segunda-feira, 25 de outubro de 2010

35 anos do "suicídio" de Herzog

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Perícia para Vladimir Herzog*

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 25.10.1975. –– .25.10.2010 .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ricardo G. Ramos .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Resta hoje o inquérito

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Porque o corpo sem voz

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Não serve mais

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Nem corre nem nada

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Porque no corpo sem vida

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Não batem mais

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Resta

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .A dificuldade técnica

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Do morto

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Subir no colchão

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Do morto

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Na grade metálica

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Da laçada de nó corrediço

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .De uma cinta de tecido verde

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Eis a dificuldade única

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Do morto suicidar-se

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Do morto assinar-se

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Na TV colorida do sábado


. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . *do livro O Santo Sumário




Suicidado pela ditadura

O jornalista Vladimir Herzog, 38 anos, casado, pai de dois filhos e diretor de jornalismo da TV Cultura, foi encontrado morto, supostamente enforcado, nas dependências do 2ª Exército, em São Paulo, em 25 de outubro de 1975, durante o governo do ditador Ernesto Geisel. No dia seguinte à morte, o comando do Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão de repressão do exército brasileiro, divulgou nota oficial informando que Herzog havia cometido suicídio na cela em que estava preso.

A versão oficial foi refutada pelos movimentos sociais de resistência à ditadura militar. Uma semana após a morte do jornalista, cerca de oito mil brasileiros participaram de uma missa ecumênica organizada por D. Paulo Evaristo Arns, pelo reverendo James Wright e pelo rabino Henri Sobel.

Três anos depois, no dia 27 de outubro de 1978, o processo movido pela família de Herzog revelou a verdade sobre sua morte. A União foi responsabilizada pelas torturas e pelo assassinato do jornalista. Foi o primeiro processo vitorioso movido por familiares de uma vítima do regime militar.

Fonte: PortalTerra

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30 comentários:

Rebecca Rosenbaum disse...

hola Zamagna,
no hay nada como la libertad en todo su sentido de expresión.
Lamentablemente mucha gente en Latinoamérica tiene los ojos cerrados todavía.


un abrazo matutino bajo la luz de la luna todavía a las 8:10 de la manana ^^

Rick disse...

Muito importanteessa homenagem!
As pessoas precisam saber que pessoas como o Vladimir Herzog deram a vida para garantir a liberdade que hoje temos, que não é a ideal mas é muito melhor que aqueles tempos difíceis de ditadura.

Um abraço

Ives disse...

Triste saber, e importante! abraços

Patrícia Gonçalves disse...

Incrível do que somos capazes, ainda prefiro e preciso acreditar no resgate do homem, que somos humanos.

Boa lembrança, tava com saudade de passar por aqui!

Beijos querido

P.S - a palavra verificadora (VP) é lotou, pode ser, lotou o saco!

Jaime Guimarães disse...

Nestes tempos estranhos em que vemos certas ideias, organizações e métodos que julgávamos haver desaparecido ressurgem de maneira escancarada, o alerta do caso Herzog é mais do que oportuno.

Abraço!

Jorge Manuel Brasil Mesquita disse...

E as verdades vêem sempre à superfície, tal como azeite. Umas são lentas como o caranguejo, outras são rápidas como a lebre, mesmo que haja um caracol, por perto.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 25/10/2010

♪ Sil disse...

Uma época que não deixou saudade..

Um beijo, meu querido!

Aloisio Trobinski disse...

O Jaime já disse tudo, Tuca. Fatos como o assassinato brutal e covarde do jornalista Vladimir Herzog parece que são ignorados ou esquecidos por muitos brasileiros, que invertem a realidade, atribuindo aos que lutaram contra o terror a pecha de terroristas.

Abração

Regina Conde disse...

Um herói da democracia, um nome que jamais pode ser esquecido pelos que sonham e lutam por um Brasil de todos os brasileiros.

Parabéns pela sensível e competente homenagem, poeta Ricardo Ramos! Parabéns pela oportuna divulgação, Tuca!

Beijos

Regina Conde disse...

Um herói da democracia, um nome que jamais pode ser esquecido pelos que sonham e lutam por um Brasil de todos os brasileiros.

Parabéns pela sensível e competente homenagem, poeta Ricardo Ramos! Parabéns pela oportuna divulgação, Tuca!

Beijos

Aleatoriamente disse...

O tempo e a crueldade das coisas...
Qualo tamanho do desespero? Menor que o mar, maior que um grão de areia.

E amar é tão simples.

Tuca obrigada pela visita, amei!

Beijinho.
Fernanda.

Zélia Guardiano disse...

Lembro-me perfeitamente do caso: foi tristíssimo!
Sempre estive atenta a esses acontecimentos, porque meu pai foi vítima do golpe de 64: nem é bom lembrar...
Postagem mais do que importante: necessária.
Grande abraço!

Angela disse...

Belo poema! Emociona na medida certa a forma como o autor faz emergir toda o drama grotesco do episódio apenas recriando, com precisão cirúrgica, a cena criada e oficializada pelos capatazes do fascismo de então.

O verso final, perfeito pela ironia que desmacara a hipocrisia toda, é uma ponte para o presente de mentiras "oficializadas" através da TV que representava e parece ainda representar o obscurantismo mais cínico e perverso.

Bjs

Anônimo disse...

la muerte de los sin voz, la muerte de los desesperados mudos que no saben, que no tienen un plato de comida, ni en sus venas corre sangre de libertad.
excelente post.

Maria Janice disse...

Tuca!!! Tuca... Tuca?!

