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. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Um homem
Nicanor Parra . ... .
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . A mãe de um homem está gravemente doente. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Ele parte à procura de um médico
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . E chora
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Na rua vê a sua mulher com outro homem
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Vão de mão dada
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Ele segue-os de perto
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . De uma árvore a outra
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . E chora
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Depois cruza-se com ele um amigo de juventude
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Aos anos que não nos víamos!
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Acabam por entrar num bar
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Discutem riem
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . O homem sai para ir mijar ao pátio interior
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . E vê uma rapariga
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Já é de noite
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Ela lava os pratos
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . O homem aproxima-se da rapariga
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Toma-a pela cintura
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Dançam uma valsa
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Juntos saem juntos rua fora
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . E riem
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Acontece um acidente
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . A rapariga perdeu a consciência
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . O homem vai telefonar
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . E chora
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Chega ao pé de uma casa iluminada
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Pede para telefonar
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Há alguém que o reconhece
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Fique para jantar amigo
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Não
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Onde está o telefone
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Coma amigo coma
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Depois logo vai
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Ele senta-se para jantar
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . E bebe como um condenado
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . E ri
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Fazem-no cantar
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . Ele canta
. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . E depois adormece no escritório.
Nicanor Parra - “Poeta e matemático chileno e invariavelmente candidato ao Nobel nos últimos vinte anos, Parra, irmão de Violeta, é o anti-Neruda e um poeta que revolucionou a poesia do seu país ao rechaçar a metáfora e evadir-se de todo e qualquer obscurantismo expressivo. Poeta de grande verve, a sua capacidade para “coloquiar” com o leitor, e o seu enfoque em cenas, figuras e imagens populares e quotidianas tornaram-no uma figura central no panorama poético da América do Sul. Entre os seus livros contam-se Poemas e Antipoemas, Cueca larga e Hojas de Parra.” (António Cabrita)
António Cabrita - Escritor e jornalista português, residente em Maputo, Moçambique. Ótimo poeta, traduziu este O homem, entre outros poemas de Nicanor Parra, publicados no seu blog Raposas a sul, aqui. Devem visitá-lo, com urgência, TODOS OS MEUS 17 LEITORES ALFABETIZADOS – exceto os que porventura sofram de desarranjo cérebro-intestinal, estrabismo histérico, urticárias nas unhas e outros males decorrentes do contato visual com prosa e poesia de alta qualidade.
37 comentários:
Grande Nicanor Parra!!
Fantástico o poema, Tuca. Conheço pouca coisa do Nicanor Parra. Vou correr atrás, e pra começar, visitando o blog do Antonio.
Beijo
i like this blog.....
Nicanor Parra é um poeta ímpar, e este poema prova isso. Será um prazer visitar o blog do meu xará cabrita. Bem, espero não sofrer de nenhum desses males, Tuca.
A propósito, eu estou na sua lista dos 17?
Abraços
O Parra eu conhecia, o Cabrita ainda não,
abraço
Amo essas maravilhosas conexões que a arte nos dá! A Violeta me deixa muito emocionado com sua voz e letras, que Mercedes E Joan também a representaram muito bem. E agora o Nicanor, numa poesia chilena que me lembrou Mia couto
bela poesia...
Belissimo poema!
Fiquei encantada com seu cantinho!
Parabéns. beijo
Objetivo, mas de uma poesia belíssima.
Leio apenas Neruda, mas agora vou me informar sobre esse autor.
Ao contrário dos seus seguidores, conhecia o Cabrita e não o Parra. Gostei do anti-poema. Vou procurar mais. :))
Bom, na verdade eu não conhecia (Até aqui) nenhum dos dois.
Mas agora vou me informar, graças a você.
Sim, Tuca é minha cultura e ensinamentos.
Mas te digo meu querido, não quero, e não vou passar por isso que o homem passou não hehehe (To batendo na madeira aqui).
Um beijooooo queridão, qto a xará do orkut vou ter um papo sério com ela hehehe.
PS: Eu amoooo Neruda!
Obrigada pelos elogios. Gostei daqui [:
Já ouvira falar do Cabrita e desconhecia o Parra. Mas também é tanta coisa que desconheço!
É um poema incrível, intrigante; como se o trajeto de um homem não fosse mais do que a ilusão de possuir um sentido, uma finalidade, uma direção. Há apenas circunstâncias, odisséias sem ítacas.
Abraço.
Extraordinário, Tuca. Uma paulada na consciência coletiva, se é que isto existe. Vou correndo conhecer o blog do António Cabrita!
