quinta-feira, 13 de maio de 2010

A pátria de chuteiras... de chumbo!

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Não queria comentar aqui no blog sobre a Seleção Brasileira. Não sou bom cronista esportivo; e de maus cronistas esportivos a grande mídia já está abarrotada. Nem do título de campeão carioca recém-conquistado pelo Botafogo, meu time, eu falei aqui. Mas não consegui amordaçar todos os meus nove cotovelos (pelas minhas modestas contas; meu amigo Hélio Jesuíno diz que são bem mais). Tarefa impossível, diante das asneiras ditas pelo Dunga por ocasião do anúncio oficial da sua pífia lista de jogadores convocados para a Copa.

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Não que falar asneira seja algo incomum na curta carreira de treinador do ex-cabeça de bagre canarinho. Pelo contrário, emitir zurros é um hábito que ele cultiva com esmero, tanto que fez questão de ter como auxiliar-técnico o Jorginho. Sim, aquela cavalgadura carola que, tempos atrás, ao assumir a direção técnica do time do América, propôs a excomunhão do tradicionalíssimo símbolo do clube – o diabo –, sugerindo, para substituí-lo, a celestial imagem da águia norte-americana!

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Mas o que me incomodou mesmo, dentre as várias besteiras proclamadas em tom patriótico pelo Dunga, foi aquela tentativa de justificar os seus critérios de convocação afirmando que só sabe daquilo que presencia e que, portanto, não poderia dizer, exemplificou, “se a ditadura militar foi boa ou não”. Valei-me, todos os mártires da quartelada! Devo deduzir que o católico Dunga, provavelmente de braço dado com seu evangélico assistente exorcista, testemunhou a crucificação e a ressurreição de Cristo?

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Ora, mano Caetano (este é o segundo nome – altamente sugestivo, não? – do treinador que fala tanta bobagem), você nasceu no ano anterior ao do golpe de 64. Como conseguiu passar toda a infância e adolescência sem tomar conhecimento de que vivíamos sob um truculento regime militar? Além do mais, como jogador e treinador de Seleção, você é um dos filhos da grande mãe de todos os treinadores que passaram pela Seleção em Copas do Mundo nos últimos 40 anos: Zagallo, o que trouxe, no auge das trevas ditatoriais, a Taça Jules Rimet de vez para nós – ou melhor, para os ladrões que a derreteram e venderam o seu ouro.

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(Obs.: Telê Santana não passou pela Seleção; a Seleção é que passou por Telê Santana em duas Copas, sem guardar, infelizmente, as lições de futebol que ele deixou.)

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Sim, Dunga, você é um zagalídeo (trocadilhando com o Dr. Toledo, por favor), como Parreira, Coutinho, Lazaroni e Felipão. Uma gente que gosta pouco de futebol e demais de resultado. Uma gente cheia de teorias e crenças duvidosas, como essa de que o importante é o grupo, ou a de que jogador precisa ser testado com a camisa amarela antes de ir a uma Copa do Mundo.

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As teses fundamentais do futebol de resultado

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Citei essas duas teses, especificamente, porque ambas foram lançadas na Seleção por Zagallo. A do “grupo" tem como referência o grupo campeão de 70, que o vaidoso e arrogante “vencedor de quatro copas” diz ter sido criado por ele. Mentira. Ele herdou o grupo que João Saldanha havia convocado para a Copa e fez o possível para piorá-lo, cometendo as seguintes barbaridades:

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. . . . . - Convocou o trombador Dario, para satisfazer o ditador Médici, ficando com dois homens de área típicos (o outro era Roberto) e nenhum reserva com as características de Pelé e Tostão;

. . . . . - Cortou o ponta-direita Rogério, machucado, e convocou um terceiro goleiro, Leão, deixando Jairzinho sem reserva;

. . . . . - Encaixou Rivelino no time, o que foi ótimo, mas levou para o México os dois pontas-esquerdas convocados por Saldanha, porque não teve peito para cortar o Edu e enfrentar a fúria dos paulistas;

. . . . . - Cortou o grande Dirceu Lopes, deixando Gérson sem substituto, e levou dois reservas (Joel e Fontana) para o improvisado quarto-zagueiro Piazza, o que fez também com que Clodoaldo não tivesse quem o substituísse. Dizem que o cortado seria o Fontana, como era mais lógico, mas que o violento zagueiro do Vasco, ao ser comunicado de seu corte, deu um soco na mesa e ameaçou matar o Zagallo, fazendo-o voltar atrás e cortar o meia do Cruzeiro. Há pouco tempo, o próprio Dirceu Lopes confirmou essa versão, dizendo ainda o seguinte: “Eu era muito tímido, não sabia bater na mesa.”

