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.......A faxineira de ouvido de elefante
Maria José
Pasti, a Zeza, é há 30 anos minha principal referência afetiva na região de
Ribeirão Preto. Não sei se ela já limpou ouvido de elefante, mas não duvido que
ela se preste a isso, porque é uma das pessoas mais prestativas, generosas e
afetuosas que conheço. Seus próprios ouvidos, isso eu sei, estão sempre limpos,
prontos a ouvir e socorrer a todos que necessitem: parentes, amigos, seus
pacientes e até aracnídeos como eu (Aranha é meu apelido por lá).
Ir a Ribeirão
ou a Santa Rosa de Viterbo e não conhecer a Zeza é como ir a Roma e não conhecer
o Papa. Com a diferença que ela jamais renunciará.
........ (Agradeço à Patriccia
Zamagna e à Ligia Saldanha que me enviaram, por coincidência na ........
mesma semana, e-mail com cópia de cerca de uma dúzia de magníficos postais como esse.)
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.......Mexicana made in Bahia
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Minha querida Tania Contreiras precisou desfilar duas vezes seguidas, porque não conseguiu decidir como se
apresentar, se num clima caseiro, quando vive em P&B, sob o domínio de sua paixão
por Humphrey Bogart e todo o cinema noir; ou se no seu estilo
noturno, em que Oxalá
faz aflorar o branco de sua alma baianíssima, realçando-lhe os tons apimentados da
pele. E tem é pimenta nisso! Tanto que lhe cai muito bem um sombrero, a
incrementar, mexicanamente, ainda mais o ardor de sua lírica roxo-violeta.
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.......La Roseteira

Ana Laura Fioretti
Monteiro de Castro veio ao mundo para duas coisas: rosetar e me atazanar, não
necessariamente nesta ordem. Em 1985, eu estava confortavelmente agregado ao lar de meus
velhos amigos Dulcino e Shirley, quando ela resolveu ser filha deles e nasceu,
o que me obrigou a picar a mula para ceder-lhe o quarto que vinha ocupando.
Desde então, dedica-se de corpo e alma ao roseteio, atividade que só interrompe
quando torna-se imperioso me pentelhar. Eu podia citar mil exemplos dessa pentelhação,
mas basta um. Certa noite, há alguns anos, precisei entrar na Lagoa Rodrigo
de Freitas para pescá-la. É que, desgostosa com uma paixão não correspondida,
Aninha resolveu dar cabo à vida. Mas só dos joelhos para baixo, já que
perpetrou o gesto extremado em águas de menos de dois palmos de profundidade.
Além de convencê-la a sair (argumentando que a água estava infestada de
coliformes fecais, bactérias altamente patogênicas, mosquitos da dengue e,
principalmente, folhas peçonhentas da árvore natalina bradesca), precisei também
dispersar a multidão de caminhantes, corredores e ciclistas que pediam autógrafos a La Roseteira, por confundi-la com a então famosa capivara da Lagoa.
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.......Minha xerife predileta
Maria Ines Castelo de Teves, a Marquesa de Teves, é uma presença forte na minha vida há muitos anos. Sua especialidade é intervir quando me meto em problemas ou, o que é mais comum, os problemas se metem comigo. Ela é dessas figuras que você pode procurar na hora do aperto e nem precisa explicar do que se trata. Sussurrou socorro, ela logo aparece munida de um verdadeiro container de primeiros socorros. Tem de tudo: de remédio pra mil doenças a despacho de macumba em spray; de sopinhas em pó e barras de chocolate a simpatia pra trazer de volta, viva ou morta, a fedaputa da mulher amada.
E dessa correria toda ela consegue dar conta tendo de carregar ainda uma virtude anatômica de peso. Não deu pra mostrar aqui, mas quem quiser conhecer é só pegar qualquer folder sobre as principais atrações turísticas do Rio que encontrará, entre fotos do Pão de Açúcar, do Corcovado e do Maracanã, pelo menos uma da bunda da Marquesa.
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.......Não é a Minnie
Suzana
Guimarães não tem nada a ver com a namorada do Mickey, a não ser pelo fato pouco
relevante de morar nos EUA. Ela é mineira, não minnieira (perdão, não resisti!). Então
suponho que a Su esteja pinapeada como uma preá, simpático e saboroso roedor cotó que vive nas áreas rurais de Minas e de alguns outros estados. Eu pretendia que
ela desfilasse de quimono, em alusão à sua forte relação com o jiu jitsu, mas
encontrei este desenho e achei que era a cara dela, a mesma elegância delicada,
embora certamente não tão sensível.
Como, leitor? Se eu
conheço a Suzana pessoalmente? Não, não, meu caro. Eu a conheço de muito mais perto que
pessoalmente. Faz três anos que dou meus passeios – e às vezes até me hospedo! – no
imenso coração que ela partilha com todos em seus três blogs e no Facebook.
Em tempo: jiu
jitsu (柔術) quer dizer,
em português, arte da suavidade.
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.......A maior reserva de titânio do Brasil
Itanhaém, no
interior de São Paulo, é atualmente a maior reserva brasileira de titânio. Graças
à Sil Antunes, que vem acumulando toneladas do valioso metal em seu corpo. Tudo
começou há alguns anos, pela coluna vertebral, trocada por um verdadeiro zíper
de titânio. A partir daí, nossa amiga ziperada pegou gosto pela coisa e não
parou mais de titanizar-se. No último Natal, ela presenteou-se com uma réplica
em titânio do nariz da Clarice Lispector. E não pretende ficar nisso, já tendo
agendado para logo depois do carnaval uma siderurgia plástica que a deixará bem mais reluzente: trocará os longos cabelos por uma titânica careca do Caio F.
Abreu.
