quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

As Fronteiras do Universo

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Mais uma colher de sopa
das bem cheias de
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . Prof. Edson Rocha Braga




Estão finalmente demarcadas as Fronteiras do Universo.

São constituídas por uma barreira de “elétrons loucos”, partículas que se perderam dos respectivos núcleos e se juntaram entre si, caminhando permanentemente em fila indiana espiralada. A barreira formada por essas partículas é pardacenta e só deixa passar a luz em um sentido: de fora para dentro.

A Grande Barreira tem o formato de dois bagos (ovóides) comprimidos entre si.

No interior da Grande Barreira está situado o Sistema Solar, com o Sol, os Nove Planetas, os Satélites e os Cometas, com suas belas caudas.

Do lado de fora da Grande Barreira não existe nada.

Até 538 anos atrás, havia ali muitas estrelas – galáxias, pulsares, quasares, knimures, bambares – todas extintas devido a um surto de antimatéria que a OUS (Organização Universal de Saúde), infeliz ou felizmente, sequer classificou como uma pandemia de grau 1.

Contudo, a luz dessas estrelas leva milênios para chegar até aqui. Por isso a vemos nos dias que correm.

Alguns dos seres que habitavam além-barreira conseguiram viajar no anticosmo, antes do surto, e chegar à Terra. São os tatus, as patativas, os vírus de hepatite, os bacalhaus, os pica-paus, os otorrinolaringologistas e os quiabos.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Pra lá do Kama Sutra!

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Sexo inédito até para você que já
experimentou de tudo
na cama

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. . . ...¨...¨. ¨. ¨. ¨¨ . ¨¨. ¨:. . ¨. ¨. ¨. . Elza Magna

Os sexólatras mais endeusados pela mídia, que já experimentaram o que há de mais romântico e sublime no sexo até mesmo soterrados numa cama superpopulada da Ilha de Caras, bem sabem o quanto é difícil criar alguma coisa realmente nova nessa área chiquérrima das Ciências Humanas. Mas o que é muito difícil para os fodocêntricos – e impossível, para a maioria chupa-dedo da Humanidade –, é fácil, facílimo, para uma pós-pós-pós-doutorada em Sexologia como eu, capaz inclusive de tirar balas e mais balas, seguidas, da pistola enferrujada de um velhinho!

Quem duvida que vá se lubrificando para acompanhar a série de receitas eróticas que estou preparando para postar aqui ao longo de 2010, cada uma abordando uma posição sexual absolutamente nova. Pois duvido eu que alguém não uive, muja ou relinche de prazer se experimentar, por exemplo, o Esculápio crocante às minhotas redondilhas. .
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Quem viver, gozará.

A seguir, um tira-gosto especial, para enganar a fome dos mais a perigo:




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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

B.O. Hussein

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"Os Estados Unidos são o
lugar onde tudo é possível."


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O B. O. do título desta postagem pode significar Boletim de Ocorrência. Assim como Hussein pode significar um sobrenome abandonado por outro B. O., o Barack Obama, como prefere ser chamado o jovem senhor que proferiu essas palavras – aqui usadas como epígrafe – há pouco mais de um ano, logo após vencer as eleições para síndico desse imenso condomínio à deriva em que sobrevivemos.

E é só o que tenho a dizer, meio atrasado porém antes que este ano termine. O resto deixo por conta do Amorim, excelente chargista, cartunista, quadrinistra e, antes de tudo, creio eu, o caricaturista brasileiro de traço mais original surgido nos últimos 30 anos. Esse ex-futuro proprietário de uma grande rede de padarias mantém uma redezinha de quatro ou cinco blogs (talvez um pouco mais, que não sou lá muito bom em aritmética), inclusive o Sátira, de onde surrupiei esta charge.
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domingo, 27 de dezembro de 2009

O Ministério da Saúde Adverte:

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ESTE BLOG PODE CAUSAR
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VIDA INTENSA E CRÔNICA
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EM QUEM TEM METADE DOS
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¨DOIS NEURÔNIOS PROVIDA
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DE SENSO DE HUMOR!
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sábado, 26 de dezembro de 2009

Céu do interior

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Em plena metrópole, um céu estrelado
que só se vê em áreas pouco povoadas
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Não me pegam outra vez. Não me pegam, mesmo. Abri o olho, não atravesso mais a rua quando o sinal de pedestres está aberto. Que é nessa hora que eles pegam os incautos. Faz tempo, só vou na boa, assim como agora, serpenteando por entre os carros, saudado por essa algazarra dos que afundam a mão na buzina para ordenar, "mandrake aí, que eu te pego de jeito, filho da puta".

Um carro afro com vidros afro-descendentes, desses sem ninguém dentro, vem direto pra cima de mim, sedento mas sorrateiro, sem buzinar. Vai é se ferrar comigo, trem do capeta. Dito e feito: na hora agá, dou um passo para trás e, antes que ele passe de todo por mim, sento-lhe um tapa na lataria e me jogo no chão. O trânsito pára. Não por mim, mas porque o carro afro parou e dele sai uma deusa. De terninho, sobre saltos altíssimos, ela caminha com o charme e a segurança de quem se sabe linda e gostosa. Vem na minha direção, naturalmente para se certificar de que seu alvo já era. Enquanto isso, junta que junta gente. E eu aqui no chão, incólume mas imóvel, um cadáver convincente. Até que um gaiato me toca o pescoço e diz "eu acho que ele ainda não morreu". Peido, bem fedorento. Mas ninguém diz "eu acho que ele já se cagou".

Um cara se propõe a ligar pro hospital e pedir uma ambulância. Outro quer me enfiar dentro do primeiro táxi que passar. Uma velhinha, com a sensatez coroca de toda velhinha, o adverte, "não convém mexer no rapaz, pode ter afetado a espinha". Logo ouve-se a voz pastosa do especialista de plantão, “tem é que fazer massage coronária e respiração bocabô, se é que vocês me entendem”. Abro uma frestinha de olho e saco a figura. Um gorducho ensebado e banguela. Boca a boca? Desse aí, nem boquete de extrema-unção.

