1. Sereia
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Conheceu uma sereia. Se apaixonou, no ato, pela metade boa de cama. E comeu, frita, a metade que não tinha espinhas e falava demais.
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2. A queda
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Escreveu o bilhete de suicida num guardanapo de papel colocado sobre o peitoril da janela de seu conjugado no 17º andar. Depois de assinar, embolou o guardanapo, jogou a bolinha lá embaixo e voltou para a frente da TV.
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3. O consumista
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Comprava tudo que via pela frente. Dinheiro não era problema. Mas espaço, sim. Onde guardar, por exemplo, a tuba, o rinoceronte e a manada de deputados?
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4. Como sempre
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Agora, ali, era tempo de plantar. Como sempre, ele juntou tudo que nunca colheu e partiu.
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5. Dúvida
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Talvez nem fosse um cadáver. Pode ser que eu não tenha avaliado bem, ou que o espelho estivesse embaçado.
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6. A muralha
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De repente, o abismo. Chegou a pensar
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7. Coerência
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Eu pago tudo com dinheiro falso, sim. Queriam o quê? Minha filha alisa e oxigena o cabelo toda semana, meu filho não sai de casa sem as lentes de contato azuis que vive perdendo, e minha mulher faz tanto implante de silicone que, se cair no chão, quica.
8. A mais venenosa
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Ei-la, a cobra mais venenosa do mundo! Se ela picar, a pessoa morre em poucos segun...
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9. O taxidermista
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Aprendeu que antes de empalhar um animal é necessário, para uma conservação mais duradoura da peça, pincelar sabão arsenical pelo menos duas vezes por todo o lado interno da pele. É o que faz, dez, quinze vezes, quando empalha seus desafetos.
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10. Orgulho
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11. Pontualidade
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Todo dia o despertador do celular toca às 6 da manhã,
9 comentários:
Uma delícia seus contos de réis, Tuca. O último, Pontualidade, é tudo que ando precisando fazer...
Bem machista esse conto da Sereia, hein! Mas pela qualidade dos outros, tá perdoado.
Muito bom, Tuca! Você publica coisa assim no twitter?
Eu também, eu também, Aline.
Só meio machista, Celinha. Que a metade peixe o cara trata com todo respeito, né?
Pro twitter, Mendonça, meus continhos estão bem gigantescos.
Zensassional!
JP
Ótimos esses micro-contos Tuca! O do cachorro é do cacete!
Valeu pela dica da foto, JP!
Também gosto desse cão com alma de gato, Deco.
Gosto quando você é mais lírico, como em "Como sempre". Mas já senti por algumas de suas postagens anteriores, que vou ter de me virar para garimpar o lírico que você esconde por baixo dessa crosta de humor corrosivo e às vezes perverso...
Gosto de contos curtinhos. E sabia, moço, que você leva jeito pra isso?...Brincadeira, gostei muito!
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