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.......Uma asa movida a traças
Carolina
Suriani Caetano é uma asa. Transparente, quase invisível, é impulsionada por duas sublimes traças que batem, batem incansavelmente, para arrastá-la pelos céus escritos por Carla Diacov e chafurdá-la nos mares
desenhados por Larca Viadoc. Às vezes, Larca desenha céus e Carla escreve
mares, mas a asa Carolina fica um tanto incomodada com essa troca. É que os ventos estrábicos dos
céus de Larca despenteiam as sobrancelhas das traças e os mares sanguinorrápidos
de Carla são infestados de polvos que passam a mão na bunda delas.
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.......A
indelével Daniela
Daniela é Delias, segunda pessoa do singular do pretérito imperfeito do indicativo de delir, esse verbo excomungado pelos nerds que criaram o 'deletar' do jargão informático. Sim, porque delir é delete em português, e desde os primórdios do idioma, oriundo do latim delere. Só no século XV o vocábulo chegou ao francês e ao inglês, através do particípio deletus. O fato de delir ser pouco conhecido não justifica a adaptação esdrúxula, porque são inúmeros os seus sinônimos conhecidos – como apagar, descartar, eliminar, desfazer, cancelar, excluir, anular, invalidar, banir, liquidar, destruir, matar etc.
Não se trata de xenofobia ou de ranzinzice de um velho gagá (não que eu não o seja). Defender e preservar o nosso idioma é um dever que transcende o patriotismo. O imperialismo econômico-cultural norte-americano vem devastando línguas pelo mundo afora, e muitíssimo mais rápido do que fizeram os impérios macedônico, romano, sarraceno, britânico, francês, espanhol, holandês, otomano... e o próprio império português. E a cada língua que desaparece, a cultura humana fica mais pobre. Já são centenas (!) os idiomas e dialetos que caíram em desuso ou desapareceram ao longo da história, muitos silenciados na garganta de seus usuários, cortada por conquistadores que DELIRAM nações inteiras. Cabe à Daniela, como a cada um dos ainda milhões de nós que lidamos com essa língua deliciosa, bem tratá-la e divulgá-la, mormente na escrita, para repassá-la, rica e vicejante, às gerações futuras.
(Pin-up é uma exceção absolutamente justificável. Uma expressãozinha simples e apetitosa.
E, no nosso caso pelo menos, não cairia bem traduzi-la, como pendurada ou dependurada, que além de soar deselegante nos remete àquele rapaz – cabeludo, barbudo e Xavier como eu – que foi DELIDO na forca em Vila Rica.)
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.......Ethel e Vina, avós de Eleô e Nôra
As incompatíveis gêmeas Eleô e Nôra Marino Duarte tem a quem puxar. Suas
avós (também gêmeas) Ethel e Vina, mães de seu pai (!), são a cara e o caráter de nossas duas amigas. Ethel é tão ou mais palerma que Eleô, se é que isso é possível. O fato é que a pobre
velha acredita em tudo, absolutamente tudo o que diz a nefanda Vina. Como no
caso dessa absurda dupla
maternidade. Quando Ethel ficou grávida do marido, caiu na conversa de que o
filho era dela, Vina: “Deus o fez
germinar no teu útero para preservar a minha santa virgindade!” – disse a
víbora para a lesma, uma das raríssimas pessoas no mundo que Vina nunca levou
pra cama. O marido da pamonha, que até hoje pinta os canecos de Baco com a cunhada safada, confirmou a versão estapafúrdia. E
Ethel até hoje relembra feliz da vida a
magnanimidade de Vina, que lhe permitiu constar na certidão de
nascimento como co-mãe do futuro pai de Nôra.
Sim, agora o
pai, assim como a mãe, é só de Nôra, pois na semana passada ela convenceu a
irmã de que foi gerada sozinha no útero materno. “Tu, Eleô, não é filha deles pra
valer, porque mamãe te pariu pelo fiofó!”
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................Um pinapo nato ......
Wellington
Wellington Barbosa Barbosa Barbosa Barbosa Gonçalves Gonçalves – ou
simplesmente Wellington Barbosa Barbosa Gonçalves – adentrou os estúdios
fotográficos engatinhando. E sempre ia logo tirando a fralda e fazendo poses. Aos
seis meses de idade já era uma celebridade em sua cidade natal, Governador
Valadares, onde ganhou todos os concursos de beleza para nenéns: Bebê Jonhson,
Pimpolho Grapette, Gotozim Dulcora, etc.
De uma hora para outra, porém, o
pinapinho foi relegado ao ostracismo. Não por ter perdido seu charme e beleza,
mas porque a cidade toda se mandara para os States. Como não sabia inglês (mal
falava gugu-dadá em português), Wellington preferiu mudar-se para Cachoeira
Paulista, São Paulo, onde morava uma sua ex-noiva que conhecera na creche. Teve
de recomeçar do zero, sem dinheiro até para comprar chupeta. Mas logo daria a
volta por cima, empregando-se num parque de diversões como flanelinha de carrinhos
de bebê. Um emprego sólido, que lhe abriu as portas para um futuro novamente glamoroso
que hoje é presente.
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.......O Usain Bolt da Tijuca
Desde o tempo em que ambos morávamos na Tijuca e estudávamos no mesmo ginásio em Vila Isabel, Horacio Coelho Da Costa Ferreira corre uma barbaridade. E corre na contramão do tempo, pois continua sendo o mesmo gentleman bonito e jovial. Ele jura que não corre mais, só caminha, mas acho que diz isso por compaixão, para não humilhar seus amigos gastos e amarfanhados como eu.
Essas pernas, meninas, não são as do Horacio. As dele são mais caprichadas. E se não mostram o que existe entre elas, a culpa não é minha: quem as cruzou foi ele mesmo, talvez por timidez, talvez por puro charme...
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