O gorducho apóia no meu peito os mãozões sobrepostos e começa a massagem cardíaca. Pele grossa e calejada de escravo diplomado, bem diferente dos dedos macios, finamente perfumados que apertam com delicadeza minhas narinas. Pela frestinha, reconheço a minha pseudo-atropeladora, que já arremete, em zoom, sua boca carnuda, vermelha e brilhante em direção à minha. Não gosto de batom, mas um moribundo não deve exigir muito. Me contento com o toque úmido de seus lábios, e com o hálito quente de mortadela – nobre e mágica interação de carne, banha, vísceras e pelancas.

Na primeira soprada que ela dá, já fico todo arrepiado. Alguém repara e sugere, “arrumem um agasalho que o morrente tá com frio”. A mulher tira o paletó do terninho e me cobre o peito cuidadosamente. O gorducho reclama, “sua peça vestual prejudica o meu selvício, se é que a moça me entende”. Ela nem olha pra ele. Só pra mim. Pela frestinha, meu olhar escorrega no brilho dos olhos dela, despenca rosto lindo abaixo, rola pela ribanceira sedosa do pescoço e é tragado pelo decote generoso, onde acaricia, apalpa e beija seios firmes, de auréolas grandes e rosadas.

Mais uma soprada. Não me seguro, enfio a língua na boca da minha algoz. Pronto, passei da conta, penso. Mas, não, ela não interrompe o atendimento. Nem eu, as linguadas. Vai ficando mais lento o ritmo das sopradas, cada vez mais longas e caprichadas. Nós dois na cama, num boca a boca que vai saindo dos eixos e nos pondo a girar, lentamente, até 180 graus, noves fora, 69 – deliro. E ouço nossos gemidos, suspiros, estalos de língua, sussurros... a sirene da ambulância. Que corte! E mais outro: uma garotinha esganiça, “olha que lindo, mamãe, o presunto tá com o pinto durão”.

Tento ficar de pé e cair fora assim que a mamãe me chapa nas fuças um “seu tarado filha da puta”, mas a velhinha me acerta, de trivela, os dois testículos com um chute só. E ninguém perde a deixa. Chove palavrão, soco e pontapé. Vejo minha adorável atropeladora voltando para o carro e aciono, por ela, todo o tesão que ainda tenho pela vida. Consigo me levantar, furar o cerco de pancadas e correr, tonto e capengando, até o carro dela. Bato na escuridão do vidro da porta do carona, agarro a maçaneta, travada, e sorrio, cúmplice, mesmo sem poder ver se ela corresponde. De repente, é de novo só um carro afro com vidros afro-descendentes, sem ninguém dentro. Sim, logo a máquina arranca, me fazendo cair sentado. E avança o sinal, embora vários pedestres estejam atravessando a rua. Três com certeza teriam sidos atingidos, não fosse o alerta da sirene da ambulância – que, em alta velocidade, me acerta em cheio e vai em frente, alcançando ainda, rente à calçada, os três palermas.

“Coisa de profissional”, pensam meus bilhões de neurônios enquanto polvilham, no asfalto urbano deste entardecer cinzento, um céu estrelado que só se vê em plena noite nas áreas desertas ou pouco povoadas.
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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Salve o Bom Velhinho Safado de Beagá

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Luzinhas chinesas na boca
de minh'alma nada natalina



Sobre a postagem Lembranças não são pensamentos, de 23 de dezembro. Aos que curtiram o humor sombrio, lírico e surreal do mano Paulim, de Belo Horizonte, recomendo a leitura da postagem de Natal no seu blog Rindo de nervoso... ainda.

Luzes na boca do beco é outra pérola grafite que esse Papai Noel sem saco tirou sei lá de onde. E uma pérola bem mais brilhante, é claro, claríssimo, porque dedicada a este Tu(tu)ca, devidamente bukowskiado.

Meu melhor presente deste e de centenas de outros Natais.
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Para não dizerem que não falo do Fogão

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Que venha logo o maior
maria-chutador do mundo!

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Quem conhece a história do Botafogo sabe: sempre tivemos grandes cachaceiros, chincheiros e até cafungadores vestindo a camisa gloriosa. Não tenho nada contra as opções de cada um, desde que o cara consiga dribar a rebordosa e os adversários. Prefiro mil vezes um Garrincha tomando todas e arrasando joões do que certos "atletas exemplares" que, parece, mandam pra dentro um sonífero antes de entrar em campo.

Acho, inclusive, uma hipocrisia das mais hipócritas – e também das mais anti-Hipócrates! – essa coisa de médicos (coniventes com as autoridades esportivas) considerarem dopping o consumo de maconha e cocaína. Imaginem o que aconteceria se um time entrasse em campo com um apoiador cheiradaço e o goleiro maconhado.

Primeiro, o apoiador iria correr uma barbaridade nos primeiros 15, 20 minutos de jogo, marcando em cima até os bandeirinhas e os gandulas, e depois sumiria em campo. A não ser que pedisse e o juiz autorizasse: "Posso ir rapidinho no vestiário pra dar uma cafungada de reforço?"

Segundo, o goleiro passaria o jogo todo besteirão. No primeiro peteleco ao seu gol, o cara iria olhar pra bola e pensar: "Pô, lá vem ela... lá vem ela... tá chegando... e vem bem em cima de mim... chegando... chegou... Ih, entrou que entrou... bem pelo meio das minhas pernas!"

Em resumo, a proibição é (i)moral – do mais reles moralismo cristão! –, e não esportiva. Tanto que, se pintar traços de álcool no sangue do jogador sorteado para o anti-dopping, não dá nada pra ele. A não ser, talvez, se em vez de traços aparecerem travessões, o que indicaria que o cara encheu o pote pouco antes de entrar em campo. Mas isso, que eu me lembre, só foi feito por um juiz europeu, há meses, gerando um espetáculo bizarro, gravado em vídeo que vaga pela internet até hoje, quase tão bêbado quanto o seu protagonista.