Guri! O que foi aquele quase colóqui lá no meu microcosmos?

Primeiro, lisonjeada-validada ao cubo! Vindo de ti,dispensaria comentários. Mas mesmo dispensando eu não vou dispensar: amei, amei, amei.Tuas observações inteligentes (perspicaz o moço, para dizer o menos - isso tenho lido por aqui) e com a nota de humor que o tema pede, trouxeram pontualmente a antitese do universo feminino. Encaixe perfeito no artigo. Se tivéssemos combinado escrever juntos não sei se renderia daquele jeito, mas já fiquei imaginando o 'caldo' que dá teu substrato todo sobre a FEMEA rsrsssr.Adorei ela.

Segundo: Herzog.Nunca, em tempo algum, deve ser esquecido o símbolo do reconhecimento legal do descalabro que foi a ditadura. Obrigada por fazer lembrar a todos nós.

Beijos.

Fabi disse...

Há fatos que não podem de jeito nenhum serem esquecidos. E no entanto, parece que muitas pessoas sempre dão um jeito de esquecê-los...

Graça Pereira disse...

Estes casos são importantes serem divulgados...não só porque Herzog merece ser homenageado mas tambem porque, hoje em dia, a democracia apresenta alguns sintomas de estar doente...mais vale prevenir!!
Beijo
Graça

Valéria lima disse...

Época difícil! E foram muitos os heróis.

Anga,
começa fazer origami pelo aviãozinho, é mais fácil do que fazer bolinha de papel e ficar por aí causando traumatismo craniano em político safado!

BeijooO*

Antonio Alves disse...

Herzog é quase um Tiradentes, Tuca. A diferença é que foi condenado, sem julgamento público, a ser a vítima e seu próprio algoz. A ditadura militar soube ser bem mais dissimulada e maquiavélica que a Coroa portuguesa.

Belo o poema do Ricardo!

Um abraço

Tita Nasc disse...

Não li nada no Globo a respeito desta data tão importante para a história política e social do Brasil, Tuca. Parece que a baixaria que o jornal está promovendo na campanha presidencial é mais importante...

Forte e comovente o poema do Ricardo Ramos!

Beijos

Tuca Zamagna disse...

Tem razão, Rebecca. Mas acho que aos poucos nós, latino-americanos, estamos caminhando em direção à liberdade, à medida que temos procurado nos unir por uma independência econômica em relação ao controle predatório da política norte-americana no continente. A consolidação do projeto do Mercosul - e o não à Alca ou similares - já será um passo gigantesco nessa direção.
Viva a lua matunina, que é a futura mamãe do sol noturno!
Beijos

Incomparavelmente maior, Rick. Pena que tenha gente que não veja assim, como se tivesse saudade das trevas da opressão social, econômica e cultural.
Abraços

Mais triste que saber, Ives, é o risco de reviver. Que o novo seja sempre realmente novo, sem elos com o passado que acorrenta!
Abraços

Podemos acreditar, Patrícia. Basta estarmos atentos, prontos para lutar por isso.
Saudade também da sua presença sempre festiva e estimulante.
Beijos

Você disse tudo, Jaime. Esse é o ponto!
Abraços

Tuca Zamagna disse...

Verdade, Jorge Manuel. Se bem que às vezes fico na dúvida se é a verdade que ascende, à medida em que o tempo a vai tornando leve e suportável, ou se a mentira é que acaba afundando, gorda de tão porca que é.
Abraços

Não deixou saudade em nós, Sil. Porque o que tem de viúva da ditadura por aí, tramando nas (e clamando pelas) trevas, "não tá no gibi", como se dizia naquele tempo.
Beijos

Sim, Aloísio. Essa prática de inverter a realidade é velha. Mas, infelizmente, continua atual. O caso recente mais clamoroso foi o protagonizado pela grande mídia conservadora, que acusou a Petrobras de atentar contra a liberdade de informação quando a empresa criou aquele site para publicar na íntegra as entrevistas de seus dirigentes e técnicos que eram "editadas" por veículos da grande mídia.
Abraço

Agradeço pelos parabéns ao Ricardo e a mim, Regina. Parábens pra você também, e em dose dupla: por seu comentário sucinto e perfeito e... por nos dar parabéns!!!
Beijos

Aline Chaves disse...

Sensacional, Tuca. Fiquei muito emocionada com a lembrança desse trágico e abominável episódio, com o belo poema do Ricardo G. Ramos e com o sensível aproveitamento da foto (se não me engano, a última do Herzog vivo).

Beijo!

Palavras Vagabundas disse...

Tuca, passeando cheguei aqui... que bom alguém lembrar de Herzog.
Era aluna dele em 1975!
abs
Jussara

Marcel Zaner disse...

Muito bem lembrado, Tuca!

Infelizmente, a alcatéia que matou Herzog e tantos outros bravos e dignos brasileiros continua à solta, e mostrando as garras nesta campanha eleitoral.

Que as urnas lhe dêem mais uma lição!

Abração

Felipe Sérvulo disse...

Te dejo un abrazo.

Lisarda disse...

Ayyy...esos raros suicidios involuntarios...

Priscilla Marfori... disse...

É sempre bom passear por aqui, voltamos com coisas boas!
B-Jos.

Anônimo disse...

Mil gracias por tu visita y tu comentario. Eres bienvenida a mi blog.
Un abrazo,
Mario

nuno g. disse...

enquanto isso nos palácios da terra brazilis Romeu Tuma recebe homenagens de TODOS os lados e minutos de silêncios incompreenssíveis...