Beijos
Tuca, estive lá no Raposas a sul. Fantástico, uma enxurrada de poemas e outros textos excelentes. António Cabrita é um escritor de primeira, de primeiríssima!
Abraços
Obrigado, querido Tuca, a visita serviu ao menos para descobrir mais alguns dos males de que padeço. Desculpe, fui forçar a barra, e tchun... lá fui correndo, ou rodando, para outra descarga cérebro-intestinal. Depois da uma sensação de alívio, uma vontadezinha de assistir BBB. Beijão reconhecido.
Gostei. Vou procurar mais sobre eles. :D
Queria sua permissão pra usar essa frase num futuro post meu, "A surra, ela perdoaria. O beijo depois, jamais." Com o seu crédito, é claro!
Beijos.
Ambos eram-me desconhecidos.
E, se não estou entre os 17, pode mudar o número pra 18, pois fui lá fazer a visita. Meu médico garantiu que todos aqueles males já não me afetam mais(O contato se estendeu para além do visual...).
Beijos.
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Nadine,
O texto é da Anga Mazle. Mas você pode reproduzi-lo dando-me o crédito. Juro que não direi nada a ela.
Beijos
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lugarzinho interessante esse, vou frquentar, so falta a cachaça!!
Hienoja kuvia, minä pidän paljon sinun blogista.
Teuvo Finland
Tuca, meu queridão,
Há saudade do lado de cá tb, mas vamos ao Nicanor, já conhecia e gosto mt e agora vou a porta do Cabrita conhcê-lo. Quem sabe se não fico por lá, algum tempo!
Bjocas mil
Muito obrigado, gostei da maneira como escreveu,eu escrevo o que sinto sem me preocupar com rimas,sou uma militante nessa vida,muito onbrigado,bjs
idem de um tanto o tudo que tu me disse!
beijinhos seguindo-te!
PARABÉNS PELO BLOG, JÁ SOU SEGUIDOR!
Muito bom!!!
Aliás, teu espaço tem humor cultural. Bom fim de semana,abraços
Parabéns português amigo, a residir em Maputo.
Obrigada pelo que escreve. Eu escrevo poesia!
Vou tentar deixar meu contacto.
Maria Luísa
Vim conhecer seu espaço e gostei muito! Muito seleto e diversificado. Parabéns.
A educação é a base do ser humano para sua vida em sociedade e para uma vida feliz. Também sou educador e vejo que nossa base holística é o caminho mais ameno a seguir, repleto de aprendizados diários em rumo a uma qualidade de vida equilibrada.
Me tornei seu seguidor.
Já ouvi falar muito do Parra, mas acho que não li nada dele. Pouco divulgado no Brasil, não é? O poema é sensacional e o blog do António Cabrita idem.
Abração
Maravilha, Tuca!
Não sei se estou relacionada entre seus 17 leitores alfabetizados, mas consegui visitar o Raposas a sul, e aparentemente nenhum mal me afetou. O blog é realmente de alta qualidade.
Beijos
Vim retribuir a visita e adorei o seu blog! beijos
Simplesmente maravilhoso!
Como tudo aqui!
Já tem tempo que te acompanho, vc está em meu catnho de Parceiros Admirados.
Te ofereço meu singelo Selo de Aprovação.
Com carinho Ivete.
Tuca!
Só hoje, depois de meses freqüentando o Desinformação Seletiva, lendo e comentando suas postagens, as da Anga, do Teopha e da Elza, descobri por acaso que ainda não era seguidora do blog. Um pecado imperdoável, não? Mereço, com toda justiça, estar fora da sua lista de 17 leitores alfabetizados...
Beijos
O máximo esse poema do Nicanor Parra, Tuca. Parabéns ao António pela tradução.
Beijo
Tuca,
Eu não conhecia nem um, nem o outro. Mas, fui lá seguir (êta palavrinha difícil!)o Cabrita (tenho amigos da família Cabrita, em Portugal e na França) para depois poder voltar lá, senão me perco.
O homem é um ser infeliz e passa a vida buscando o contrário, mas neste caminho da vida o que mais encontra é desculpas, deslizes, pedras vindas de si e dos outros. Talvez, se ele se esforçasse em procurar a tal felicidade dentro de seu próprio peito, talvez, ele pudesse entender que o que passa no caminho é só detalhe.
Beijos,
Suzana/LILY
Grato por me fazer descobrir os textos de Cabrita. 'Raposas a sul' é incrível mesmo.
Abraço.
Vibrei com as descobertas e recordações que desinformação seletiva me proporcionou. Maravilha continuar seguido voces.
P.S. Agradecido pela visita e comentários.
Abração a todos
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