Estou falando disso tudo, a propósito de uma notícia que li hoje sobre a tentativa alvinegra de contratar o Ronaldinho Gaúcho, notório consumidor compulsivo de marias-chuteiras. Considero a compulsão sexual – em termos futebolísticos, pelo menos – um vício mais grave que todos os acima citados. Não sei o que os médicos acham disso, e nem quero saber. Gosto de futebol, assim como não aturo gente que só diz asneira. Sobretudo quando usam – indevidamente, na maioria dos casos – o título de doutor.

Mas se os dirigentes do Botafogo acreditam que o maria-chuteirismo é um mal que vem para o bem, que tratem logo de ir atrás do melhor na especialidade. Que deve ser, com certeza, um descendente do italiano Francesco Lentini (foto). Frank, prenome que adotou depois que emigrou para os States, tinha três pernas funcionais, e batia um bolão. Apresentava-se em circos fazendo o diabo com a bola, chegando também a dar aulas para jogadores de soccer. E o mais importante: tinha um potencial excepcional para a prática do maria-chuteirismo, uma vez que possuía dois pênis, ambos também funcionais!

Por isso, rogo à diretoria do Fogão que procure por aí um neto ou bisneto do Frank que tenha puxado o avô ou bisavô. Vai que eles encontrem um Lentini de cinco ou seis pernas e três ou quatro pembas ativas. Pronto, estaria muito melhor atendida essa demanda de um super maria-chutador. E, de quebra, resolveria um problema que vem afligindo bastante a torcida alvinegra. O da falta de pernas do time.
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Lembranças não são pensamentos

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Alguém ainda sabe a diferença
entre um avestruz e um colibri?


Meu mano caçula escreve bem como o quê. Mas, despretensioso e pachorrento como sempre foi, raramente investe na ficção. Há tempos meu alçapão para aves silvestres bem nutridas e saborosas estava armado na pequena mas densa mata do quintal de seu blog mineiro (Rindo de nervoso... ainda), na esperança de pegar um macuco, uma jacutinga, um mutum ou mesmo um modesto chororó (divorciado do xitãozinho, naturalmente!)... Hoje, enfim, pude ouvir o pleft! da tampa do alçapão se fechando. E era só uma pequena saíra. Mas de uma espécie surreal, que alguns especialistas consideram extinta há séculos, enquanto outros asseguram que ela sequer existiu! Notem o misterioso fulgor de suas 17 cores em tons claríssimos, quase transparentes... em sintonia com os matizes das lembranças por ela cantadas seguindo o mote:
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Lembranças não são pensamentos
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Pois lembrar é quase só o que me resta. Era uma noite particularmente triste e lenta, a cabeça tão moída por dores e queixas que o corpo decidiu – já tentara antes! – abandoná-la.
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Levou consigo a mulher amada, isenta de pudores.
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Faz tempo.
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Mas, quando chegam as algaravias dos finais de ano, a lembrança dói. Embora cada vez menos.

Paulim Saturnino Figueiredo Zamagna ¨

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

LIVROS QUE DEUS ME LIVRE!

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Literatura da pesada, imprópria
para maiores de 18 neurônios


Sem mais delongas, para não estressar a penca neurológica dos leitores interessados, aqui vão micro-resenhas de quatro extraordinários livros de merda recém-lançados.


Sexo sem risco em parede de chapisco - Seleção ilustrada de dezenas de posições sexuais altamente excitantes criadas pela sexóloga Elza Magna, que põe por terra, parede acima, um monte de leis moralistas e preconceituosas, tais como a da gravidade e aquela sobre a impossibilidade de que dois - e três e quatro ou mais - corpos ocupem o mesmo lugar no espaço.

Contos do vigário para pastores sem rebanho - Coletânea de golpes milagrosos criados por sacerdotes das mais diversas religiões, partidos políticos, bancos, laboratórios farmacêuticos, agronegócios e supermercados. Organização e sermão introdutório do mulá israelense Edmar Cedo.

Todo médico é fodão! - A Dra. Drauziófila Melanogaster Karecca ensina como entrar em qualquer consultório médico, de saco cheio de tanta doença, e sair com o bolso vazio mas livre da porra do saco.

Manual de inseminação, concepção, gestação e parto cesariano natural de prolixidades confusas, redundantes, quilométricas, pedantes, ocas e sem sentido visando à perfeita imperfeição da decorrente tanto quanto resultante cunhagem lapidativa multivocabular de expressões politicamente corretas - Obra-prima da literatura obscurantista, produzida - conforme bem informa a capa deste volume de 3.746 páginas - por "Diversos, variados, distintos e diferentes co-autores reunidos conjuntamente em grupo interpessoal corporativo".
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domingo, 20 de dezembro de 2009

Parabéns, Antonio Claudio!

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Por amizade, a gente releva
até nome mais para palavrão




Um cara com um nome desses só merece pêsames de aniversário. Mas sou um sujeito tolerante e generoso com meus amigos, e faço aqui uma despropositada homenagem a esta besta que carrega, a partir de hoje, 60 toneladas de 365 dias. O desenho acima (ou ao lado ou embaixo, sei lá) foi cometido por um inimigo íntimo comum, o Aranha, nefando habitante das cavernas jurássicas da Tijuca. Não duvido nada que este canalha o tenha montado com pedaços de desenhos feitos para outras pessoas. Mas, sendo para o pacóvio do Antonio Claudio, já está de bom tamanho.
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Amor oportuno e rapidinho

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Elza Magna e Anga Mazle
trovejam por auto-ajuda



As duas trovas abaixo são de um livro que a sexóloga Elza Magna e a amoróloga Anga Mazle escreveram a mais de 20 mãos (além das quatro delas no teclado, haviam outras teclando as duas o tempo todo). A obra só não foi publicada ainda por dois pequenos detalhes. Primeiro: o degas aqui (peço que se pronuncie degá, como o nome do gênio da pintura que, sem dúvida, foi o inventor da luz hidrelétrica!), pois o degas aqui, encarregado, por nossas mestras do amor e do sexo, de ilustrar o trabalho, ainda não concluiu mais que 58,3% das 190 ilustrações previstas por elas. Segundo detalhe: nenhumas das 17 editoras consultadas se interessou em publicar o livro.

