tirar o piupiu do menino por uma das pernas do calção.

(Atenção, louras genuínas: não tentem fazer isso com a pepeca da filhota!)

8 A que passa a semana inteira tendo uma dor de cabeça que começa, pontualmente, na hora em que você manifesta desejo de transar e, quando chega o fim de semana, vem lhe comunicar, justo quando você está, por exemplo, sentado diante da tevê aguardando a cobrança de um pênalti a favor do seu time: “Ben-nhê... tô com um tesão...”

9 A que não consegue perceber que o pênis não é um brinquedinho dela – nem do homem! – mas tão-somente o único instrumento carnal de uso comum durante a relação sexual.

10 Qualquer uma das bilhões de insensatas em todo mundo que até hoje não manifestaram o interesse – natural e saudável – de me conhecer.

11 Todas – TODAS! – as que têm o pior defeito que uma mulher pode ter: não gostar do Teopha!

Imagem extraída do blog The hottest shit

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Peças íntimas

.


Elza Magna . . . , .

Querer

– O problema, amor, é que eu não sei bem o que eu quero.

– Escolha uma opção qualquer, querida, e vai fundo.

– Como, se nem sei quais são as opções?

– Então não há nada a fazer. Problema resolvido.

– Resolvido, merda nenhuma. Seja lá o que for que eu queira, eu quero, quero muito e quero agora!

.

Escuridão

– Espera, bem. Deixa eu apagar o abajur.

– Que isso? Você nunca teve essa frescura de transar de luz apagada.

– É que antes, eu...

– Você se fazia de desinibida pra me seduzir.

Antes, eu...

– Você não tinha tanta ruga e celulite.

Eu...

– Fala logo, porra!

– Eu não precisava sonhar que estava transando com o homem que eu amo.

.

Promiscuidade

– Você não tem vontade de transar comigo e com outra mulher?

– Você quer dizer a três?

– Ou a quatro. A Dê e a Lica já me disseram que te acham um tesão.

– Ficou louca, amor? Eu, transando com você, sua prima e sua melhor amiga?

– O que que tem? Você acha elas sem graça?

– Não. Elas são bonitas e muito sensuais. Acontece que eu não preciso de mulher nenhuma além de você.

Sei que não. Mas é uma vezinha, só para quebrar a rotina.

– Não dá, não. Já tive essa fantasia na adolescência. Mas hoje...

– Teve?

– Tive. Todo homem tem.

– Tem?

Acho que sim. É uma coisa natural.

– Natural, né?... Suma da minha vida, já, seu cínico, tarado, promíscuo!

. . . . . . . . . . . . . . .. * * *. . . ... . . * * *. . . .. . . . * * *

. . . . . . . . .... . . Imagem extraída do blog Cavalo Crazy

.