domingo, 22 de agosto de 2010

A Sombra dos Anjos

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Monólogo de uma sombra

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Augusto dos Anjos

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sou uma Sombra! Venho de outras eras,

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Do cosmopolitismo das moneras...

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pólipo de recônditas reentrâncias,

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Larva de caos telúrico, procedo

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Da escuridão do cósmico segredo,

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Da substância de todas as substâncias!

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A simbiose das coisas me equilibra.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Em minha ignota mônada, ampla, vibra

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A alma dos movimentos rotatórios...

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E é de mim que decorrem, simultâneas,

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A saúde das forças subterrâneas

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E a morbidez dos seres ilusórios!

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Pairando acima dos mundanos tetos,

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Não conheço o acidente da Senectus

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . --- .Esta universitária sanguessuga

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . .. . . . . Que produz, sem dispêndio algum de vírus,

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . . . . . . . O amarelecimento do papirus

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . E a miséria anatômica da ruga!

.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Na existência social, possuo uma arma

. . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . ---. O metafisicismo de Abidarma. ---

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . E trago, sem bramânicas tesouras,

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . .... . . . Como um dorso de azêmola passiva,

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . A solidariedade subjetiva

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . De todas as espécies sofredoras.

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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Com um pouco de saliva quotidiana

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . Mostro meu nojo à Natureza Humana.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A podridão me serve de Evangelho...

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Amo o esterco, os resíduos ruins dos quiosques

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . E o animal inferior que urra nos bosques

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... . . . . .. . .. . É com certeza meu irmão mais velho!

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (...)” (...)

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A versão integral deste poema pode ser encontrada em alguns sites, inclusive aqui.

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Nota: Minha ligação com Augusto dos Anjos é muita antiga, atávica até. Fui plantado e brotei na mesma terra leopoldinense onde o poeta paraibano morreu e foi entregue – para usar uma imagem que possivelmente não o desagradaria – à voracidade putrefaciente e profilática dos vermes.

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37 comentários:

Valéria lima disse...

Uma luta interior de se ter a liberdade sem regras.

BeijooO*

Ana P. F. Januário disse...

Gosto dos poemas que me mostram a realidade, mesmo quando ela não é bonita... De augusto dos anjos só conhecia o que aprendi na escolinha nas aulas de literatura... filho do carbono e todo desespero niilista de quem não tá afim de exaltar a vida mediocre... Bom saber mais sobre ele.

Lufe disse...

Tuca,
Ainda sou novo por aqui pra fazer essa pergunta, mas sou cara de pau de faze-la assim mesmo.
Hoje é domingo, o que aconteceu pra te deixar tão morbido?
Acabou o alcool gel?.....rsrsrs
Um abraço

Mauro Castro disse...

Meio Bob Dylan...
Há braços!!

Jey Cassidy disse...

Com ctz o Augusto dos Anjos gostaria dessa imagem.Digna de todos os escarros e encéfalos absconsos.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Bjs querido.

Márcia Luz disse...

"Voracidade putrefaciente e profilática dos vermes"! Isso é bem mais que uma ligação antiga e atávica, não? Allan Kardec explica! (rs) Mas é sempre bom ter um pouquinho de Augusto dos Anjos nas veias...

Um grande abraço.

Raíssa Momesso disse...

Poxa, que lindo.. confesso que nao conhecia esse autor, adorei =) beijao

Raíssa Momesso disse...

Ah, prefiro ser sincera dizendo que nao o conhecia, do que inventar mil coisas pra tentar te e me enrolar. Adorei mesmo esse texto que vc publicou e o que vc me mostrou em meu blog no teu comentario. Gostei tanto que futuramente ele será perfil do meu orkut, rsrs =) beijao e obrigada pelas palavras

Tuca Zamagna disse...