Trata-se de um humilde opúsculo esotérico... um Manual Divinatório do Amor e do Sexo, como informa o seu subtítulo. O título, sutilmente sensual como suas autoras, é

A Esfinge sem Calcinha
As ilustrações dessa levadiça brochura são - todas - baseadas em caracteres e símbolos disponíveis no repertório standard de fontes do Windows XP. Uma zona! Misturo tudo, de caracteres e símbolos de diversas fontes do nosso alfabeto a caracteres e ideogramas de mais de uma dúzia de outros alfabetos. Nas vinhetas abaixo, os caracteres são da fonte Arial (boca, nariz e olhos) e da escrita vietnamita (sobrancelhas), em A Escola; e do árabe e símbolos (TVs), em A Tartaruga.
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A Escola (por Anga)
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Que parte de nós aloja

A escola do amor oportuno,
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Onde as aulas são de lógica,
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Sem professor nem aluno?
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A Tartaruga (por Elza)
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Os dias passam... tão lentos...
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Assim é ele... assado, ela...
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Só o amor corre, no tempo
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Do intervalo da novela.


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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Onisciências interrogativas

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Duas perguntas que há décadas afligem a humanidade são, finalmente, não respondidas pelo


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. . . . . . . . . . . . . . . . . . Prof. Edson Rocha Braga
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Afinal, por quem os sinos dobram?
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Em 1940, Ernest Hemingway publicou Por Quem os Sinos Dobram (For Whom the Bells Tolls, no original, e Por Que Bebel é Tola, em Portugal). Quem leu o romance bem sabe que, concluída a leitura, instantaneamente começa a dobrar no cérebro a pergunta que jamais se desdobrará: “Afinal, por quem os sinos dobram?”

A resposta estava nos originais de um longo (173 páginas) posfácio, no qual o escritor de fato respondia, sem rodeios de entrelinhas, a angustiante questão. Esse texto, porém, acabou não sendo publicado, posto que foi dobrado e jogado no lixo por Bebel, faxineira lusitana de Hemingway.
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Eram os Deuses Astronautas?
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Esta pergunta, por si, mostra até onde pode ir a estupidez dos terráqueos.

Em nenhuma outra parte do universo jamais sequer passaria pelas células pensantes de qualquer ser a idéia de que um deus possa ser idiota a ponto de abraçar profissão tão imbecil.
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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Bom Velhinho Safado

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Um Bukowski terno e compassivo,
sem seu espírito de porco natalino

Meu presente de Natal para os bukowskianos - em especial, Piúla Leroy, Paulim Munguba, Marcelão, Gerva e Nick Manteigueira!
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Clique no texto para ampliá-lo. .






















Tradução: Jorge Wanderley
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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Diário do Dia desmente TV Probo

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Entrevista exclusiva com Pipídi,
o suposto pedófilo e estuprador


A velha (porém ainda bem apanhada e fogosa) repórter que vos escreve entrevistou, via rabex, a celebridade do momento, Epidídimo Eustáquio de Falópio (foto) – esse mesmo, leitor, o personagem principal do Caso Pipídi, que há mais de um mês vem ocupando pelo menos cinco linhas diárias no melhor jornal do país, este Diário do Dia, o único que ainda resiste à sanha monopolista de O Probo.

Pipídi, que se mantém foragido, nos fez importantes revelações, as quais, se verdadeiras forem, contrariam frontalmente tudo que foi informado ontem pelo Jornal Multinacional, da Rede Probo. Não vou me alongar nesta reportagem, tendo em vista que o raboboy que serve a todos nós, hóspedes do manicômio judiciário, não aceita transportar rolos de papel de diâmetro superior a 6,5 milímetros, mesmo quando as remessas não totalizam o limite, por ele estabelecido, de 5 centímetros. Se pagarmos em dobro – ou seja, 8 pratas por milímetro diametral –, o sujeitinho até arreganha uma exceção. Mas isso, além do preço escorchante, expõe os manuscritos ao risco de serem danificados, porque o mercenário, para aproveitar ao máximo a bitola de seu porta-mala postal, às vezes elimina o frasco cilíndrico que usa como invólucro protetor contra eventuais impertinências fecais.

Esta indispensável introdução – do texto, não da remessa postal – já consumiu quase a metade da tirinha de papelão pisoteado que posso remeter por rabex com as 17 pratas de que disponho. Embora escreva em letra miúda, quase microscópica, serei forçada a me restringir a dois pequenos tópicos dos mais de 20 abordados por Pipídi, deixando o restante para remessas posteriores, se dinheiro para tanto e rabo para tal houver. Vamos a eles:

Pipídi não nega a autenticidade, mas sim a atualidade do vídeo exibido pela TV Probo em que aparece com um menino louro no colo, fazendo cavalinho e cantando “trepa Antonio, o siri tá no pau, eu também sei tirar o cavaco do pau”. Segundo ele, o lourinho hoje é homem feito e, há cerca de dez anos, negro, depois de submeter-se com sucesso a um tratamento transepitelial e transcapilar. O rapaz, acrescenta Pipídi, “é ajuntado com uma cabocla bem jeitosa e tem duas filhas pequenas, louras que nem ele era, de cabelo pixaim que nem ele é”.