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E esse foi o grupo que inspirou a “tese do grupo”...

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A amarelinha e o amarelão

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Quanto à outra tese, a do teste com a “amarelinha”, ela tem o seu fundamento mais importante forjado lá mesmo, na Copa de 70, com a “amarelada” do jovem lateral-esquerdo Marco Antonio. O fato é notório, indiscutível. Só que Marco Antonio amarelou não porque tivesse pouca idade, mas porque era naturalmente complicado, tanto que continuou amarelando durante toda a carreira. E mais: Clodoaldo e Paulo Cesar, que eram tão pouco experientes quanto o amarelão, não amarelaram. Como Edu, que tinha a mesma idade de Marco Antonio, não teria amarelado se tivesse sido escalado: quem estreou no time do Santos com 16 anos, jogando ao lado de Pelé e Coutinho e comendo a bola, só amarelaria de vergonha, por não ter a menor chance de ser titular naquela seleção - como não teria em qualquer time dirigido por Zagallo, que não gostava de ponta-esquerda muito ofensivo, só dos que jogavam recuando para marcar, à imagem e semelhança da “formiguinha” de 58 e 62.

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E o fantasma do amarelão passou a assombrar uma sucessão de treinadores frouxos, fechando as portas da Seleção para inúmeros jovens talentosos que podiam ter reforçado o time do Brasil em várias Copas de lá para cá. Alguns exemplos retumbantes:

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. . . . . - Em 74, Zico. Mesmo após a contusão de Leivinha, Zagallo não convocou a maior revelação do futebol brasileiro da época. Preferiu chamar o Mirandinha, que chutava com a canela mas tinha experiência. E não é que Zagallo até hoje se gaba de ter “descoberto” o Zico, lançando-o no time do Flamengo em 72?

. . . . . - Em 78, Júnior e Falcão, já então titulares absolutos no Flamengo e no Inter, respectivamente. Claudio Coutinho preferiu improvisar Edinho, ótimo zagueiro mas lento como lateral-esquerdo, e levar o grandalhão e violento Chicão, abrindo mão do futebol refinado dos dois “inexperientes” craques.

. . . . . - Em 94, Ronaldo Fenômeno e Roberto Carlos. Ronaldo só foi à Copa porque Parreira, pressionado por toda a imprensa e opinião pública, convocou-o para o último amistoso preparatório. Lançou-o em campo no final do segundo tempo, só para não dizerem que não dera chance ao garoto. E não é que o raio do artilheiro inexperiente entrou e comeu a bola, fazendo até gol? Ah, mas naquela final que a Itália estava pedindo para perder não cabia lançar o craque. Melhor era botar o pesado Viola, que era medíocre mas tinha experiência. Quanto a Roberto Carlos, considerado por todos o melhor lateral-esquerdo do Campeonato Brasileiro daquele ano, perdeu a vaga para o velho “homem de grupo” Branco, que mesmo contundido foi convocado para ser o reserva de Leonardo – o jovem mas experiente jogador que fez aquela lambança no jogo contra os Estados Unidos e foi excluído da Copa. Por sorte nossa, parece que os holandeses ignoravam que Branco não estava 100% e que tinha chute forte e preciso, quase tão forte e preciso quanto o do inexperiente Roberto Carlos.

. . . . . - Este ano, Paulo Henrique Ganso – o melhor dentre os armadores jovens, habilidosos e inteligentes que surgiram ultimamente, todos mais criativos do que os que fazem parte do “grupo”. Ou alguém que torce para um clube grande sonha em ver brilhando no meio-de-campo do seu time “craques” como Elano, Felipe Melo, Ramires, Kleberson, Julio Batista etc. São tão medíocres que não será nenhuma surpresa se os dois laterais reservas (Daniel Alves e Gilberto) acabarem ganhando uma vaguinha ali no meio.

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Li há pouco que o Botafogo já acertou com o Hoffenheim, da Alemanha, o retorno do Maicosuel. Tomara, porque taí outro “inexperiente” que joga mais bola que toda a cambada de meio-campistas do Dunga, com exceção do Kaká, é claro.

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A colagem que ilustra este artigo foi feita a partir de outra – esta, abaixo, de John Heartfield, um dos precursores da técnica.



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9 comentários:

Americo Gentil disse...