Talvez mais que isso, Valéria. Uma luta da liberdade individual, a revirar as entranhas do indivíduo inconformardo com a impossibilidade de liberdade na vida social...
BeijooO%

Como a obra de Augusto dos Anjos é pequena e sua vida foi curta, é possível baixar todos os seus poemas e sua biografia em poucos minutos, Anita. A crítica sobre ele é que é mais extensa - e divergente, porque não são poucos os que o desprezam por só verem morbidez, pouco rigor formal e até breguice em sua poesia.
Bjs

No DS não postamos em função dos sentimentos do momento, LUFE. São raras as nossas postagens sobre a atualidade. E, que eu me lembre, nunca publicamos um texto confessional. No meu caso, especificamente, o que estou sentido pouco influi na fruição do prazer de ler. Posso, por suposição, ler Kafka, se estiver paranóico, ou um conto de terror, se estiver deprimido e amedrontado. O que não consigo ler, esteja como estiver, é má literatura.
O álcool gel ainda não acabou, porque ando mais light, bebendo só querosene.
Um abraço

Vera Andrade disse...

Eu não conhecia este poema, Tuca. Ótimo, como tudo dele que eu li (não muita coisa, confesso). Fiquei impressionadíssima quando li, na escola, Versos Íntimos. Como ele era moderno, se comparado a outros poetas daquele tempo (Bilac, Coelho Neto etc). Beijos

Tuca Zamagna disse...

Nunca me ocorreu essa semelhança, Mauro. É com alguma letra específica do Bob Dylan?
Abraços

Pô, Jenny kkkkkk Paula, não faz isso com o poeta, não. Não "escarra na boca que te beija"!
A foto está em mau estado, minha arte é ruim e ele não era nada bonito mesmo. Calculo que teria no mínimo uns 27 anos nesta época, já estando portanto debilitado pela tuberculose que contraiu aos 26 e que causou a pneumonia que o matou aos 30.
Mas, vindos de você, acho que ele aceitaria de bom grado todos os escarros e encéfalos absconsos a escorrer-lhe pelo rosto...
Beijos, queridíssima!

Se só Kardec explica, Márcia, morrerei sem entender esse vínculo, porque não tenho o menor saco de lê-lo.
Sim, Augusto dos Anjos nas veias dá barato e não faz mal, embora seja altamente viciante.
Grande abraço

Os que estão a fazere tijolo dizem que bossa senhoria benceu.... disse...

pois seu tuca
o fim é o melhor e ficou de fora

e o turbilhão de tais fonemas acres
trovejando grandíloquos massacres
há de ferir-me as auditivas portas
até que minha efémera cabeça
reverta à quietação da treva espessa
e à palidez das fotosferas mortas

no meu entender claro está

Os que estão a fazere tijolo dizem que bossa senhoria benceu.... disse...

god kendelse

Banda in barbar disse...

kardec explica tudo
é como a teoria das cordas
desconhecia que existia um integral
na net
o Rodrigues dos Anjos sempre foi desprezado na lusofonia preterido por Bilac e quejandos
Coelho neto teve centos de edições em português
de Rodrigues dos anjos só conheço duas
provavelmente há muitas mais no Brasil, em portugal nunca foi publicado
nem aparece nas antologias de poesia

Tuca Zamagna disse...

Como eu disse aqui mesmo, Raíssa, Augusto dos Anjos não é valorizado por muitos críticos e, ao que parece, pelos pedagogos e editoras que produzem antologias poéticas para uso escolar. Pros dias de hoje, ele comete em toda a sua obra um grave "pecado": o de não se submeter à camisa de força do "bom gosto" ou, para usar a abominável expressão contemporânea, ao politicamente correto.
Cuidado! Se citar Augusto dos Anjos em seu orkut você pode perder muitos amigos debilóides. Melhor usar um texto menor (jamais um de primeira e, por isso mesmo, pouco conhecido) de Clarice, Drummond, Vinícius, Bandeira, Cecília, Caio F. Abreu, Quintana, Florbela, Leminski, Rubem Alves, etc... ou qualquer um (não precisa selecionar, porque nada presta) do venerável, com licença da má palavra, Paulo Coelho.
Beijos