Quanto à informação veiculada pelo jornal televisivo sobre um suposto estupro por ele cometido contra uma paciente internada em estado grave num hospital público em que trabalhava como faxineiro, Pipídi esclarece: “Caô. Nunca trabalhei em hospital nenhum. O que rolou é que desovaram no IML, onde eu era lavador de cadáver, uma dona que parecia morta. Gostosa de dar água na cueca. Loura, de olhos mais azuis que os beiços e a ponta dos dedos. Assim que ela ficou só mais eu, parti pra dentro”. Pipídi garantiu que tudo corria como de praxe nos seus, como ele diz, “lesco-lascas” com defuntas, até que a mulher começou a gemer, levando-o a exclamar: “Caralho, meu caralho, depois de três anos trabalhando comigo aqui, finalmente tu consegue fazer uma presunta gozar!” (Marsela Túrsica)
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domingo, 13 de dezembro de 2009

Primas chupadoras de dedões

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Elza Magna, sexóloga, dá
receita contra a dedãofilia


"Minhas primas pegaram a mania de chupar meus dedões, inclusive os dos pés! Eu até que gosto, mas o problema é que elas só querem saber deles. Chupetinha que é bom, nunca mais!"Júnio Juniôres Júnior

Minha mãe passava pimenta malagueta nos meus dedos, para eu parar de chupá-los. Deu certo: de lá para cá só tenho chupado aquele dedão sem unha dos rapazes. Mas se passar pimenta nos seus dedões não funcionar com suas primas, Júnio, cole uma unha postiça na cabeça do pinto.
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Os bichos também amam

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Anga Mazle, amoróloga, só
admite zoofilia por amor


"Fazer amor com animais faz mal.?"Toshikiro Sukata

Depende, amoreco. Com insetos, evite abelhas, marimbondos e escorpiões, que são animaizinhos pouco afeitos ao amor verdadeiro. Aves, só de perua para cima (no seu caso, acho que uma codorna agüenta o tranquinho, cheia de amor pra dar). Mamíferos, em geral, são bem receptivos a um amor intenso e sincero. Até eqüinos amam com fervor e abalam corações entre a garotada do interior. Mas, se for macho, convém enrolar um cobertor em 3/4 do instrumento amoroso do bichinho: vai que ele só consiga envolver-se amorosamente com reciprocidade. Mas o que importa mesmo, meu doce Toshikiro, é que tudo seja feito com e por amor, muito amor!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Quem não tem cisne caça com marreco


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Tudo sobre o que não aconteceu
numa sexta-feira de céu nublado

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Manhã cinzenta de sexta-feira. Da varanda, tento ver a nesguinha de Lagoa Rodrigo de Freitas que integro à minha paisagem se me debruçar bem no parapeito, a milímetros de me estabacar no playground do prédio, três andares abaixo. Quase sempre consigo, como agora; raras vezes me estabaquei.

A pista de pedestres e ciclistas que circunda a lagoa está deserta, posso ver, espionando por entre as copas da dúzia de altíssimos paus-rei que moram bem em frente ao meu prédio, lá no lado ímpar desta Av. Epitácio Pessoa, habitado somente por árvores, gramados, postes, lixeiras públicas, quiosques às moscas ou falidos, cisnes-pedalinho e cocôs de cachorro.

Os pedalinhos estão estacionados lado a lado à beira d'água, de frente para cá e, portanto, de costas para a lagoa. Pensei em pegar minha câmera digital e registrar esse momento singular: os cisnes cabisbaixos, sem crianças pedalando suas vísceras para fazê-los nadar, todos de bunda para aquele monstrengo natalino muquirana que chamam de árvore, a essa hora meio árvore mesmo, descomunal pinheiro seco fincado na água.

Perdi a foto, porque o sol resolveu dar as caras e estragar tudo, alegrando de maneira revoltante a paisagem. Mas já estava perdida de todo jeito, porque câmera digital é um dos 21 bens de primeiríssima necessidade que ainda não comprei, nem ganhei – olha aí, gente que ainda me atura, meu aniversário e o Natal já estão na porta tentando tocar minha campanhia muda!

Para não postar a seco (tão seco como o monstrego apagado) esse texto típico de quem está sem assunto, surrupiei a foto abaixo do fotolog do meu amigo Paulim Saturnino, de Beagá.

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Simpáticos esses marrecos, não? Tão tranqüilos, tão fraternais, assim abraçadinhos à beira da Lagoa da Pampulha. Ou não será a Pampulha? Provavelmente não, pois lembra uma pia. E a Pampulha, dizem amigos de lá, já anda que nem a Rodrigo de Freitas, mais para vaso sanitário que para pia.
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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Agoras atávicos e vindouros

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Sou um saudosista... não pelo que vivi, mas pelos
agoras – do amanhã e de antes de eu ter nascido






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Tenho saudade dos becos estreitos e sinuosos de Barcelona, com seu piso irregular de pedras de todas as idades e suas meigas prostitutas que, devido à falta de espaço, passariam por mim, completamente bêbado, a se roçarem sem nojo e até com aquele prazer verdadeiro às vezes gerado pela sedução profissional – que haveria de gerar também o dia em que eu me submeteria ao suplício de viver 1O, 12, sei lá quantas infinitas horas lá nas nuvens, empacotado no trambolho avoante que me levaria à força até lá, se não me batesse o desespero - de passar tanto tempo longe do chão e sem fumar - que me levará, isto sim, a quebrar uma janelinha qualquer da estrovenga e pular em alto mar para voltar, a bordo de um galeão corsário, ao meu Rio mais amado, este no qual:

Flano pelo velho Centro, já com os dias contados pelas obras que logo virão por decreto do Presidente Rodrigues Alves, e sob o comando desse prefeitinho dele, o irrequieto Chico Pereira Passos. Cruzo o Largo da Mãe do Bispo e sigo para o Largo da Carioca, ladeando o casario oitocentista condenado para a construção do tal Teatro Municipal. À rua que inaugurarão bem aqui, decerto vão dar um nome como Princesa Isabel, Joaquim Nabuco, 13 de Maio ou qualquer outro que recompense com sobras o bando de pretos forros miseráveis que serão despejados a bofetes desses cortiços que vão abaixo. Mas se esburacarem demais o largo para as obras do novo colosso cênico, vou logo avisando: algum gaiato, carioca típico, vai logo rebatizá-lo de Cu da Mãe do Bispo...

