domingo, 24 de janeiro de 2010

Ora, Pipocas!

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Para aumentar a minha coleção de
Braga de Cachoeiro de Itapemirim



. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Marília Braga



Ao chegar na pequena sala de espera do médico, sentei-me diante de duas velhinhas que conversavam animadamente. Velhas amigas, uma acompanha a outra, pensei.


Cumprimentei-as educadamente:


– Boa tarde!


– Boa tarde! – cada uma respondeu.


E continuaram conversando, mas me olhavam de vez em quando com a curiosidade com que as velhinhas olham para outras pessoas em consultórios médicos: "Qual será a doença dela? Alguma dor ou mal estar que eu ainda não experimentei?”


Peguei uma revista e comecei a folheá-la.


– O doutor hoje está muito atrasado – disse a mais falante, puxando conversa.


– Ah, é? As senhoras estão esperando há muito tempo?


– Sim, sim. Estamos aqui há... pipoca!


Será que ela disse pipoca? – pensei, atribuindo a dúvida a alguma falha auditiva.


– Imagine só – continuou ela –, no mês passado quando estive aqui, eu estava sentindo uma... pipoca... uma dor do lado esquerdo, e o doutor achou que podia ser... pipoca!


Agora não havia dúvida, ouvi bem direitinho. Com toda certeza ela havia dito pipoca. Hesitei alguns segundos, mas finalmente não resisti e perguntei:


– Me desculpe, a senhora disse... pipoca?


Antes que ela respondesse, sua amiga me informou:


– Não ligue, não. Ela teve um AVC um tempo atrás, e quando não se lembra de alguma palavra diz... pipoca.


Terminada a minha consulta, aproveitei que havia uma farmácia em frente e entrei para comprar um pote de... pipoca... como é mesmo o nome daquele creme para... pipoca... Ih, essa coisa é contagiosa, ora, pipocas!


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