Sim, Vera, ele é moderníssimo. embora poucos concordem com isso. Entre esses poucos, está Ferreira Gullar, que escreveu um ótimo ensaio em que aponta dos Anjos como um precursor do modernismo, que só despontaria no Brasil dez anos após a publicação de "Eu".
Beijos

Concordo com você, Nat. Mas os finais de Augusto sempre são brilhantes, adepto que ele era dos sonetos clássicos, em que o fecho de ouro é obrigatório. O problema é que nas sextilhas finais já não é a sombra que fala, e sim o eu narrador. Preferi facilitar a compreensão do título, deixando cerca de 2/3 do longo poema, para quem quisesse lê-los, no link incluído no rodapé da postagem.
Abraços

Anônimo disse...

hola me produce estupor, tanto seguidor,y miedo, no se porque...bello monólogo de la sombra! me ha gustado demasiado,ya que los monólogos,son mi fuerte,por el teme del teatro....
un abrazo inmenso
gracias
lidia-la escriba

Suzana Guimarães disse...

Vim. Li. Decidi sair calada. Não baterei meus dedos no teclado... êta, já estou fazendo, que besteira...rs!

Bom, não vou comentar. Que eu abstenha.

Um abraço!

Tuca Zamagna disse...

Não sabia que ele era conhecido aí em Portugal como Rodrigues dos Anjos, Banda in barbar. Aqui nunca ouvi nem li esse primeiro sobrenome, a não ser em notas biográficas.
Bilac, Coelho Neto, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho e outros daquele tempo são praticamente portugueses no estilo. E se julgavam impolutamente brancos. Sempre torceram o nariz para poetas e romancistas crioulos como Augusto, Cruz e Souza, Álvares de Azevedo, Lima Barreto e mesmo, a principio, Machado de Assis.
Augusto dos Anjos já foi melhor tratado por aqui, e muito miúdo ao menos ouviu o seu nome na escola. Hoje nem Machado, Guimarães Rosa, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Jorge de Lima, Murilo Mendes, Ferreira Gullar... são muito lidos pela juventude. Parece que o tal de Paulo Coelho é o grande cacique (ou pajé!) da literatura tupiniquim...
Abraços

Ainda bem, Lidia, que eles só parecem de 24 em 24 no quadro de seguidores. Também morro de medo de multidão.
Presumo que seja bem difícil para você ler Augusto dos Anjos em português. Para nós mesmos não é muito fácil, pelo amplo e exótico vocubulário que ele utilizava. Mas acho-o fscinante. Que bom que você apreciou o poema.
Bezos

Depois de tudo que você escreveu sobre o silêncio... o mutismo era inevitável, querida Lily.
Mas imagino que o estilo duro, dilacerante e mórbido de um poeta radicado no sudeste da Zona da Mata mineira não seja muito do agrado dos zonadamatenses do nordeste, povo mais sossegado, brejeiro, com a alma pachorrenta de beirar Bahia...

Beijos!

Mireia disse...

Un grande abrazo desde catalunya.

Foi um prazer conhecer o seu blog. Voltarei sempre.

Mireia

Americo Gentil disse...

Digam o que disserem do Augusto dos Anjos, só não podem dizer que ele não era ousado, criativo e inovador. E o elogio maior que se pode fazer a sua obra, você já fez. Ele é realmente O politicamente incorreto!

Abraços

Maria Luisa Queiroz disse...

Me assustam certas imagens do Augusto dos Anjos. Mas ele me deixa sempre muito, e estranhamente, emocionada! Bjs

Thiago Quintella de Mattos disse...

Mestre!!!!

Lua Nova disse...