Agora, estou passando em frente ao bom e velho Teatro Lírico. Me pergunto: para que outro teatro se um dia ele será também posto abaixo como velharia, tal qual logo farão com o Lírico e, não demora muito, também com o São Pedro, assim que lhe arranjarem outro incêndio, dessa vez para queimar qualquer lembrança imperial? Se interessa saber, afirmo que não duvido nada se, para acabar com a moda, bem ao gosto de D. João e seus Pedros, de botar nome de santo em teatro, o rebatizarem homenageando alguma diva catita e voluptuosa... Não, delírio romântico meu; imagine se os republicanos têm colhões para isso; o mais provável é que o homenageado seja algum divo gorducho e cansado. João Caetano, por exemplo.

E já avisto o casario do Largo da Carioca, igualmente condenado, a maior parte para dar lugar ao Hotel Avenida, que será também o ponto final das linhas de bondes da Companhia do Jardim Botânico, dona do futuro belo prédio. Mas não dou mais do que cinco décadas para arrasarem o hotel e a deliciosa galeria Cruzeiro que funcionará em seu andar térreo. Afinal, o local já hoje é perfeito para nele plantarem um desses arranha-céus tenebrosos tão em voga em Nova Iorque.

Antes de adentrar o Largo da Carioca, paro em frente ao prédio da Imprensa Oficial e bato continência, contrito, jornalista engajado que sou aos ditames do poder constituído. Cruzo o largo apertando o passo, para poupar meus ouvidos do coro de araras que fazem, à esquerda, no longo tanque do chafariz que recebe as águas vindas das nascentes do rio Carioca, as lavadeiras com seus cantos de trabalho quase incompreensíveis, uma algaravia que mistura um português já meio manco com dialetos africanos. Penso em tomar um chocolate quente no Café da Ordem, na esquina com a Rua da Carioca, mas então me lembro: hoje tem função no Clube Bethoveen, lá na Praia da Glória. Entre as atrações lítero-musicais, Bilac declamando sonetos intragáveis de uma sua protegida, e uma francesa metida a cantora e atriz esganiçando umas árias de Caetano de Mattos Souza, padre baiano que nem botar música na pauta sabe. Mas as duas raparigas não são de se jogar fora, é o que garante o Afonso Henrique, um jovem escritor que já privou de licenciosas intimidades com ambas. Aliás, falando no Afonso, a grande atração da tarde será mesmo a reaproximação, por mim promovida, entre ele e o Machado. Este, bem mais velho e sem paciência, está mais ressabiado; diz que Afonso Henrique é um moleque sarcástico e maledicente. O outro não tem tanta queixa, só reclama que Machado de Assis fede a chouriço rançoso.

E vamos logo à tertúlia, decido. Mas quando dou meia volta e armo o primeiro passo para retomar a caminhada, o que tenho abaixo do pé direito armado e diante de meus olhos, estupefatos, é a Lagoa de Santo Antônio! E de toda a paisagem urbana do largo só resta, no alto, à direita, o Convento do dito santo e, do lado de lá da lagoa, um pequeno casebre, mais ou menos onde futuramente será erguido o prédio do Liceu de Artes e Ofícios. Pouco importa, não tenho medo de água nem pressa. Caminho lentamente lagoa a dentro em direção à Gloria, mesmo sabendo que terei de aguardar muitas décadas até que a urbanizem, de modo que os sobrados geminados onde funcionarão o Clube Bethoveen e o Hotel Suíço possam ser construídos e, principalmente, o moço Afonso Henrique e o velho Machado nasçam e cresçam até terem idade e papo condizentes com saraus lítero-musicais.

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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A mulher da minha vida

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"Pode-se ter centenas delas, mas ser, que é
o que conta, só se é por uma única na vida."

¨. . . . . . . .. . . . . . . . . . .. Teophanio Lambroso
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..(epigrafista e, em horas vagas como esta, contista)
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A mulher da minha vida na minha vida entrou quando eu estava parado em frente ao último prédio da Rua Pereira Silva, em Laranjeiras, esperando que dele descesse um pintor microscopista a quem eu havia encomendado um óleo hiper-realista de um singelo cardume de seis ou sete marlins azuis – o qual ele sugeriu pintar num caroço de arroz parboilizado, ao que eu contrapropus (e ele prontamente aceitou): ou nas costas de uma pulga empalhada ou nada feito.

A mulher da minha vida vinha subindo a ladeira, e à medida que se aproximava foi informando à minha vista cansada que:

Era bem morena, mais índia do que branca, mais negra do que índia, mais oriental do que negra, mais árabe do que oriental, mais loura do que qualquer escandinava;

Trajava um vestido branco estampado com pequenos círculos, triângulos, quadrados, trapézios, pentágonos, hexágonos e hipopótamos vermelhos; o modelo era justo, decotado e bem curto, a revelar um pneuzão fofíssimo, seios volumosos, que transcendiam o decote feito massa fermentada extravasando da forma, e coxas frondosas, tão frondosas que entre elas não havia espaço sequer para a passagem de um átomo de vento;

Tinha olhos grandes e amendoados, um verde mentolado e o outro roxo soco; nariz pequeno mas de ventas abanadas, quase abananadas, e ligeiramente arrebitado por dois rebites de alumínio e três de latão; ah, e um amplo sorriso debruçado numa beiçola carnuda e cravejado de todos os dentes da frente exceto dois e meio.

Quando a mulher da minha vida passou bem à minha frente, já era senhora absoluta e absolúvel de todos os meus pensamentos, que se diluíam em encachoeiradas continências pelo lado de dentro não só da testa como de toda a caixa craniana; e alvo de todos os meus desejos, concentrados em ereção flechante a céu aberto, graças, em parte não modesta, modéstia à parte, ao meu extraordinário dom de nunca lembrar de fechar o zíper do porta-flecha.