Concordo que essa mentalidade que impera no futebol brasileiro é realmente muito nefasta, Tuca. Mas você não está sendo duro de mais com o Zagalo? Afinal de contas, à parte a sua personalidade egocêntrica, ele teve uma carreira brilhante como jogador e técnico.

Marcel Zaner disse...

Eu também não gosto do Zagallo. Mas só o acompanhei da Copa de 94 para cá, não sabia quase nada sobre as lambanças anteriores dele e do "zagalídeo" Claudio Coutinho. Só discordo de você numa coisa: o Dunga não era um craque mas também não era um cabeça de bagre. Como jogador, que como técnico é um cabeça-de-jaú!

Anônimo disse...

hola buenas noches,agradezco que te hayas sumado a seguidores, solo pido que cuando quieras comentes x lo demas te agradezco mucho,que estes por aca!
un abrazo
lidia-la escriba


solo te pido no borres mi suscripcion el fedd de mi blog no se puede arreglar y no veras mis post nuevos,ni yo los tuyos asi que esta manera, me permite saberlo

Aline Chaves disse...

Tenho horror dessa gente que se diz patriota e, politicamente, está sempre em cima do muro.

Anônimo disse...

la "desinformacion" baja de los medios,que responde al poder ejecutivo en mi pais,y algunos empresarios, total a quien le importa? no...a nadie,son indignos de decirme en la cara mentiras, sin siquiera elaborar, son manipuladores del todo, del todo y cuando digo esto no digo ESTAN ENFERMOS, quieren mas ,mas, mas, mas poder!los peronistas son así de deerecha extrema,TODOS, jamas existio una izquierda peronista,si fuimos usado por perón,para regresar al país y ordenar a los sindicatos y echar a los jovenes-yo estaba-de su discurso,de sus vida y muerte...y sigue siendo una bolsa de gatos,los peronistas son como ellos,se pelean y terminan comiendo en el mismo plata...ajjj que fastidio,ya que no bajaron de marte,jupiter o saturno,alguna vez alguien los voto...
perdón pero a mi me pone furiosa este tema
un abrazo
lidia-la escriba

Tuca Zamagna disse...

É uma questão de opinião, Americo. O que eu sei, por todos que o viram jogar, é que ele era um jogador mediano. Quanto ao técnico, já começou com o pé esquerdo: baniu do Botafogo o grande Afonsinho, pra fazer média com um diretor idiota da época. E fez isso o tempo todo de lá para cá. Se há brilho em ser puxa-saco, pusilânime, então Zagallo foi brilhante mesmo.

Também acho que exagerei um pouco, Marcel. Mas, pelo conjunto da obra...

Obrigado a você, Lidia. Já me alistei no "Ejercito de Poetas" e agora seguirei o caminho da Anga e da Elza, rumo ao seu blog pessoal. Quanto ao desabafo, fique à vontade para falar o que sente e pensa. Só não comento sobre a situação política da Argentina, pois você por certo conhece infinitamente melhor do que eu. Aparecerei para ler e comentar suas postagens sempre que puder. Um abraço

Eu também, Aline. E eles são tantos que, imagino, já haja escassez de muros.

Zaratustra disse...

Embora Felipao tenha a fama de retranqueiro, nos times onde passa sempre tem criaçao e em 2002 querendo ou nao jogamos bonito.

O problema do Dunga e do Felipao (antes de mais nada, nao gostei tanto da lista, embora aqueles mala dos santos eu nao chamaria do mesmo jeito) é que sao treinadores com personalidade, que nao se deixam levar pela maré de palpiteiros.

Felipao é teimoso, mas pergunte a qualquer torcedor cujo time foi treinado por ele para ver o que pensam do rapaz. Felipao sabe o que faz, porque onde vai é campeao.

Agora o Dunga nao se sabe se teve sorte ou o que até agora. Será a prova decisiva. Se ganhar, alguns ficarao quietos, ou comemorarao com desgosto. Se perder, será excomungado com jorginho.

Eu torço pra seleçao de qualquer jeito. Cada profissional é responsavel pelo que faz, Dunga sabe disso, e se perder,problema seu. Mas chamá-lo de jogador medíocre vc nao poder, porque tem uma importancia historica no tetra.

Fora que fazia lançamentos pra ronaldinho nenhum botar defeito.

lidia disse...

pase a saludar y leer,no dejen de pensar,por favor!
gracias
un abrazo
lidia-la escriba

Anônimo disse...

paso a saludar nuevamente,y espero que vayas a mi blog...
por favor pensar es gratis!
un abrazo
lidia-la escriba