Ele é mórbico e radical em sua assustadora escatologia, mas é profundo e emocional. Seus poemas são instigantes, mas não posso negar que mexem comigo.
Tuca, tenho um amigo que tem a mesma sensação que vc tem em relação ao Augusto dos Anjos, só que com o Dosoievsky. Sabe tudo do cara, em detalhes.
Bom, já convidei a Elza, a Anga, o Theofa e agora vc para passarem lá no Chocolate juntos... rsrsrrs... pra tomar um chocolate comigo enquanto tá frio. Depois vai ter chocolate, mas de outro jeito... ainda não pensei... talvez, brigadeiros, bombas, sei lá... Vou fazer uma enquete.
Beijokas.

Tuca Zamagna disse...

Obrigado, Mireia!
Também voltarei a El racó de la Solsida.
Um grande abraço

É isso aí, caro Americo.
Abraços

Acho que esses são sentimentos comuns aos que lêem Augusto dos Anjos com prazer, querida Maria Luisa.
Beijos

Comentário sucinto e quase perfeito, Thiago. Eu só acrescentaria mais alguns pontos de exclamação...
E, mais uma vez, obrigado pelo conto inspirado na imagem do Garrincha.
Abraços

Allyce Teixeira disse...

Me identifiquei com esse aí. To te seguindo também! Beijos

Lua Nova disse...

Tuca, ótima idéia essa do musse de chocolate e pode contar com os seus 5 diários mas tem que ir lá buscar e deixar comentário... rsrsrsr... Afff... adoro musse, tumem...
Beijos.

tempus fugit à pressa disse...

é Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos é o nome completo

e em portugal é pouco conhecido
aparece em almanaques e pouco mais como Rodruigues dos Anjos ou Augusto dos Anjos

nalguns casos fica cortado por exemplo
o poema negro

para iludir minha desgraça, estudo
intimamente sei que me não iludo
para onde vou (o mundo inteiro nota)
´nos meus olhares fúnebres, carrego
a estúpida indiferença de um cego
e o indolente ar de um chinês idiota
a passagem dos séculos me assombra
para onde irá correndo minha sombra
nesse cavalo de eletricidade

termina assim sem sequência com trocas de palavras do original
ou quiçá uma outra versão

falta a melhor sequência
Caminho e a mim pergunto na vertigem
quem eu sou? para onde vou ?
qual a minha origem

isto é de uma colectânea de 1915 tiragem 450 exmplares
17 poetas brasileiros 50 páginas
Augusto dos anjos tem duas

Tuka Siqueira disse...

Vim retribuir a visita do xará no meu blog e conhecer um pouco sobre essa pessoa.
Me deparei com um belíssimo poema, cujo autor só conhecia o nome. Me confesso extasiada, mesmo tendo feito simultânea descoberta de que meu vocabulário precisa ser ampliado.
Vou procurar ler mais da obra deste autor e visitar com mais tempo este blog. Já vi que terei horas de boa leitura por aqui. Abraços!!!

Aloisio Trobinski disse...

Sensacional! !!
Augusto dos Anjos é gênio!

frô disse...

Me apresentaram o Augusto aos 14. Amei não entender uma linha, deliciando-me, toda juvenil, na musicalidade das sílabas justapostas.

O dicionário virou meu amigo.

Pena que cresci e hoje, ele e outros tanto foram subsituidos por livros de concursos públicos... ai meu deus... eu morri!

Lisarda disse...

É simplesmente genial o uso das palavras científicas, como se fosse uma mixtura com Asimov.

E é verdade o que dice Fro: precisamos frequentar o dicionário.

Saludos, Tuca.

Pedro disse...
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Tuca Zamagna disse...