Ao sair lentamente da minha vida, subindo a ladeira de acesso à favela do Pereirão, bem mais íngreme que a rua, deduzi que a mulher da minha vida tinha uns 30 anos, embora não parecesse menos de 42. Tal dedução não fora instantânea, mas conclusiva, baseada em observação e reflexão profundas, perpetradas durante os vários segundos em que pude acompanhar a ascendente trajetória de vida da mulher da minha vida a caminho de casa. Mais do que a identidade temporal, que pouco ou nada representa, puder avaliar-lhe a alma, aflorada fosca, revestindo toda a extensão da pele de suas pernas, na forma de meias de nylon. E não pense que se tratava de um par de meias de nylon qualquer, pois que era, isto sim, pode pensar, daqueles especialmente ordinários, à venda somente nas piores bancas de camelôs da Central e de outros que tais.

Ó vasta e devotada alma que se sustentava sobre saltos altos caminhando por rua de paralelepípedos e ladeiras esburacadas, a envolver por completo tamanho par de guloseimas, ressalvadas aqui e ali clareiras dos mais diversos tamanhos, pelas quais transbordavam delicadas flores isoladas ou em buquês ou em touceiras ou mesmo em razoáveis pastos; tufos de pétalas, moitas de pétalas, matas de pétalas, supra-sumo petalino de sensualidade a que chamamos, tão feiamente, de celulite. (Com pesar, devo informar, às raras infelizes que não dispõem de ao menos dois generosos bocados de celulite para estofar-me as mãos, que essa espécie de carne pixaim é mais sensual e libidinável que, por exemplo, um empinado e suculento terceiro seio na testa.)

E essa é a história da minha relação com a mulher da minha vida. Nunca chegamos a nos falar, nunca trocamos um olhar, nunca mais a vi. Tudo que dela vim a saber desde então, passados 10 anos, três meses e 12 dias, me foi contando ontem à noite pelo pintor microscopista, a quem levei para restauração meu cardume de marlins azuis danificado por um espirro imprevisto da pulga empalhada. Contou-me ele o que soubera através de sua faxineira, também moradora do Pereirão e quase vizinha da mulher da minha vida. Não sei se falaram a verdade, não sei qual dos dois poderia estar mentindo, mas acrescento agora aos dados pessoais da mulher da minha vida, ainda que como adendo carente de comprovação, o que dele ouvi:

A mulher da minha vida já era mãe de quatro filhos de pais diferentes quando entrou na minha vida. Hoje, aos 25 anos, tem mais sete filhos e dois netinhos de igual procedência, um emprego de caixa de supermercado e 148 quilos.
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segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sob o Signo da Relatividade

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Mais uma desembraguilhada e
ínfima porciúncula cremosa de

Um tratado que não destrata tratantes mas trata – trato é trato! – de contratos tratorados pelo

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¨. . . . . . . . . . . .. . .. . . . . . . Prof. Edson Rocha Braga
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Finalmente, já pode ser divulgado o terrível segredo. Um segredo que, tornado público na época, teria mergulhado a Humanidade na mais negra confusão e histeria.

A responsabilidade da descoberta coube a A. Einstein, em 1905. Ele juntou a letra E (em caixa alta) com as letras m e c, e o número 2, e pôs um sinal de igual no meio, estabelecendo assim a equação E = mc2. Ao perceberem que ali estava, faceira, a famosa Teoria da Relatividade, os cientistas da época refizeram todos os seus cálculos e chegaram a uma catastrófica conclusão: uma vez que a luz não andava em linha reta, todos os horóscopos até então elaborados tinham sido trocados! As previsões de Peixes foram dirigidas aos nascidos em Escorpião, as de Câncer aos de Aquário, as de Virgem aos de Leão, as de Capricórnio aos de Touro, e assim por diante. Uma baderna!

Explicava-se, assim, o caos em que andava mergulhada a Humanidade.

Os cientistas avisaram imediatamente aos horoscopistas, para que providenciassem os reparos necessários. E conservaram o assunto sob o mais rigoroso sigilo, para não disseminar o pânico.

O segredo pode ser hoje revelado, posto que a Humanidade a estas alturas já está tão desorientada que dificilmente voltará aos eixos.
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domingo, 6 de dezembro de 2009

Dos estranhos poderes de Jacarécio Neves

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Mais um quadro do Jesuíno
(este, roubado) legendado ¨

- Uai, ocê reparou que esse traste não tem fiofó?
Cumé que ele dá conta de fazer tanta cagada
por esse estado de Minas tão grande, sô?
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(Este quadro integra a série Mar Interior, recém-postada pelo artista no blog Hélio Jesuíno e Cia. Ltda.)
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Na urgência do Miguel Couto, um tubarão virou boto!

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"No pronto-socorro do Andaraí
Tu entra cajá e sai caqui."
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. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . Hélio Jesuíno

O título desta postagem é parte da letra do samba O Sandoval tá mudado (Maurício Tapajós, João Nogueira e Aldir Blanc), bem como a epígrafe acima (esta redundância se impõe, porque, em postagem sobre atendimento hospitalar público, tudo pode acontecer, até epígrafe se estabacar no rodapé do texto, mal parada feito um epitáfio).

Lembrei-me desse ótimo samba por causa de uma amiga, Roseane Luz, minha querida Rose Karrão. Internada dias atrás no Hospital de Ipanema, para se operar de um quisto no ovário, acordou no dia seguinte com uma ótima notícia: já podia ir para casa. Da funcionária do hospital que lhe comunicou a alta recebeu também um envelope com o laudo pós-operatório. Como é curiosa e alfabetizada, Karrão tratou de lê-lo na hora, ainda a tempo de questionar a funcionária sobre o que lera. Pois não é que lá estava escrito que não encontraram quisto algum em nenhum de seus inúmeros ovários? Em compensação, para ela não sair de lá de mãos abanando, diagnosticaram um problema no divertículo intestinal (não, divertículo não é aquele vestíbulo que muitos usam para diversão).

Agora, nova radiografia revelou que o danado do quisto, ou seja lá o que for aquela mancha sem graça, continua lá, enchendo o saco do ovário da Rose. Pode ser uma ilusão de ótica radiológica. Ou, especulo com meus botões, uma projeção fantasmagórica do tal problema diverticular. A médica dela acha que deve ser feito um acompanhamento e, conforme a evolução, fazer uma cirurgia.

