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Braga de Cachoeiro de Itapemirim
Ao chegar na pequena sala de espera do médico, sentei-me diante de duas velhinhas que conversavam animadamente. Velhas amigas, uma acompanha a outra, pensei.
Cumprimentei-as educadamente:
– Boa tarde!
– Boa tarde! – cada uma respondeu.
E continuaram conversando, mas me olhavam de vez em quando com a curiosidade com que as velhinhas olham para outras pessoas em consultórios médicos: "Qual será a doença dela? Alguma dor ou mal estar que eu ainda não experimentei?”
Peguei uma revista e comecei a folheá-la.
– O doutor hoje está muito atrasado – disse a mais falante, puxando conversa.
– Ah, é? As senhoras estão esperando há muito tempo?
– Sim, sim. Estamos aqui há... pipoca!
Será que ela disse pipoca? – pensei, atribuindo a dúvida a alguma falha auditiva.
– Imagine só – continuou ela –, no mês passado quando estive aqui, eu estava sentindo uma... pipoca... uma dor do lado esquerdo, e o doutor achou que podia ser... pipoca!
Agora não havia dúvida, ouvi bem direitinho. Com toda certeza ela havia dito pipoca. Hesitei alguns segundos, mas finalmente não resisti e perguntei:
– Me desculpe, a senhora disse... pipoca?
Antes que ela respondesse, sua amiga me informou:
– Não ligue, não. Ela teve um AVC um tempo atrás, e quando não se lembra de alguma palavra diz... pipoca.
Terminada a minha consulta, aproveitei que havia uma farmácia em frente e entrei para comprar um pote de... pipoca... como é mesmo o nome daquele creme para... pipoca... Ih, essa coisa é contagiosa, ora, pipocas!
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