Já passei lá, Lua Nova. Gostei demais, a ponto de me lambusar até a alma no seu festival de chocolate!
Bjs

Gostei da informalidade do "esse aí", Allyce. Acho que Augusto dos Anjos também gostaria, e sem hesitar se lançaria a teus pés... esculpidos em turbilhões alabastrinos, com o coração (dele, Augusto) dionisiacamente pisoteado pelos platelmintos e celenterados da paixão mortífera porém eternizante das profundezas arsenicais e formaldeídicas!!!
Bjs

Essa parte do Poema Negro citada em almanaques portugueses, ODEUSQUERI, é apenas a primeira sextilha e a metade da segunda, cujo final é o terceto que você acrescenta. O poema todo tem 19 sextilhas! As duas últimas são:

"Meu coração, como um cristal, se quebre
O termômetro negue minha febre,
Torne-se gelo o sangue que me abrasa,
E eu me converta na cegonha triste
Que das ruínas duma casa assiste
Ao desmoronamento de outra casa!

Ao terminar este sentido poema
Onde vazei a minha dor suprema
Tenho os olhos em lágrimas imersos...
Rola-me na cabeça o cérebro oco.
Por ventura, meu Deus, estarei louco?!
Daqui por diante não farei mais versos."

Em todo caso, é louvável que Augusto dos Anjos tenha sido incluído numa antologia publicada em Portugal em 1915, um ano apenas depois de sua morte e três depois da publicação de "Eu", do qual o "Poema negro" faz parte.
Abraços
PS: Creio que você pode encontrar toda a obra de Augustos dos Anjos na net. O Poema Negro aparece em vários sites, como em http://www.pensador.info/frase/NDU5OTI/

Tuca Zamagna disse...

Que bom que você gostou, xará. Eu ficaria chateado se algum (ou alguma) Tuca (ou mesmo Tuka) não gostasse do grande poeta paraibano que escolheu a minha cidadezinha em Minas para viver os seus últimos dias e lá ser enterrado.
Obrigado pela recepção carinhosa, e venha sempre, será um prazer.
Abraços!

Valeu, Aloisio. Não sabia que você também gostava dele.
Abraço

Calma, Frô. Se tão novinha você já curtia a musicalidade de Augusto dos Anjos, se tem como amigo o dicionário... ter crescido não pode ser ruim. Concursos passam, passe você ou não. Eu já passei por isso e posso lhe garantir: tem cura! E se você morreu só por causa disso... tem ressureição!!!
Bjs

Interessante a comparação, Lisarda. Tenho a impressão que, de fato, Augusto dos Anjos leria Azimov com prazer.
Saludos, Ignacio!

Roberto Valerio Jr. disse...

Bom dia, Tuca!

Gostei do seu comentário no meu blog e o entendi muito bem.
Realmente, esses tempos de "politicamente correto" são detestáveis (para mim).

A estética de uma expressão artística não deve ficar refém de um sentimento bonito ou de mensagem legal e sim respirar por criatividade e inovação. Se acontecer de ter, tudo bem, senão, paciência...

Como você disse em um comentário anterior: tem a literatura que te atrai e a que não te atrai. O famoso subjetivismo. Normalmente, o belo apolíneo é mais refrescante e confortante aos olhos das pessoas. Mas, algumas pessoas, com certo inconformismo e sede por novidade, olham a procura do belo dionisíaco.

Resumindo: Gostar de um Augusto dos Anjos, de uma Kafka ou de um Borges não é sintoma de depressão ou qualquer outro mal da alma e sim uma escolha estética.

Grande Abraço,

Tuca Zamagna disse...

Bom dia, Eraserhead!

Em primeiro lugar, parabéns por respeitar a humilde mas indispensável vírgula que separa o vocativo. Ao contrário do que parece pensar a maioria das pessoas, o nova e irracional acordo ortográfico não a aboliu.

No mais, você está absolutamente certo. Por isso mesmo é que Augusto dos Anjos precisa ser mais divulgado (assim como Poe e Cesário, que você também prioriza), em lugar dos textos mais simplórios e batidos de bons autores como Clarice, Drummond, Vinícius, Cecília, Quintana, Caio etc., que têm seus melhores trabalhos também esquecidos.
Abraço

Júlio Paiva disse...

Bonito.