Bem, você decide, Karrão. Quanto a mim, fico só torcendo para que não seja necessário operar. Mas se for, espero que você o faça em outro hospital. Não que eu acredite que haja algum melhor, mas não custa dar uma variadazinha, né? Porque você já comprovou, minha revisora predileta: no Hospital de Ipanema, tu entra coração sem til e sai língua com trema! E, se os médicos estiverem num dia inspirado, pode até ganhar de brinde, conforme constará no laudo pós-operatório, uma operação de fimose...

Há precedentes, e bem mais graves. Como foi o caso do Sandoval, cuja mudança referida no título do samba é assim explicada, na letra, pelo Aldir: "Mas o pior sucedeu a um tio meu lá no Rocha Faria... ai, ai, ai, ai, entrou Sandoval, saiu Ana Maria!"¨
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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O Motoperpétuopétuop

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Este é o primeiro de 1.001,07 tópicos de uma série que pretendo postar inteira aqui, no máximo até a segunda quinzena de maio de 2052:
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Obra-prima de um dos 17 mais geniais escritores, artistas plásticos, overloquistas e plantadores de boatos da família Braga (de Cachoeiro de Itapemirim - ES). Trata-se de ninguém menos, talvez mais que o¨
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¨. . . . . .. . . . . . . . .. . . . .. . . . .. . . . . Prof. Edson Rocha Braga

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O Motoperpétuopétuop foi inventado em 1942 em Barcelona, por Abdelkader Ofkir, refugiado marroquino de apenas 67 anos. O engenho conjugava: oito sistemas de roldanas fixas e três móveis; quatro alavancas e outros tantos pontos de apoio; dezoito molas espiraladas, uma bomba hidráulica; um par de elásticos; seis rodas dentadas; e uma manivela. Girada esta, o aparelho acrescentava meio erg ao impulso inicial. Daí para a frente, ia sempre num crescendo.

Três anos mais tarde, Abdelkader foi preso em Marrakesh por tráfego de fluência, estando até hoje desaparecido.

Quanto ao Motoperpétuoooo, continua passando de mãos em mãos, na clandestinidade, a uma velocidade incontrolável mas ainda pouco superior a uma vez e meia a da luz.
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Antes tarde demais do que na hora certa?

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Não bato muito bem, não,
mas apanho, fácil, no ar...


Não queria tocar nesse assunto tão delicado, que envolve a honra de um herói nacional. Mas, venha cá, se eu sei de um crime e silencio sobre ele durante 15 anos, não posso ser considerado cúmplice, ou pelo menos culpado por omissão?

De leis, não manjo nada, mas a danada da intuição ficou me cutucando até eu falar, entende? Me perdoe, se eu estiver sendo inconveniente e desrespeitoso, ó grande El Cid, intrépido ainda que tão lerdo protetor dos meninos abandonados do MEP.
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

De óculos como sem guarda-chuva

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Só óculos desaparecidos podem ver
o reino dos guarda-chuvas perdidos
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Eu pensava que só acontecia com guarda-chuvas, isso de todo mundo perder muitos e nunca ninguém achar algum. (Uma vez julguei ter achado um, num acesso de sorte, como eu me disse em tom triunfal – porque o céu, negro, já rugia uma tempestade daquelas. Mal desabou o toró eu abri, todo besta, meu belo guarda-chuva verde claro estampado com florzinhas vermelhas e amarelas. Me livrei da chuva, mas peguei uma ducha fortíssima, que o diabo do suposto guarda-chuva tinha um baita rombo na umbela.)

Pois acontece com óculos, também, esse lance de perdermos um monte deles e nunca acharmos um único par, pelo menos que nos sirva. (E o que é mais grave e misterioso: eles somem, principalmente, dentro de casa!) Vim a saber disso quando perdi meu primeiro exemplar da espécie, comprado poucas semanas antes, assim que meus olhos preguiçosos se recusaram a ler uma bula de colírio. De lá para cá já comprei dezenas e dezenas de óculos, que vou perdendo e reencontrando, perdendo e reencontrando... até que eles se cansam da brincadeira e somem para sempre. E não há meio de encontrá-los, pode acreditar. Nem contratando um detetive particular competente – ressalvando, não vou mentir, que isso eu só fiz três vezes.

Felizmente, no meu caso, esses desaparecimentos misteriosos só ocorrem com óculos de leitura, jamais com meu primeiro e único par de óculos para distância. Meu segredo: deixo-o sempre no mesmo lugar, amarrado com barbante ao pé da cama. Agora, por exemplo, acabei de procurar, em vão, todos os meus sete pares de óculos de leitura. Fazer o quê? Fechar o último livro do Paulo Coelho cujo nome esqueci agora, mas é aquele que fala sobre... sobre o que mesmo?... Bem, fechar o último livro do Saulo Joelho e sair para dar uma volta, ver se encontro um camelô de óculos. Se o encontrar, arranco-lhe da cara o precioso objeto e volto a jato para casa. Pouco importa se não me servirem. Faço qualquer sacrifício, uso até óculos para miopia, mal do qual não sofro (ainda!), para continuar lendo o Fauno Pentelho.

Antes de sair, lembro de pegar meus óculos para distância. Não encontro nenhuma das minhas quatro tesouras, mas corto o barbante com o isqueiro e ponho os óculos no bolso da camisa. Assim que saio do prédio, começa um chuva forte que nem rugir rugira. Como não tenho guarda-chuva há mais de 20 anos, vou em frente, correndo até a marquise do ponto de ônibus. Nem bem cheguei ao abrigo, já surge um buzum lá na curva. Ponho meus óculos para distância, que letreiro de ônibus eu só consigo ler a olho nu quando já não dá mais tempo de o motorista parar. Só então descubro que os óculos que libertei da escravidão ao pé da cama são... os de praia.
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