segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Pra dizer tudo e mais alguma coisa

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Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela (…). Quem não se arrisca não pode berrar.

Torquato Neto

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Só conheci Torquato de vista e, claro, de lê-lo e de, por outras vozes, ouvi-lo. Por duas vezes o vi, sozinho, bebendo num bar que eu passara a freqüentar no final da adolescência – e que, anos mais tarde, eu acabaria comprando. Não podia imaginar que a grande importância que ele tinha na minha vida naquela época se tornaria tão maior com o tempo.

Lembrei-me do poeta ainda há pouco, ao acordar meio deprimido. Não sei bem por que, sempre me levanta o astral ouvir a sua – e de Edu Lobo – tristíssima “Pra dizer adeus”. Talvez porque soem como as "últimas palavras" mais suntuosas que alguém já deixou, finamente embaladas musicalmente e ditas e repetidas até hoje nas vozes sensibilíssimas de intérpretes como o seu parceiro, como Nana Caymmi, Elizeth Cardoso, Orlando Silva, Bethania e, sobretudo, como Elis, que partiu tão cedo também.

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19 comentários:

Rita Santana disse...

Tuca, saudades! Torquato me marca com aquela letra de Mamãe,Coragem. Fico Louca com a letra, pois vim de Ilhéus para Salvador sozinha e ao ouvir essa música, pensava em minha mãe, coisas assim. Beijo!

Suzana Guimarães disse...

Tuca,

Eu não direi adeus. Não adianta sonhar, pedir, implorar... eu não direi adeus.

Nasci com a música, sou bebê ainda!

Mas, quando eu for, quero ir sozinha, faço questão!

Beijos, fique em paz.

Suzana/LILY

Mariana disse...

Torquato é o cara, né? Poesia e prosa atravessadas. Conheço pouco o Torquato, acho, mas hás coisas que ele disse que não poderiam ter sido ditas por outro: PESSOAL INTRANSFERÍVEL:

"E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão."

Torquato Neto. Os últimos dias de paupéria. 2.ed. Rio de Janeiro: Ed. Max Limonad, 1982, p. 63.

Unknown disse...

eu achava que torquato era baiano, depois carioca, mas descobri que era do piauí: aquela cajuína cristalina em Teresina,


abraço

Tatuagem disse...

Genial!

Clara Belisario disse...

Tão bom ouvir Elis cantando Edu Lobo e Torquato Neto! Li há poucos meses existem dezenas de letras inéditas do Torquato, várias em parceria com Caetano, Gil, Macalé, Luís Melodia, João Bosco, Djavan, Toquinho... Credo, só no Brasil mesmo!
Beijos

Domingos Meireles disse...

você teve bar, Tuca? qual? onde?
deve ter muita história boa pra contar, hein!
conta pra nós, cara, aqui no blog!
abração

Frederica disse...

O Torquato também deixou a família (em Teresina) pra ir estudar em Salvador, Rita. 'Mamãe coragem' foi feita pra trilha da primeira novela da Globo, "Irmãos Coragem". Talvez fosse um alerta para o suicídio que veio pouco depois...

Maravilhosa postagem, Tuca!

Beijo

Tania regina Contreiras disse...

Bela postagem, Tuca! Como o Assis, eu também achei, por um bom tempo, que o Torquato era baiano. Hum...mas vou interromper a música senão choro! :-)
beijos,

Luis Paulo Quintela disse...

Belo post, Tuca!
Um abraço

Marcel Zaner disse...

Torquato é genial! E Elis é um monstro!!!

Aline Chaves disse...

Berremos todos! Bjs

Bípede Falante disse...

Tuquinha, não fica triste, não!! Beijinhos :)

Rossana Masiero disse...

Nessa gravação, a Elis confessou que se inspirou na Angela Maria para cantar.

A música e a letra são maravilhosas, mas me diga Sr. Tuca, como essa tristíssima despedida pode levantar o astral de alguém?

bjcas
Rossana

genetticca disse...

Um poeta conhece a morte e sabe viver com ela na vida, só que não morre nunca na mesma morte, só que não vive nunca na própria vida.

Beijos

Márcia Luz disse...

E eu aqui com minha velha indagação "por que vim parar numa escola de engenharia?"... Seu post me chamou a atenção para a resposta "auto-ajuda com empurrãozinho barranco abaixo"!

Cartas de Julieta disse...

Tuca,

A poesia nasce da dor... E, quanto maior, mais bela é a sua interpretação.

Lembra o dia em que Elis Regina subiu ao palco e cantou: "Atrás da Porta". Aquela foi uma interpretação magistral. Nunca vi nada igual até hoje.

Obrigada pela partilha. Adoro essa música! Bjs

Zaratustra disse...

Falou e disse

Sylvio de Alencar. disse...

Uma bela singela poética e competente postagem.
Aproveitei e, como sempre faço em especiais lugares, li todos os comentários; sempre ganhamos com isso.